O que fez em 2016: perdeu terreno em relação a 2015, não desenvolveu bem o carro, cometeu erros de estratégia
O que muda para 2017: projeto ousado e motor mais forte
Meta: brigar com a Mercedes pelo título
“É como se eles estivessem andando em um tabuleiro”, definiu Niki Lauda. “Eles estão blefando, podem ser bem mais rápidos do que vimos nos testes”, aposta Lewis Hamilton. Mesmo deixando os tempos de volta de lado, a impressão geral de quem observou os carros na pista no Circuito da Catalunha é a mesma: a Ferrari vem forte em 2017.
Caso a expectativa se confirme, será um dos casos mais difíceis de explicar dos últimos tempos. Tudo ao redor do time de Maranello apontava para um ano de caos, a começar pelo comando autoritário de Marchionne e pela falta de conhecimento técnico tanto do presidente, quanto do chefe da equipe, Maurizio Arrivabene. Este, por sinal, respirando por aparelhos no cargo após uma série de indisposições com Sebastian Vettel, que, por sua vez, sequer pensava iniciar conversas de renovação.
Entre os engenheiros, também não havia grandes motivos para otimismo: a equipe responsável pelo SF70-H é marcada pela inexperiência, que vai desde o diretor técnico, ligado aos motores, até o chefe de aerodinâmica, vindo diretamente das competições de GT. Falou-se na contribuição de Rory Byrne, mas não é de hoje que o homem que projetou as máquinas imbatíveis do início dos anos 2000 vem prestando consultoria em Maranello.
E não é que, mesmo com tudo isso, a Ferrari um carro interessante e pode se dar bem?
Após o time italiano surpreender com um projeto criativo, algo que não se via há tempos na Ferrari, ficou mais claro que foi a equipe comandada pelo ex-diretor técnico James Allison que criou o modelo conceitualmente. Questões pessoais e desentendimentos em relação à gestão tiraram o britânico de Maranello – e o levaram para a Mercedes, o que tem tudo para ser uma perda que será sentida ao longo do ano.
Problemas à parte, com um sistema complexo de ranhuras tanto na parte de baixo do bico, quanto ao longo ao assoalho, além do sidepod cheio de minientradas de ar que encontrou uma brecha para driblar a indesejável angulação determinada pelo novo regulamento, o SF70-H colocou a Scuderia na vanguarda.
No entanto, os pilotos ainda se queixam do comportamento do carro nas curvas de baixa velocidade, onde a aderência mecânica fala alto. Provavelmente, essa deficiência está ligada à dificuldade da equipe reproduzir o que a Mercedes tem feito com suas suspensões e pode ser o ponto que falta para que o time volte ao caminho que começou a ser trilhado em 2015 e seja aquele que vai desafiar os tricampeões mundiais, além da inexperiência da equipe que vai desenvolver essa máquina.
Pelo menos em termos de pilotos a Ferrari parece estar bem servida. Vettel se mostrou contente com seu “carro aspirina, que resolve tudo” – e um Vettel contente com o equilíbrio do carro é um Vettel veloz.
Mas quem deve sentir mais diferença, diretamente em função das novas regras, é Kimi Raikkonen. Com um carro que gera mais pressão aerodinâmica, o finlandês pode retomar seu estilo de pilotagem, freando e começando a virar ao mesmo tempo. Até o ano passado, Kimi se sentia obrigado a esperar o carro se equilibrar e perdia tempo precioso com isso. Tal como Felipe Massa, tudo indica que o campeão de 2007 vai se sentir praticamente 10 anos mais novo em pleno 2017.
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7 Comments
Onde mais se reconhece a capacidade técnica de uma equipe, sobretudo sob um novo regulamento, é, mais do que na concepção do carro, no seu desenvolvimento ao longo da temporada, corrigindo imperfeições e aprimorando os pontos fortes com base nos novos dados e informações inéditas. Ou seja, fazer amadurecer um projeto ainda verde. E, como agora todos parecem estar acusando o SF70-H de levar o DNA do inglês estupidamente arredado, a inexperiência dos novatos da Ferrari tem tudo para se fazer sentir a partir da fase europeia do campeonato.
Por isso, acho que todo o otimismo criado em torno de Maranello não passa de fogo de palha. Para mim, a Ferrari terá um ano de desempenho declinante (tal como foi ano passado, após a demissão de Alisson) e um 2018 sofrível. Vettel é um piloto de extremos: se o carro é desequilibrado, não é eficiente em extrair desempenho dele; mas se puder contar com uma máquina bem balanceada, pode bater qualquer um. Portanto, é bom que ele não se iluda com este começo promissor de temporada… Ferrari, de um lado, e Mercedes e RB de outro, serão, acredito, vetores em trajetórias opostas. Mas, claro, tudo supondo a validez da premissa de que foi realmente Alisson o idealizador deste novo projeto.
Ju, a Ferrari superou a Mercedes em voltas rápidas? Caso isso tenha realmente acontecido, com os italianos largando na frente com frequência, sera curioso ver o comportamento dos carros da Mercedes, visto que as ultrapassagens este ano pelo visto ficarão complicadas. Quanto ao Kimi, ele tem condições que brigar com Vettel nos long runs? Na pré temporada o alemão pareceu sempre em vantagem.
São duas comparações que ainda não dá para fazer. E a questão do desenvolvimento ao longo do ano será fundamental.
acho q a Ferrari tem um bom carro , mais a mercedes ainda esta a frente…mas próxima semana começamos a ver quem é quem,,,esse ano tem um detalhe importante o desenvolvimento esta liberado e quem começa na frente pode naum terminar na frente como pode sumir e andar sozinha na frente
Julianne, caso a máquina da Ferrari seja essa coca-cola toda, acha que existe a possibilidade de ter uma disputa aberta entre Vettel e Kimi? Seria muito interessante ver um disputa desse tipo na equipe, com Kimi retomando o seu melhor ele é um oponente dificil de ser batido e de muita sorte!
Abraços pros meninos e beijos pras meninas!
Disputa liberada na Ferrari😂😂😂😂😂😂 eu duvido, mesmo a Ferrari não brigando pelo título ela sempre favorece o primeiro piloto, também fica difícil para Kime bater um companheiro oito anos mais jovem, na minha medíocre opinião kime não é nem sombra daquele Kime Raikkoben dos tempos te Mclaren que desafiou Schumacher ou do campeão do mundo de 2007.
Interessante o sistema de ranhuras na parte inferior do chassi — me fez lembrar de uma notícia que li , muito tempo atrás (mais de dez anos) , sobre uns testes que a Lufthansa realizou com dois jatos de passageiros , tinham a fuselagem ‘ tratada ‘ com micro-ranhuras , por toda a superfície , com o objetivo primordial naquele caso , de economia de combustível em longos voos. Lembro que o artigo afirmava terem se inspirada na epiderme de tubarões . Se isso vier a se mostrar interessante poderemos saber mais sobre o funcionamento (e fundamento).