“Presidente, é um desastre”. O telefonema de Felipe Massa para o manda-chuva da Ferrari, Luca di Montezemolo, após andar pela primeira vez com o carro da Ferrari em 2012, era a pior notícia possível para a equipe italiana. Depois de um 2011 embaraçoso, com apenas uma vitória, o time arriscara no carro do ano seguinte, mas a aposta não surtiu o efeito esperado.
Doze meses depois, o telefonema do mesmo Massa, mais uma vez o primeiro a testar o modelo novo, deve ter sido muito mais animador. “Ano passado eu me recordo que o carro era muito instável, difícil de manter na pista, mas a base deste modelo é completamente diferente. Senti que estamos em uma boa direção com a parte traseira, com boa tração. E essa é uma pista muito difícil para a traseira, a degradação é muito alta. Em comparação ao ano passado, os carros estão em planetas diferentes”, sentenciou o brasileiro após o primeiro dia a bordo do F138, em Jerez, na Espanha.
A evolução era esperada, uma vez que as regras pouco mudaram de 2012 para cá e o carro do ano passado da Scuderia evoluiu bastante durante a temporada, permitindo que Fernando Alonso lutasse pelo título até o último GP. Mas como um piloto sabe logo de cara que um carro é bom ou uma verdadeira negação?
Os tempos dos primeiros testes da pré-temporada não costumam indicar muita coisa. Afinal, cada equipe tem um programa de desenvolvimento e fica difícil comparar. Mas um piloto experiente consegue identificar em poucas voltas quais as deficiências do carro: se ele é muito instável em freada, se precisa esperar muito para retomar o pé no acelerador após as curvas, enfim, se gera confiança suficiente para que ele ataque as curvas ao invés de perder tempo corrigindo dianteira e/ou traseira.
Os pilotos levam, então, seu diagnóstico aos engenheiros que, munidos também dos dados de um sem-número de sensores de telemetria, definem a direção do trabalho. E da mesma forma que Massa, Raikkonen já disse que sua Lotus é um passo adiante em relação ao bom carro de 2012, Button se mostrou feliz e Perez ficou impressionado com a diferença dessa McLaren para sua Sauber do ano passado. Do lado dos tricampeões da Red Bull, Webber reclamou de instabilidade na traseira, mas lembrou que o início de 2012 foi ainda pior. Nesse cenário de primeiras impressões, pior para Hamilton, que reconheceu que sua Mercedes “tem muito trabalho adiante.” Se é o jeito britânico de dizer que o carro “é um desastre”, só saberemos dia 17 de março, no GP de abertura da temporada na Austrália.
Coluna publicada no jornal Correio Popular
2 Comments
Estive seguindo en varios sites estes primeiros testes de Jerés de la Frontera. O carro que a maioria resaltou foi o McLaren, que depois do primeiro dia optou por esconder o jogo. Sei não, mas eu ja disse aqui mesmo que considero o Button uma escie de Prost sem o lado escuro do franchute. Com um carro redondo ele saverá fazer as contas e não haverá pra ninguem. É claro que são apenas as primeiras impressões e os “macarronis” apresentaram uma caranga decente, e ninguem apostaria que a RedBull vai ficar em nenhum bagaço. A temporada pinta interessante. Vou apostar em melhorias da Willians (suspiro profundo), e que a Lotus pode aprontar.
Que venha Australia!!
Ahh!! Esqueci de falar de Hamilton…. Bah!