Pouco a pouco temos algumas dicas sobre os novos pneus Pirelli. Hoje, o diretor de automobilismo da empresa, Paul Hembery, afirmou que a tentativa é fabricar um pneu cuja degradação provoque “pelo menos” 2 pitstops durante as provas. “Queremos melhorar o show, mas temos que ser realistas. Este é nosso primeiro ano e há pistas em que não podemos testar, como os circuitos de rua e os novos”.
O discurso não poderia ser melhor. E a informação que vem dos testes que as equipes fizeram em Abu Dhabi em novembro confirma, de certa forma, a declaração de Hembery. Embora os compostos da Pirelli não apresentem uma degradação muito mais dramática em relação aos Bridgestone, o tipo mais macio não tem a mesma tendência de seu antecessor de recuperar a performance depois de algumas voltas de queda de rendimento, o que permitia longos stints.
Outra característica apontada pelas equipes é a tendência do pneu dar estabilidade à parte dianteira do carro, fazendo com que a traseira escorregue. É justamente o contrário do comportamento que os Bridgestone, com a diferença entre a largura dos dianteiros e traseiros, tinha ano passado. É, também, a notícia que pilotos como Massa e Schumacher esperavam, embora a interação entre pneu e carro interfira bastante.
A Ferrari, por exemplo, optou por construir em 2010 um carro voltado para cuidar bem da borracha e ganhar corridas, e não treinos classificatórios. Não coincidentemente, o F10 custava a aquecer os pneus. Faz sentido imaginar que os italianos tentem um maior equilíbrio para o bólido de 2011, mas o ritmo de corrida continua sendo a prioridade.
Já o engenheiro da McLaren, Paddy Lowe, apontou a deficiência em saída de curva, que teoricamente seria compensada por um KERS eficiente. Quem não o tiver, se confirmada essa tendência, deve sair bastante prejudicado.
Além de parecer disposta a ser uma ferramenta de melhoria do show, a Pirelli também parece comprometida a acertar a mão. O diretor da marca ainda revelou que há um acordo verbal com as equipes para que as sextas-feiras sejam utilizadas para o teste de novos compostos. É lógico que isso só sairá do papel se todos se disponibilizarem.
É fácil entender como um pneu menos durável pode resultar em uma grande corrida. O GP do Canadá foi um exemplo claro do que uma borracha que esfarela pode fazer pela F1, sem qualquer dispositivo mirabolante para gerar emoção. Esperando que o pneu macio não durasse mais que 10 voltas, a Red Bull inclusive fez a classificação com os duros. Não é simplesmente provocar a necessidade de duas paradas que vai ajudar no espetáculo, mas sim ter compostos com características tão distintas que dão a possibilidade de abrir o leque das estratégias. Isso gera não a ultrapassagem pela ultrapassagem, mas sim uma corrida com alternativas de verdade.
6 Comments
Isso vai de encontro com um post que escrevi ontem, quem souber poupar os pneus terá, nesse ponto, uma boa vantagem sobre os demais. Quem sabe até fazer uma parada a menos.
Button pode se dar bem com isso.
Por um lado, sim. Mas pensando no que aconteceu na Austrália, por exemplo, com o Alonso de pneu velho segurando o Hamilton e o Webber bem mais rápidos, isso não vai acontecer por causa da maldita asa!
Ótima notícia, não queremos “ultrapassagem pela ultrapassagem”. Se tivermos mais corridas como a do Canadá neste ano, acho que vão parar de inventar mecanismos artificiais para ultrapassagem, como as asas traseiras móveis.
Estaria mais tranquilo para 2011, se não fosse as asas móveis (espero que as equipes votem contra). O desgaste diferenciado, aliado ao kers, parecem ser as cerejas que faltavam no bolo. Torço sinceramente que exterminem essas asas móveis, afinal não é apenas a ultrapassagem que faz a beleza da disputa. Basta lembrarmos de vários pegas como Hulkenberg/Webber, em Monza; Alonso/Vettel, em Cingapura; Kobayashi/contra todos, em Valência; Petrov/Alonso, em Abu Dhabi, ou seja, é digno de elogios, o piloto que sabe defender sua posição. Se depender dos pneus, 2011 será melhor. Senhores do conselho, deixem “Mário Kart”, apenas para o vídeo game.
Teremos Shummacher de volta com suas voltas rápidas antes de entrar no pit?…duas paradas permitem que Ross monte estratégias assim para Shummi! Claro que sem o reabastecimento o gap é menor!
Isso já aconteceu nesse ano, tivemos algumas posições ganhas dessa maneira (de cabeça, me lembro de Vettel em cima de Hamilton na Turquia e, é claro, Alonso batendo Button pela liderança em Monza). Com 2 paradas, só aumenta a possibilidade disso ser decisivo.
Não sei vocês, mas gosto bastante de pilotos que fazem dessas “voltas voadoras” uma arte. Para mim, vale como uma ultrapassagem na pista.