Em uma corrida de números redondos, Jenson Button venceu seu 200º GP, enquanto Nico Rosberg andou junto da Ferrari de Felipe Massa durante boa tarde da prova, mas cometeu o erro de colocar intermediários e completou seu 100º GP apenas em nono.
São dois pilotos cujas trajetórias têm muito em comum. Vindos de carreiras vitoriosas nas categorias de base, apoiados por pais pilotos, chegaram com status de futuros campeões mundiais. No entanto, ainda que mostrando competência, demoraram mais tempo do que o normal para desabrochar.
Hoje em dia, Jenson Button pode ter um campeonato mundial no bolso e pilotar pela poderosa McLaren. Porém, quando completou seu 100º GP, no início da temporada de 2006, o inglês não tinha nenhuma vitória. Para alguns, era azarado e certamente se tornaria um grande vencedor quando tivesse um carro à altura. Para outros, simplesmente não tinha a agressividade necessária para tanto.
Não é um cenário muito diferente do que vive Rosberg atualmente. O alemão, que pilotou pela Williams de 2006 a 2009 e está na Mercedes – mesma equipe (BAR/Honda/Brawn), aliás, pela qual Button guiou na maior parte da carreira – desde 2010. Frequentemente melhor que seus companheiros (perdeu apenas para Webber em seu ano de estreia), Nico é um piloto de poucos erros, de corridas corretas. Nas entrevistas, extremamente correto e político, lidando muito bem com o fato de dividir a equipe com uma estrela. Não é um Button?
Jenson viria a vencer sua primeira prova na 113ª largada. Não tinha o melhor carro, mas se aproveitou de uma corrida maluca para tirar esse peso das costas. Suas outras 10 vitórias foram conquistadas apenas de 2009 para cá. Das 11, seis contaram com períodos de chuva. Não se trata de um piloto excepcional no molhado, mas sim que consegue ler bem as condições, raramente sai da pista ou força mais que a situação da pista permite e toma decisões precisas.
Com a conquista na Hungria, igualou Felipe Massa, Rubens Barrichello e Jacques Villeneuve em número de vitórias.
Falando em onze, Button é o 11º em número de largadas e, com as 20 provas por ano prometidas por Bernie Ecclestone a partir de 2012, deve ser cada vez mais comum vermos pilotos em atividade subindo nesta lista, capitaneada por Rubens Barrichello. Ao final do ano, o inglês estará empatado com Andrea De Cesaris em oitavo.
Número de largadas
Piloto | largadas | anos |
Rubens Barrichello | 315 | 1993- |
Michael Schumacher | 279 | 1991-2006, 2010- |
Riccardo Patrese | 256 | 1977-1993 |
David Coulthard | 246 | 1994-2008 |
Jarno Trulli | 244 | 1997- |
Giancarlo Fisichella | 229 | 1996-2009 |
Gerhard Berger | 210 | 1984-1997 |
Andrea de Cesaris | 208 | 1980-1994 |
Nelson Piquet | 204 | 1978-1991 |
Jean Alesi | 201 | 1989-2001 |
Jenson Button | 200 | 2000- |
Já os “colegas” de Rosberg com mais de 100 GPs disputados que estão na ativa são Nick Heidfeld, Fernando Alonso, Mark Webber e Felipe Massa. Além, é claro, dos que estão na listagem acima. Ou seja, mais de metade do grid, incluindo dois campeões mundiais, tem menos de 100 largadas nas costas.
Nico é o 11º piloto com mais largadas sem nunca conquistar uma vitória sequer, em uma lista encabeçada por Andrea De Cesaris, com 208 GPs. Nick Heidfeld é o segundo, com 183. A boa notícia para o piloto da Mercedes é que outros pilotos, além de Button, demoraram mais de 100 corridas para estrear no lugar mais alto do pódio: Webber (130), Barrichello (123), Trulli (119) e Fisichella (110).
Outras marcas redondas foram obtidas por equipes – foi a 100ª corrida da Toro Rosso e a 350ª do time que hoje se chama Force India, mas que já correu como Jordan, Midland e Spyker. Os motores V8, que têm os dias contados, ao menos também comemoraram sua 100ª aparição.
No quesito consistência, a McLaren completou sua 30ª corrida consecutiva com pelo menos um piloto nos pontos e a Ferrari, a 20ª. Fernando Alonso fez 30 anos no final de semana em que vestiu o macacão vermelho pela 30ª vez em uma corrida. E foi terceiro.
Terceiro, aliás, parece ser uma posição “mágica” em Hungaroring, mas após a primeira curva. Nos últimos quatro anos, o piloto que estava na posição após a largada venceu a prova (Kovalainen, Hamilton, Webber e Button).
Felipe Massa fez a volta mais rápida pela segunda vez no ano e a 14ª na carreira, enquanto Fernando Alonso conquistou o 69º pódio e agora só tem Schumacher, Prost e Senna a sua frente no quesito. O brasileiro também quebrou a sequência de 16 derrotas em classificação. A última vez que tinha largado à frente de Alonso fora no GP da Bélgica de 2010.
O sétimo lugar de Paul Di Resta foi a melhor posição de chegada do escocês. O piloto da Force India foi um dos que acertou na estratégia de pit stops e só parou três vezes em uma prova que quebrou o recorde de paradas para troca de pneus, 85. O recorde anterior havia sido batido na Turquia, com 82. Ainda que a degradação tenha causado a maioria dos pits, a marca de Istambul é mais impressionante, por se tratar de uma corrida no seco.
Com mais uma conquista do quinteto Hamilton, Vettel, Webber, Alonso e Button, a safra atual empatou a marca de 34 corridas sem que qualquer piloto que não fosse Clark, Gurney, Graham Hill, Surtees ou Bandini ganhasse uma prova. Mais uma conquista de um dos cinco e eles se isolam em segundo lugar na lista. Precisarão, no entanto, impedir que qualquer “intruso” suba ao lugar mais alto do pódio por mais 18 provas para igualar os campeões no quesito, Piquet, Senna, Prost, Mansell e Berger.
Seguindo os números de Vettel no ano, foi a 23ª pole da carreira do alemão e oitava do ano, lembrando que o recorde de maior número de poles em uma temporada pertence a Nigel Mansell, que fez 14 em 1992. E faltam oito corridas para o final do ano.
A Red Bull por enquanto está imbatível no número de poles. Para bater McLaren (1988 e 1989) e Williams (1992 e 1993), terá de superar 94%, ou seja, fazer 18 de 19. Ano passado foram 15, quinta melhor marca da história.
Números como esses fazem com que 16 dos 24 pilotos do grid já estejam matematicamente fora de combate pelo título. Apenas Webber, Hamilton, Alonso, Button Massa, Rosberg e Heidfeld podem alcançar Vettel. Mas, e realisticamente? O fato é que a pontuação dos demais é compatível ao que fizeram o ano passado – só o alemão passou a converter suas poles em vitórias com mais frequência e está a 22 pontos dos 256 que marcou na temporada de 2010 inteira!
Pontuação após 11 etapas
2010 | 2011 |
Hamilton 157 | Vettel 234 |
Button 143 | Webber 149 |
Webber 136 | Hamilton 146 |
Vettel 136 | Alonso 145 |
Alonso 123 | Button 134 |
Massa 85 | Massa 70 |
Olhando pelo lado positivo da disputa, poderia ser pior: com 12 vitórias nas 13 primeiras provas, Michael Schumacher tinha o equivalente a 300 pontos após o GP da Hungria de 2004.
Outra diferença entre 2010 e 2011 é que Vettel não tem se alternado nas vitórias com o companheiro Webber. Apesar de ser segundo na tabela, o australiano ainda não venceu neste ano. No mesmo estágio no ano passado, já tinha três conquistas, contra duas do alemão.
Aliás, se seguir como vice e sem subir ao lugar mais alto do pódio, Webber iguala os feitos de Giuseppe Farina, em 1952, e Ronnie Peterson, em 1971.
2 Comments
Olá Julianne.
Dados muito interessantes.
Só há um pequeno erro : Schumacher não venceu 13 em 12 em 2004. Ele foi muito bom, mas nem tanto!
Fantástico post! Muito interessantes os dados aqui. Realmente várias estatísticas estranhas mas divertidas estas do GP da Hungria, uma bela prova. Aguardando o post dos ingleses, espanhóis e brasileiros; adoro esse!
Abraços!