F1 Picante - Julianne Cerasoli Skip to content

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É difícil explicar o que a Fórmula 1 experientou em seu retorno ao México. Em meio a mais uma de suas eternas crises de identidade e questionando sua própria relevância, a categoria foi surpreendida com uma recepção simplesmente exuberante. Mas infelizmente não conseguiu corresponder na pista às expectativas.

Antes da prova, os engenheiros previam grandes dificuldades com a refrigeração e os pilotos temiam a falta de aderência. No final das contas, nem a Mercedes, que costuma sofrer com a temperatura dos freios, teve de adotar qualquer medida fora do comum e a rapidez do emborrachamento fez com que o festival de acidentes também ficasse só na promessa.

Ou pelo menos para a maioria. Sebastian Vettel teve uma tarde irreconhecível, enquanto Kimi Raikkonen cometeu mais um de seus recentes erros de cálculo na disputa com Bottas, fazendo com que a Ferrari abandonasse com ambos os carros pela primeira vez em quase 10 anos.

Também foi desapontadora a falta de briga efetiva pela vitória. Com as Ferrari, que pareciam ter o melhor ritmo de corrida, se perdendo e a Red Bull não confirmando o que se esperava depois do bom rendimento nos treinos livres, Rosberg e Hamilton puderam ditar o ritmo que quiseram. E, a exemplo das corridas em que Hamilton saiu da pole e terminou a primeira volta como líder, não houve muito o que o inglês pudesse fazer contra a Mercedes que estava à frente. Isso só comprova a tese de que o grande pulo do gato que Lewis deu neste ano para abrir uma vantagem tão significativa em relação a Rosberg foi na classificação. E nas largadas, claro, como ficara comprovado nas últimas três provas em que Rosberg tinha saído na pole, mas não tinha convertido essa vantagem em vitória. O fato do alemão ter voltado a superar Hamilton em classificações nas últimas provas não deixa de ser uma injeção de ânimo para que piloto se reinvente na próxima temporada.

Para a Williams, superar as Red Bull com pelo menos um carro foi recebido como uma vitória. Afinal, a expectativa é de que o circuito do México fosse o mais complicado para o time na briga pelo terceiro lugar no mundial. Isso porque foram usadas as configurações máximas de pressão aerodinâmica devido aos efeitos da altitude, e nas outras provas em que isso aconteceu, em Mônaco e na Hungria, a distância para a Red Bull foi muito maior. Outra boa notícia para o time de Grove foi o acerto na estratégia – e em uma estratégia arriscadíssima para seus padrões. A ideia era parar os dois carros antes da décima volta, já que o rendimento com o pneu macio não era bom, e fazer o resto da corrida com um jogo de pneus médios. Se daria certo no final sem o Safety Car, é impossível dizer, mas é fato que o time também levou a previsão de grande possibilidade de SC em conta na hora de arriscar. A tática só não funcionou com ambos os pilotos porque Massa acabou desgastando mais os pneus médios. No caso dele, certamente seria difícil chegar até o final sem a paralização.

Coube a Bottas, então, fazer parte da festa do pódio mais cenográfica da temporada. Para ajudar as disputas, talvez caiba fazer, para o futuro, alterações no traçado que o deixe menos travado no segundo e terceiro setores e permitam que os carros se sigam mais de perto, fator apontado como a grande explicação para a corrida morna. Mas no pódio dentro do estádio e no espírito da corrida, ninguém mexe.

5 Comments

  1. Após garantir o título na prova passada, essa foi a primeira vez na seqüência de 4 poles de Rosberg que Hamilton não o ameaçou em nenhum momento. Os torcedores do Vettel teriam do que reclamar se o alemão da Ferrari não colaborasse tubos pela perda da vice liderança, ao fazer uma das piores corridas da carreira. De resto, uma corrida sem muita graça onde, só pra trollar eu e o AUCAM, o RuimQuemBerg chegou na frente do Sergio Perez.

  2. Corrida em 150 tons de enfado. Falta de pimenta no México é um fato muito sério. A pista de asfalto escorregadio prometia muito e não entregou. Até Verstappen não brilhou tanto assim.. Hamilton apático, totalmente sem apetite. Vettel literalmente em dia de Maldonado, simplesmente irreconhecível. Kimi definitivamente aguardando apenas o aviso do INSS. Alonso, cada vez mais inspirado, já é forte candidato ao Prêmio Nobel de sarcasmo. Ao que parece, os maiores problemas de Nasr estão no acelerador.

    Corridaça de Kvyat, na frente de Ricciardo na corrida e na tabela do campeonato. Como o russo não dispõe de um motor Mercedes, para mim foi ele o STAR OF THE RACE, e não o Bottas.

    Parabéns a Nico Rosberg. Foi dos poucos que se salvaram. Concordo com o que sempre diz o POWER por aqui: Nico não é fraco como muitos dizem, e ontem provou isso com velocidade.

    TRAMARIM: mais um belo sétimo lugar para a incrível coleção de posições intermediárias do “incrível” Hulk. Daqui a pouco, não será mais possível usar um ábaco para contá-las.

  3. Em verdade Aucam, sobra na F-1 atual muita pirotecnia e pouca ação na pista, afinal são muitos DRSs, rádios abertos, muitos estádios no lugar de curvas de verdade, muitos hotéis que mudam de cor chamando mais atenção que a pista, e dentro da pista uma categoria muda! Na real, GP do México sem peraltade é uma corrida pela metade!

    • Pois é, Wagner. E não foi apenas a Peraltada a sacrificada. O antigo traçado de Interlagos era bem mais seletivo que o atual: a Curva do Sol, por exemplo – muito longa – e que era feita toda em tangência constante por carros de baixa potência, a partir da SuperVê 1.600 já exigia mais de uma tangência, exigindo uma pilotagem a um só tempo mais audaz e refinada; ela levava em sua saída à uma pequena reta em descida que desembocava na Curva do Sargento, a qual exigia uma forte frenagem na entrada e que se despejasse o caldeirão na saída.

      O traçado antigo de Interlagos era uma coleção de curvas e retas que mostrava quem era quem, tanto que no fim das contas acabava até por construir distâncias além do razoável entre os competidores, que resultavam em dispersão do pelotão, o que era ruim do ponto de vista do espetáculo, mas que mostrava CLARAMENTE aos espectadores mais atentos e conhecedores quem REALMENTE tinha talento, pelas linhas de trajetória descritas e pelo arrojo que os melhores naturalmente mostravam. Sinceramente, não gostei desse traçado modificado de Interlagos. Pelo menos, a Curva 1 foi mexida, mas continuou difícil e palco de grandes lances.

  4. Corrida morna. Achei que com o título ganho, Hamilton iria partir cada vez mais pra cima do Rosberg. Queria ver o bicho pegar, mas pelo visto o vice de pilotos também é importante pra Mercedes.


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