F1 O segredo dos testes - Julianne Cerasoli Skip to content

O segredo dos testes

Início dos testes para mim é hora de fazer um exercício de perspectiva. Quais, afinal, foram as lições aprendidas com o que a pré-temporada mostrou (ou ajudou a esconder) no ano passado? É justo dizer que o pano de fundo era consideravelmente diferente: há 12 meses, as equipes vieram para Barcelona tensas, espiando umas às outras, temendo que alguém tivesse descoberto alguma brecha no regulamento que tinha mudado as dimensões das asas. No final das contas, houve duas interpretações distintas – e elas continuam coexistindo, ainda que de forma menos extrema, até hoje. E ninguém tinha reinventado a roda.

O clima é bem menos tenso neste ano. Afinal, faz mais de 10 anos que não tínhamos tanta continuidade na Fórmula 1: além das regras, os pneus também serão os mesmos do ano passado, algo inédito na era Pirelli. Com isso, as equipes olharam mais para si do que para o lado, fazendo suas próprias lições de casa. Como a Ferrari e seu desgaste acentuado de pneus e a Mercedes e seu arrefecimento.

Por conta disso, é mais provável que saiamos dos testes com um cenário mais claro que ano passado, quando houve alguns sinais falsos. Saí de Barcelona escrevendo que a diferença entre Ferrari e Mercedes parecia pequena, ainda que os alemães garantissem que estavam meio segundo atrás e os italianos não escondessem o sorriso de orelha a orelha. Mas o que acabou acontecendo foi que a tendência observada de um teste para o outro – a Mercedes apareceu com um carro praticamente novo na segunda semana e se mostrou muito mais estável que na primeira – continuou, as dificuldades com os pneus, que não tinham aparecido nos testes devido às temperaturas mais baixas do asfalto, acabaram roubando a cena. E minando o ritmo ferrarista.

O que mais nos enganou nos testes do ano passado? A Red Bull não parecia tão forte quando esteve ao longo da temporada, mas também é verdade que o carro nasceu nervoso e depois foi se acertando. O mesmo aconteceu com a McLaren, na qual eu não colocava nenhuma ficha, mas que acabou sendo um dos grandes destaques do ano. Lembro de perguntar a Lando Norris sobre a dificuldade que ele parecia ter em controlar o carro nas freadas, e ele assegurou que eram apenas experimentos com o acerto do carro. De fato, o time entrou na temporada sabendo bem como explorar ao máximo o potencial do equipamento que tinha em mãos.

Vi a Alfa Romeo muito estável, assim como a Haas. Mas no final das contas isso não significou velocidade. Pelo menos acertei que a Ferrari já era o motor mais potente do grid. Com a Renault também não parecia haver nada fundamentalmente errado, mas quando chegou a hora de ir para a pista, a história foi diferente

No final das contas, a lição que fica das análises de doze meses atrás é de que ter um carro aparentemente nervoso nos testes acabou valendo a pena depois. Foi assim com a Mercedes, que deu muito trabalho para os pilotos especialmente na primeira semana, mas mesmo quando finalmente conseguiu chegar no tempo da Ferrari, no final do segundo teste, o fez sofrendo. E foi assim também com quem acabou levando o “campeonato” da F1B. Que tenha início, então, a caça a pilotos justificando seu salário. Para deixar um teaser para o que vem adiante, enquanto escrevo estas linhas aqui no Circuito da Catalunha, vejo Bottas suar o macacão para manter sua Mercedes na pista…

2 Comments

  1. 2019 1:15’406 GP Pole Position Bottas Mercedes
    2019 1:17’299 P10 Q2 Ricciardo Renault
    2019 1:16’221 Melhor tempo nos testes Vettel Ferrari

    2018 1:16’173 GP Pole Position Hamilton Mercedes
    2018 1:17’182 Melhor tempo nos testes Vettel Ferrari

    2017 1:19’149 GP Pole Position Hamilton Mercedes
    2017 1:18’634 Melhor tempo nos testes Raikkonen Ferrari

    Fiz esse resumo de tempos nos últimos 3 anos de testes em Barcelona. Interessante que em todos os 3 anos a Ferrari fez o melhor tempo nos testes, mas a Mercedes fez a pole.

    E na questão de tempos competitivos acho que o tempo da P10 do Q2 do ano passado pode ser considerado um bom parâmetro. Acho que quem baixar de 1.17.299 pode ser competitivo nesse ano.

  2. Algum comentário sobre o bico da RBR com a cara do macaco Julius?


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