Quando se fala em alguma fornecedora de motores com problemas na Fórmula 1, logo se pensa na Honda, que vem sofrendo no ano em que faz sua estreia com os propulsores turbo híbridos V6. Porém, a grande candidata a ser a primeira a sofrer uma punição por utilizar o quinto motor na temporada – mesmo que ainda estejamos na sexta etapa do mundial – é a Renault.
Os franceses fornecem motores para apenas duas equipes no grid: a Red Bull e Toro Rosso. Dos quatro pilotos, três estão usando a quarta e última unidade que têm à disposição. São eles Daniel Ricciardo, Daniil Kvyat, Max Verstappen. Apenas Carlos Sainz não está pendurado, ainda que esteja em seu terceiro motor de combustão.
Além do risco iminente de serem punidos – a cada troca de motor a partir da quarta, o piloto automaticamente perde 10 posições no grid – os pilotos da Renault convivem com outro problema: para efetuar atualizações no motor, a montadora tem que homologar uma nova unidade, o que significa, no caso de quem está pendurado, levar uma punição.
Trata-se de uma falha grande dos franceses – o que, aliás, não vem sendo novidade nos últimos anos. Ainda que seja justo dizer que o trabalho da Renault foi decisivo para fazer com que o difusor soprado, fundamental para o tetracampeonato da Red Bull, funcionasse da melhor forma possível, a montadora vem acumulando apostas erradas nos últimos oito anos.
Imagine que, desde os tempos do bicampeonato da equipe Renault, o comando da montadora não via com bons olhos a gastança na Fórmula 1 e tentava fazer o máximo com o mínimo de investimento. E essa política foi se ampliando nos últimos anos. E isso não combina muito com a Fórmula 1.
Os primeiros problemas começaram a aparecer em 2008, quando a Renault ficou para trás e ganhou o direito de atualizar seus motores, mesmo com a tecnologia congelada. Com a equipe tendo perdido terreno com o fim da guerra de pneus, seus dirigentes até tentaram a artimanha de Cingapura para tentar convencer a cúpula de que o time ainda poderia vencer.
Mesmo vencendo com a Red Bull, a Renault foi quem mais forçou para que a Fórmula 1 mudasse sua tecnologia de motores. Quando a alteração foi feita, ano passado, contudo, foi quem mais sofreu. 2014 ainda foi salvo pelas três vitórias de Ricciardo e o segundo lugar entre os construtores, mas a falta de potência e confiabilidade já eram evidentes. Quando a Red Bull não fez um carro tão competitivo, tornaram-se gritantes. E lá vai a Renault pedir uma nova equitação. E ameaçar uma saída.
A própria estratégia da montadora neste ano está se mostrando equivocada. Tendo direito a 32 tokens para resolver os problemas do ano passado, os franceses foram os que menos usaram (20). Agora, cada vez que fizerem uma adaptação (pelo menos no caso da dupla da Red Bull e de Verstappen), terão de pagar uma punição.
A Renault consegue estar em uma situação pior do que a McLaren-Honda em termos de uso de unidades de potência – Fernando Alonso e Jenson Button usaram três motores cada. No restante do grid, os pilotos que usam motores Ferrari e Mercedes estão mais tranquilos, entre o primeiro (no caso de Rosberg e as duplas de Williams e Lotus) e o segundo motor.
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