Nesse estágio em que as grandes equipes ainda não buscaram a performance pura, o mais interessante dos treinos está longe da tabela final de tempos. Afinal, certamente não veremos a Williams colocando 1s7 na Red Bull na primeira corrida no Bahrein (se a F1 for mesmo ao Bahrein, mas essa é outra história). A grande manchete desses ensaios tem sido a diferença de tempos entre a 1ª e a última voltas de uma mesma saída.
Essa diferença de tempo é o chamado drop off, que determina a degradação dos pneus. Numa situação de corrida, começando com o tanque cheio, é normal que o tempo caia à medida que o peso do combustível é eliminado, e que ele suba devido ao desgaste dos pneus. A tendência é que a diminuição do peso tenha uma ação maior, ou seja, que os tempos de volta caiam lentamente até determinado ponto em que a degradação é tão forte que eles se estabilizam. Até o ano passado, era por esse momento de estagnação nos tempos que as equipes esperavam para fazer suas paradas.
Com os pneus Pirelli, tudo indica que a história será diferente. Assim como ocorria na época da Bridgestone, serão 4 tipos de pneus (duro, médio, macio e super macio). A diferença entre eles é simples de entender: quanto mais rígido, mais durável e lento. Agora, a diferença entre a borracha fornecida pelos japoneses e a dos italianos promete dar muita dor de cabeça para os estrategistas – e proporcionar corridas cheias de alternativas.
São levados apenas 2 tipos para cada corrida e, salvo algum caso especial, as combinações possíveis são duro-macio e médio-super macio. As equipes não costumam divulgar com qual pneu estão testando mas, ao que parece, a diferença entre super macio e médio seria de 1s3 em média (isso depende, e muito, do carro e do estilo de pilotagem), e do macio para o duro, 2s2. Muito provavelmente, tendo em vista que um pitstop demora cerca de 25s, dependendo da pista, a hora em que vai compensar perder o tempo de trocar os pneus que continuar rodando lento na pista vai chegar muito antes do que com os Bridgestone.
Por isso, estamos vendo drop offs altíssimos nos testes até agora. Tomando como exemplo a saída em que Barrichello fez o melhor tempo em Jerez: depois de rodar na casa do 1min19 na 1ª volta, terminou sua saída, 7 voltas depois, andando 3s mais lento. Quando calçou os pneus duros, rodou por 25 voltas, com um drop off de apenas 2s. A Mercedes de Schumacher apresentou um quadro semelhante. O que estamos vendo até agora é que os carros mais equilibrados têm uma queda menor no rendimento: Vettel perdeu cerca de 1s em ritmo num stint de 11 voltas, enquanto Alonso fez 19 voltas, com perda de 1.2s entre as primeiras e as últimas.
Nesse quadro do F1 Fanatic, que leva em conta os stints de Schumacher, Alonso e Vettel feitos na tarde de sábado, dia em que as condições de pista mais se assemelhavam com um dia de corrida (temperatura de pista em 33ºC) é possível ver como Ferrari e Red Bull (provavelmente mais leve) mantêm uma linha com menor variação de tempos que a Mercedes.
De qualquer maneira, o espanhol disse que eles não estão conseguindo fazer mais de 40 voltas no mesmo pneu, o que confirma a tese de que serão necessárias ao menos 2 paradas.
Para a próxima bateria de testes, em Barcelona (pista comedora de pneus dianteiros esquerdos, especialmente), a Pirelli vai levar um novo super macio. Parece que é o composto mais rápido e menos durável que tem preocupado as equipes. Tanto, que os italianos confirmaram hoje que não vão arriscar: levarão os compostos duros e macios para as primeiras quatro provas (Bahrein, Austrália, Malásia e China).
2 Comments
Hehe, vc é mt esperta, não gosta de perder mesmo, não é? Pneus x ATM é pegar vaquinha atolada, onde já se viu. Era tudo que queríamos, mexer na parte mecânica, bingo!!! Mais natural impossível. Para o bem da disputa, torço para que já tenham dado entrada nos papéis de aposentadoria da ATM. Já vai tarde.
Está parecendo quase uma volta aos anos 80, quando havia pneus de classificação com desempenho altíssimo e durabilidade de apenas 2 voltas. A diferença que o pessoal agora terá de largar com o pneus de classificação.
Será a oportunidade – tomara – de vermos reações em corridas que Mansell adorava fazer. Algo como Silverstone’87 e Mõnaco’92.