Muito se fala dos pilotos na Fórmula 1, mas os engenheiros de um time de F1 que estão no pitwall (ou não) das equipes também têm seu ar de protagonismo.
Muitos deles são engenheiros, cada um cuidando de uma área do carro, da unidade de potência, da estratégia, e se certificando de que o piloto está chegando o mais próximo possível de seu potencial máximo.
E, dentre os engenheiros, há um grupo bem reduzido que faz a operação de pista e que muitas vezes são aquele elo fundamental que vai determinar uma vitória ou uma derrota. Cabe a eles decisões tomadas sob muita pressão e sem o tempo necessário para analisar todos os dados.

Engana-se quem pensa que um time de F1 tem muitos engenheiros na pista. Na verdade, a maioria trabalha na fábrica, e 15 a 20 fazem parte da operação de pista. Mas quem são esses, em quantos são e quais suas funções?
Os engenheiros mais “famosos” durante as corridas são os de pista: eles já fazem parte da transmissão, adicionando uma camada de compreensão da corrida que não teríamos não fossem eles. Mas eles são a ponta do iceberg de uma equipe que analisa os dados em parte nos caminhões das equipes dentro da pista e em parte nas fábricas.
E há também os chefes das equipes, que muitas vezes têm papel mais administivo/midiático e não colocam tanto a mão na massa durante a corrida em si.
O chefe de equipe de F1
Cada equipe é organizada de uma maneira, dependendo muitas vezes do perfil dos profissionais. Na McLaren, por exemplo, a parte administrativa/comercial fica nas mãos do CEO Zak Brown para que o chefe de equipe, Andrea Stella, que é um engenheiro, foque na parte técnica do andamento da equipe.
Na Mercedes, Toto Wolff é um empresário e é acionista do time, então sua função é mais administrativa e de se certificar que cada pessoa esteja na posição em que rende melhor. Além disso, ele faz a ponte entre os outros acionistas.
Chefes mais “tradicionais”, sem serem acionistas, são Christian Horner e Fred Vasseur, por exemplo. Eles representam suas equipes nas reuniões, têm um papel político, além de representarem as equipes perante a mídia.
Diretor técnico
Há equipes, como a McLaren, que têm vários diretores técnicos, cada um focando em uma área específica (aerodinâmica, operacional, engenharia, etc), e em outras há a centralização da direção técnica em uma pessoa (a Mercedes tem James Allison, a Red Bull tem Pierre Waché). Na Aston Martin, há inclusive uma subdivisão entre fábrica e pista.
Esses diretores técnicos vão trabalhar mais na direção a ser tomada como um todo do que em decisões durante a corrida, e sua presença na pista não é obrigatória. Mas isso também depende da maneira como cada time é organizado.
Diretor esportivo
É a pessoa que vai ter o maior conhecimento possível do regulamento esportivo e vai tomar decisões que podem fazer um time ter uma sacada incrível usando esse conhecimento do regulamento, ou ter problemas com os comissários. Eles têm que se certificar de que todos os procedimentos estão sendo seguidos. Quando isso não acontece, são eles que vão representar as equipes na sala dos comissários.
Diretor de engenharia de pista
Este profissional vai fazer a ponte com a fábrica para que a melhor informação possível chegue a todos os cantos (do retorno técnico dos pilotos às simulações feitas na fábrica). Ele também fica encarregado de fazer o trânsito de informações de um carro para o outro. Uma boa atuação do chefe de engenharia de pista é vista, por exemplo, quando um carro começa mal nos treinos livres de sexta-feira e se recupera. Isso indica uma boa coordenação do trabalho feito na pista e na fábrica para encontrar soluções.
Estrategista-chefe
Ao contrário do que muitos imaginam, as decisões estratégicas não ficam a cargo apenas de uma pessoa. Existe uma equipe de estratégia (maior ou menor, dependendo da equipe) que interpreta em tempo real uma série de informações calculadas por seus sistemas, que buscam prever o desgaste de pneus de seus pilotos e dos adversários, cruzando com condições climáticas e as possibilidades de táticas adotadas pelos rivais.
No pitwall, estará o chefe de estratégia ou (como era o caso da Red Bull até Will Courtenay ir para a McLaren no final de 2024), chefes de estratégia. É importante que algum responsável pela estratégia esteja ali para saber fisicamente como está a condição climática. Essa pessoa vai ser abastecida com toda a informação da equipe e vai dar a instrução final.
O que cada engenheiro da F1 faz na equipe?
Esses são os chefes. Mas cada piloto terá uma equipe dedicada a ele, incluindo outros personagens famosos: os engenheiros de pista, como Gianpiero Lambiase e Bono.
O engenheiro de pista vai tentar munir o piloto de todas as informações que são importantes para ele andar bem durante a corrida, assim como será o elo de ligação entre a equipe e o piloto.
Já o engenheiro de performance é aquele que vai se debruçar sobre os dados de telemetria, ajudando o piloto a encontrar mais performance por meio do acerto e da pilotagem. Ele também fica de olho em possíveis mudanças de diferencial e equilíbrio de freio, reportando diretamente ao engenheiro de pista que, por sua vez, passa as informações para o piloto.
O engenheiro de controles vai focar do câmbio até as configurações do volante. Cabe a ele também analisar os dados dos ensaios de largada que os pilotos fizerem ao longo do final de semana para encontrar o ajuste ideal. E os engenheiros de performance e sistemas do motor têm função complementar: um cuida para que esteja sendo extraído o máximo do motor e o outro fica a cargo de garantir a confiabilidade.
Trabalhando nos escritórios da equipe na pista, mas fora do que vemos na garagem, estão os engenheiros que ficam mais ligados em questões da unidade de potência. E eles são bem definidos: há o engenheiro de controles, de performance do motor e de sistemas do motor.
Pitwall x ilha
Há uma variação grande na quantidade de pessoas que cada equipe tem em seu pitwall. A Haas tem o menor número possível, três na avaliação deles, até para economizar no transporte (a economia seria de 250 mil dólares por ano). Outras equipes, como a Red Bull e Aston Martin, têm sete cadeiras disponíveis. Todos os diretores ficam ali, além dos engenheiros de pista.
Mas isso não ocorre na Mercedes. Eles vão para a garagem, em uma “ilha” que divide as duas garagens. Lá estão, o engenheiro de pista, e o engenheiro de performance de cada piloto. E também um engenheiro especializado em pneus, que cuida de ambos os carros. Outras equipes passaram a copiar esse estilo de trabalho com as ilhas, como McLaren, Williams e Sauber.
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