F1 Perdidinha - Julianne Cerasoli Skip to content

Perdidinha

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No início, a ideia parecia boa: diminuir significativamente o volume de informações que os engenheiros passam para os pilotos durante a corrida via rádio. Mas os dirigentes da Fórmula 1 – como de costume – só esqueceram de verificar qual o impacto que isso teria na competição. O desgaste causado pela indefinição a respeito da questão dos rádios é mais um reflexo das medidas desesperadas que uma categoria em crise vem tomando para não perder relevância.

O grande problema de se alterar a regra faltando seis etapas para o final do campeonato é que nem todas as equipes possuem o mesmo tipo de volante. Times como Red Bull, Williams, Force India, Lotus e as equipes menores optaram por um visor menor, tendo em vista que o piloto não precisaria visualizar todas as informações, uma vez que poderiam ser instruídos pelos engenheiros. Uma mudança nessa altura do campeonato levaria cerca de 10 semanas e geraria um custo demasiadamente alto quando os orçamentos já estão comprometidos com os carros do ano que vem.

Por outro lado, Mercedes, Ferrari, McLaren, entre outros, optaram por um visor maior, cuja navegação é mais fácil. E é claro que seriam beneficiados com a proibição da ajuda vinda do box. Fora isso, há certas situações, como o superaquecimento dos freios, que não podem ser sentidas pelos pilotos a não ser quando os freios estão bem perto de falhar completamente, o que traz implicações de segurança.

É impressionante que a Federação Internacional de Automobilismo não tenha atentado a questões tão básicas, que as equipes sequer tenham sido consultadas. Não é a primeira vez que isso acontece e o resultado é sempre o mesmo: os espectadores não têm certeza de que tipo de esporte estão assistindo.

E que ninguém pense que a polêmica termina por aí. Perguntado nesta sexta-feira em Cingapura se instruções como a que Lewis Hamilton costuma receber quando a equipe quer que ele force o ritmo – “It’s hammer time” – serão toleradas, uma vez que seria uma interferência na pilotagem, e não no carro, o diretor de provas, Charlie Whiting, titubeou: “Também pode ser entendida como uma instrução para mudar o mapeamento de motor e seria, portanto, técnica e estaria dentro das regras… teremos que estudar direito isso.”

Isso deixa claro que a FIA mexeu tanto no que pode ou não pode que está perdida. É o reflexo de um esporte que, vendo os números de audiência caírem ao redor do mundo, anda sem saber exatamente se quer ser verde, se quer ser um espetáculo ou se quer, ao menos, ser uma competição justa.

4 Comments

  1. É o desespero Ju, que culminou com as arquibancadas vazias do GP da Alemanha. Na pista uma ótima corrida, mais uma entre tantas dessa temporada, mas para as ambições da FOM de Bernie Ecclestone, faltou mais receita. O grupo de trabalho que toma essas decisões estapafúrdias como a do FRIC e agora a do Radio, parece ser composto por pessoas que dão ouvidos aos pilotos dos 60’s e 70’s que ficam buzinando no ouvido desses dirigentes, bradando:

    “Piloto tem que ser piloto!” “No nosso tempo a gente é que tomava as decisões sobre o comportamento do carro, não ficava ouvindo engenheiro, até porque a comunicação era essencialmente via placas!”

    Ok, lindo e maravilhoso, só tem um probleminha, o mundo não ficou parado no século passado e muito menos os carros. A demanda de ajustes que essas novíssimas unidades de potência requerem, torna inviável que o piloto as gerencie de repente no meio da competição em curso, sem auxilio dos engenheiros só por causa de uma canetada inconsequente. Isso sem falar dos freios. Não estamos falando de carros de quarenta, trinta anos atrás.

    Se já é uma tarefa complicada para os engenheiros, o que diremos então para os pilotos? O que eu acho impressionante são pessoas abraçarem essa idéia e proporem inclusive o banimento total do rádio e a volta das placas.

    Espero que aprendam que não se podem tomar decisões demagógicas, “jogando pra galera” sem um mínimo de estudo dos impactos que tais decisões podem vir a ocasionar.

    • Sei não prezado Alex, a Formula E já é uma realidade (dito seja de paso, com vitoria caindo no colo de um brazuka em dramático finale), e pelo que parece, caiu também no gosto mundo fora. Isso faz com a as carambolas energéticas e tecnológicas da F1 sejam dispensaveis.
      Se meteram num beco com tanta informática em corridas chatas que poucos entenden, é uma verdade que esta afugentando os espetadores, e mais profundamente os TVespectadores. Isso ninguém ja duvida. E por isso não cola aquela que já ninguem reclama da falta do ronco dos motores. Simplesmente quém reclamava já deixou de assistir.
      É chato sim ver as bibas chorando para que os companheiros abran paso e saber de tanta indicação do box, até Verstapen com um pirulito na boca vai poder ganhar corridas apenas tendo deixado os videogames na semana anterior.
      Eu quero caras que se virem sosinhos com os equipamentos que colocarem na sua mão. Eu quero ver caixas de cambio reguladas pelos pilotos para cada corrida pela sua sensibilidade e pelo seu estilo. E porque não Alex?? Eu quero ver carros quebrando freios, motor, e resto de jeringonzas para que os engenheiros possam chegar ao ponto de durabilidade e, então a F1 volte a ser o experimento que foi antes que levou tanta novidade e resultados para os carros de rua.
      Eu não gosto dessa gincana pseudoecológica que aparenta ter corridas emocionantes, quando de fundo na realidade é coisa artificial, chata e predecivel, apenas salvadas por lampejos de habilidade mostrada por algum pilotos (Ave Ricciardo, Perez-Button em Monza, Hamilton-Rosberg). Eu quero ver corridas barulhentas, eu quero o basta no radio.
      A F1 continua pelo vicio de alguns e o nome dos pilotos que todos conhecem, mas faz tempo que a GP2 é melhor espectaculo. É só comenzar a conhecer os pilotos que você vai gostar mais também.
      Lastima que em “Singapur” não tem GP2 (Ficou chato este finde).

  2. Oi Ju,

    Eu não consigo entender este amadorismo certas vezes da FIA. Como pode a entidade que rege o campeonato, que está a par de tudo que é instalado nos carros, não ter noção desta diferença de volantes que há nos carros.

    Mais uma vez a entidade perdeu a chance de ficar quieta e pagar mais um mico. Mico, sim, ter que voltar atrás numa canetada que nem chegou a colocar em prática.

    Um abraço e bom trabalho!

  3. É, a FIA pagou um king kong dessa vez.
    Constrangedor ter que voltar atrás após uma medida anunciada com tanto destaque.

    Eu até sou simpático a idéia de deixar as decisões aos pilotos mas faço idéia do quão complexo é o gerenciamento de um carro desses.

    Tentar impor uma mudança dessas à essa altura do campeonato… loucura.


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