O pódio estava amadurecendo para Kimi Raikkonen. Mas muitos imaginaram que suas chances escapariam mais uma vez por um erro estratégico da Lotus quando o finlandês não passou para a última fase da classificação no Bahrein .
Mas Kimi manteve o pé no chão. Consciente de que sua Lotus funcionaria bem no calor de Sakhir e confiante de que os pneus guardados na classificação fariam a diferença, o piloto manteve o otimismo durante todo o final de semana.
Protagonista da mais rápida readaptação à F-1 que vimos nos últimos anos, o piloto que nunca havia corrido com DRS ou os Pirelli até o GP da Austrália foi o grande personagem do final de semana. E bem no seu estilo “let’s wait and see”. Confira como foi o GP do Bahrein para Raikkonen em suas próprias palavras.
Antes mesmo de entrar na pista no Bahrein, onde não tinha um currículo dos mais brilhantes em comparação a outros circuitos – um segundo e um terceiro lugares – Raikkonen se mostrava confiante de que as altas temperaturas favoreceriam a Lotus:
“Deve estar muito quente e nosso carro não gostou do frio quando estivemos na China, então talvez o calor seja melhor para nós. A pista tem um mix de curvas e é muito divertida de se correr. Há oportunidades de ultrapassar, então veremos o que acontece. Um pódio pode ser possível, como acho que era em todas as provas até agora.”
Essas oportunidades de ultrapassar seriam fundamentais para o piloto, que superou, na pista, Massa, Alonso, Button, Webber e Grosjean para subir ao pódio. Mas esta é outra história. Primeiro, era preciso minimizar, por meio do acerto, a degradação dos pneus. Na sexta-feira, Kimi ainda não sabia ao certo qual o melhor caminho.
“A degradação é maior do que nos outros lugares em que estivemos neste ano. Vai ser um pouco complicado mas é o mesmo para todos. Claro que o pneu macio é mais rápido em uma volta, mas para a corrida não sei, temos de estudar.”
No sábado, decidiu que dar o máximo de voltas com um jogo de pneus macios faria a diferença e optou por apenas uma tentativa no Q2 – mesmo que isso custasse, como de fato ocorreu, uma vaga no Q3.
“Há duas maneiras de encarar o final de semana. Claro que é melhor se classificar mais à frente, mas espero que privilegiar a corrida nos dê um resultado melhor. Mas não sabemos se vai funcionar.”
Funcionou. O pneu novo serviu para equalizar de certa forma a vantagem que Vettel tinha por largar na ponta e escapar com tranquilidade: o alemão tinha pneus usados na classificação, mas conseguiu poupá-los por não disputar posições no início. Já o finlandês teve de remar no meio do pelotão, mas como tinha borracha nova, conseguiu alongar seu primeiro stint até a volta 11, a exemplo do líder. Assim, colocava-se praticamente em iguais condições na luta pela vitória.
É claro que o tempo perdido no início e na briga com Grosjean atrapalhou – num mundo ideal, voltaria do primeiro pit já em segundo, mas retornou em quarto – mas foi o bastante para lhe dar uma chance de vencer. Chance essa que fez com que o segundo lugar tivesse um gosto meio amargo na boca do piloto.
“Tivemos uma chance e é desapontador que não tenha conseguido, mas perdi muito tempo no início da prova e isso atrapalhou no final. Fui ultrapassado por uma Ferrari e perdi tempo para recuperar a posição. Sem essa demora no início acho que poderia ter vencido.”
Decepção à parte, Raikkonen não perdeu a chance de responder aos críticos, que haviam questionado tanto a decisão de insistir nas duas paradas na China, o que realmente o fez cair de segundo para fora da zona de pontos na ocasião, quanto a estratégia da classificação barenita.
“Na última prova, a estratégia não deu certo e algumas pessoas acharam que o que a gente fez no treino de ontem foi estúpido, mas a decisão foi certa e o pódio é a prova. Temos trabalhado duro desde o início da temporada, mas os finais de semana não estavam saindo como planejado até agora.”
9 Comments
Julianne,parabéns pelas analises tecnicas das provas.Gostaria de saber como foi possível,a resistencia dos dois compostos serem tão parecidas,sendo que na primeira parada do kimi (12 voltas) ele colocou também pneus macios e foi ate a volta 24 e o Vetel com os “duros”,no segundo stint,parou na 25,e não esquecendo que o finlandes teve sempre muito mais trabalho do que o alemão.
Outra coisa,Lito cavalcante disse que o Kimi tinha disponível dois jogos de macios para a prova.Se a informação é correta,ele não deveria ter utilizado,no segundo stint,o outro jogo de macios ou ele já largou com um jogo de borracha macia nova?Agradeço se voce me explicar.
Ele usou macios novos nos dois primeiros stints, até por isso permaneceu andando bem por bastante tempo. A Lotus mostrou com ambos os pilotos estar bem melhor com macios que as outras equipes – quando Raikkonen e Grosjean estavam com pneus diferentes, a diferença entre ambos em algumas voltas superava 1s. Vou falar mais profundamente sobre a corrida de Kimi e também outra ótima performance, de Di Resta, no post de estratégia, na quarta.
Deve ter sido difícil garimpar as frases do Kimi, pois taí um cara de poucas palavras. Rsrsrs…
Pelo menos os dois anos sabáticos parecem não ter atrapalhado a performance do Kimi, ao contrário do Schummy que até agora ainda não conseguiu emplacar um resultado convincente, com um carro aparentemente superior.
Ju,
No começo da corrida a Ferrari pareceu ter um ritmo até razoável mas depois perdeu o fôlego. Será que eles começaram a entender melhor o carro ou fizeram algum upgrade, ou foi mesmo efeito do clima? Até mesmo o Massa pareceu no meio da corrida ter um ritmo melhor que o Alonso, mas evitou atacar o nº1 e infelizmente não veio a instrução dos boxes para o Alonso dizendo que o ” Massa estava em uma estratégia diferente ” quando estava com pneus macios e o espanhol com médios.
Abs.
Sinceramente, acho que isso de dizer que ele é caladão é mais propaganda. Ele não demonstra emoção efusivamente, o que é outra coisa. Como sempre acompanho as entrevistas de todos, posso dizer que Hamilton e Perez são bem menos falantes que ele!
A impressão que ficou é que a Ferrari não andou bem com os médios, por isso começaram melhor e foram caindo – a estratégia do Alonso para o fim de semana, por exemplo, era gastar todos os macios na classificação e ter 3 médios novos, mas o rendimento ruim no domingo (a temperatura caiu quase 10ºC do sábado para o domingo, o que talvez explique isso) com os médios minou sua corrida. Massa disse que não tinha ritmo para atacar, mas naquele momento (Alonso de médios e Felipe de macios) realmente o ritmo deles ficou bem igualado.
Na segunda e na terceira parada do Kimi ele usou os pneus duros.Somente na primeira ele usou os macios.
Dados da Pirelli: SN SN (11) MN (24) MN (39)
Raikkonen no texto e Di Resta nos comentários. Não preciso dizer mais nada!
Ju, acho que vc faria bonito como estrategista da Ferrari! rs
Raikkonen no texto e Di Resta nos comentários. Não preciso dizer mais nada!
Ju, acho que vc faria bonito como estrategista da Ferrari! rs
Ju, vendo seu post, me lembrei da choradeira de Shumacher sobre a “fragilidade” dos Pirelli. Ora, o bom piloto se adapta à disputa, e esses Pirelli cobram dos pilotos outra característica, que é correr e pensar a corrida. Dessa forma, acelerar loucamente como acontecia com os Bridgestone, é passado. Me lembro de Prost e sua capacidade infinita de cuidar do equipamento e dos pneus, e nem por isso era lento, portanto essa conversa de pneus que estragam a velocidade, é balela. O bom desses pneus, é que dão a chance de carros inferiores bater carros mais rápidos, algo que esporadicamente acontecia com os Bridgestone. Adaptabilidade é a palavra chave desses Pirelli. O piloto tem que ser um camaleão!