F1 Os jovens, os não tão jovens e a comercialização dos testes - Julianne Cerasoli Skip to content

Os jovens, os não tão jovens e a comercialização dos testes

Apresentando o russo Daniil Kvyat

Pode perguntar para pilotos, chefes de equipe e todas as cabeças pensantes do esporte: é preciso dar mais chances para os jovens talentos andarem antes de jogá-los na fogueira e esperar a próxima leva de Raikkonens, Alonsos, Hamiltons ou Vettels. O mais jovem campeão do mundo – e, de quebra, bi e tri também – pode ser considerado o último dos moicanos, que pôde testar (praticamente) à vontade nos tempos de BWM para estrear com um mínimo de preparo.

Mínimo porque ser piloto de Fórmula 1 não é só sentar no carro. Mesmo quem está fechando o grid na Marussia tem de conviver com níveis de pressão e estresse para os quais é impossível treinar. Isso sem contar nas viagens e compromissos adicionais. Se, no meio de tudo isso, tiver de aprender sistemas do carro e lidar com situações que poderiam ter sido vivenciadas também nos testes, é natural que o talento demore mais a aparecer.

É isso que temos visto nestas últimas levas de pilotos na era pós-restrição de testes na Fórmula 1, aliada a fins de semana absurdamente condensados da GP2 e GP3. Sim, não é apenas na categoria de cima que falta tempo de pista, o que explica a dificuldade de um piloto “chegar chegando” e se manter em alto nível mesmo nas categorias de baixo. Passadas duas, três temporadas, ainda é difícil cravar se o piloto X tem futuro.

A motivação é comercial e compreensível. GP2 e GP3 ganham em visibilidade por acontecerem junto dos finais de semana da Fórmula 1 e são viáveis muito por conta disso. Por outro lado, precisam se adequar aos horários. Os testes de pista também não podem ser liberados como antigamente, pois a brincadeira já não é de grandes montadoras, mas sim, em sua maioria, de empresas mais frágeis.

Em meio a tudo isso, temos os testes originalmente destinados a jovens pilotos, mas depois abertos a titulares – por um dia por equipe. Compreensível também e, fato raro, bastante sensato por parte da FIA, que ao mesmo tempo agradou os times e a Pirelli e não esqueceu dos jovens.

Mas quando vemos aberrações na lista de pilotos, como González, Sato ou Cecotto – isso sem contar os que não são nem jovens, nem titulares, com Prost e Paffett – bate aquele choque de realidade. Se até o atual campeão da GP2 paga milhões por uma vaga que lhe dá o direito de alguns quilômetros de testes e muito trabalho promocional, imagine quem nem deveria chegar perto de um carro desses tendo em vista seu histórico no automobilismo. O dinheiro sempre existiu no automobilismo, mas se antes ele era necessário para os menos gabaritados, agora é condicional para qualquer um.

Claro que nem tudo está perdido. No mesmo line up, temos nomes promissores, como Antonio Felix da Costa, Robin Frijns e até Tio Ellinas, que vem fazendo uma campanha a la Vettel na GP3. Talento existe, só é preciso encontrar uma maneira dele chegar até o topo com menos cheques e mais tempo de pista. Seria sonhar alto demais?

10 Comments

  1. Depois de ver o nome do Cecotto…..não precisamos falar mais nada…sério…daqui a pouco a solução vai ser “limitar” os pilotos pagantes…e “garantir” vagas na F1 para os dois ou três primeiros da GP2….

    Uma solução radical seria criar uma “EQUIPE FIA”, onde os dois primeiros da GP2 teriam vagas garantidas todo o ano…ai teriam pelo menos 1 ano para mostrar talento e impressionar outras equipes…ou até duas equipes, para os pilotos ficarem pelo menos duas temporadas na disputa……

    O limite são 26 carros na pista não é? Então…vaga tem…

  2. Ótimo. Já posso dizer aos meus amigos no bar que esses testes são balela e que tem gente lá como eles, que vão à concessionária fazer um test drive num carro que jamais comprarão, só mesmo pelo prazer do rolê.

    Quanto aos promissores, sei que a lista é exemplificativa, mas olhemos Dani Juncadella. Me causou boas impressões.

  3. Achei curioso o fato do Felipe Nasr não ter sido sequer cogitado nestes testes. Não por ser brasileiro, mas analisando a campanha dele e a boa demonstração de como poupar pneus nessas duas temporadas dele na GP2. E essa necessidade desesperada dos pilotos de acesso para participarem dos testes [pagos e escassos] na F1 soam muito pertubadores para o fortalecimento do corredor.

    • No paddock em Silverstone havia a conversa de que ele estava sendo cogitado para testar pela Toro Rosso, mas ele mesmo não quis comentar sobre o assunto na época.

      • Além dele o Colletti tbm nem apareceu……..

  4. Tá todo mundo lá, menos Filipe Nasr, por que?

  5. Não entendí a sanha contra Gonzalez e Cecotto, 2 Venezuelanos. Não será querer cortar con o mesmo olho que “adora” Maldonado. Ta legal, Gonzalez não tem como ficar no circo, mas Cecotto é um dos pilotos mais bravos da GP2. Dificil de pasar, tem GPs memoraveis como Alemanha o ano passado, é rápido quando tem equipamento e sobressai em pistas travadas. Com um carro bom qualquer medio é fera.
    Por sinal, Maldonado continua sendo um dos caras mais rápidos do Grid da F1, só que com a carroça da Willians não da.

    • Cara, blz? Tem vários argumentos…concordo com o piloto ser “bravo” é legal, combativo mas e ai? Isso ganha corridas? Normalmente não….

      O Trulli na F1 era igualzinho..combativo, mas não passava disso..pelo menos era de uma escola mais prudente e não causava tantos acidentes….agora pega o Cecotto e suas artes na GP2, pega o próprio Maldonado, a fama q ele entrou na F1 já deixou todo mundo com pé atrás….O Grosjean tem fama ainda…..

      O Hamilton no começo veio em uma crescente boa..ai começou a errar muito..melhorou novamente…pq? Tem q ter resultado…O Perez foi outro q se controlou…….

      Não é questão de ser venezuelano…não tem nada a ver com nacionalidade…..os pilotos latinos tem essa tendência de serem muito mais agressivos, pode acontecer com brasileiros também…..mas não é uma regra…

      Cara, quando eu jogo F1 no computador sou assim….ou eu ganho ou eu bato………ahhhahaahhah

    • Amigo Bruz:

      Deixa eu fazer um pequeno reparo no seu comentário: na verdade, Cecotto Jr. é alemão, filho de alemã, nascido em Augsburg, porém tem dupla nacionalidade por causa de seu pai e corre com a licença venezuelana. Dito isto, CONCORDO INTEIRAMENTE com a sua opinião. Cecotto Jr. de jeito algum deve ser comparado a esses nomes que a Julianne alinhou ao lado dele (Julianne, com todo o respeito e apreço que tenho por suas perspicazes análises, permita-me discordar de você neste caso. Cecotto Jr. absolutamente não é um fora-de-série, mas classificá-lo como aberração…). Vamos citar alguns fatos: ele ostenta 2 vitórias em seu currículo na GP 2, e chegou muito jovem àquela categoria. Não podemos subestimar pilotos com vitórias, ainda mais quando não são herdadas e sim obtidas no braço, numa categoria tão competitiva. Cecotto Jr. é rapidíssimo e tem muita habilidade natural, além de correr com a faca nos dentes. Bate? Sim, bate em decorrência de sua impetuosidade. E, ao contrário do que é dito por alguns, pilotos impetuosos e arrojados TAMBÉM CHEGAM, SIM, a grandes resultados. Só para citar dois exemplos: James Hunt – que tinha muita habilidade natural – e Jody Schekter faziam muitas lambanças e batiam muito (quem não se lembra do “strike” – um dos maiores da história da F 1 – que o sul africano provocou no GP da Inglaterra em 1973, ao rodar sozinho?). Ambos foram campeões mundiais. São fatos! E Mansell? O Leão pilotava muitíssimo, mas também batia e é um dos maiores vencedores, além de ter sido campeão mundial. Acho que a má vontade que alguns têm contra Cecotto Jr. aqui no Brasil deve-se ao fato de ele ter tido uns dois entreveros com Felipe Nasr. Incidentes de corrida, que alguns carregam nas tintas. Por falar em Nasr – que tem consistência, sem dúvida – , torço para que ele melhore sua velocidade e obtenha muitas vitórias e poles, e não se transforme em mais um daqueles tediosos pilotos cerebrais, professores, poupadores e bundinhas de veludo para acertar um carro, espécimens que só provocam sono nos verdadeiros aficionados. Calado e Frijns já exibem vitórias, sendo a do holandês em sua primeira temporada, e com autoridade.

      À exceção de corridas de longa distância – como naquelas de 500 milhas constantes do calendário da Fórmula Indy – a mais pura essência do automobilismo de Fórmula DEVE SER A VELOCIDADE, e não a poupança. Sempre digo que o que transforma um piloto em lenda – mais que números e estatísticas – são suas performances épicas e eletrizantes. Vide Tazio Nuvolari, Gilles Villeneuve, Ronnie Peterson e Jochen Rindt, por exemplo. E lendas perpassam os tempos. À distância, no futuro, sempre terão mais valor emocional que meros anuários com estatísticas.

      Forte abraço.


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