A metade da temporada é um bom momento para voltar às expectativas do início do ano. Antes da primeira corrida, na Austrália, trouxemos os números que faziam do quinteto Alonso, Button, Hamilton, Vettel e Webber absoluto, não apenas nas vitórias, divididas apenas entre eles por 44 GPs em sequência, como em pódios – não houve nenhum intruso estourando champanhe entre as corridas malaias de 2011 e 2012, maior série da história.
Esses números deram lugar a outros, dos vencedores, poles, frequentadores de pódio diferentes – 11 já receberam troféus nestas 11 etapas. E muito disso tem a ver com a velocidade demonstrada por aqueles que estão em sua segunda temporada completa. Antes do início da temporada, destacava as necessidades de cada um, tanto daqueles que faziam, de fato, sua segunda temporada, como dos que tinham uma nova chance na categoria.
É uma turma boa, que esteve representada em seis pódios até aqui, chegando inclusive à vitória com Pastor Maldonado. É, ao mesmo tempo, um time heterogêneo.
Da Austrália para cá, quem perdeu mais terreno foi Paul Di Resta. Tido como o melhor estreante de 2011, começou aproveitando-se da ‘ferrugem’ do companheiro Nico Hulkenberg, que passara o ano anterior como piloto de testes, mas chegou atrás em quatro das últimas cinco provas – e na quinta, abandonou. Terminar 2011 levando tempo de Adrian Sutil, bem mais experiente e em sua melhor forma, dá para explicar, mas perder para Hulkenberg, hoje em condições iguais, é pouco para quem vira e mexe tem o nome associado a grandes times.
Hulkenberg | Di Resta | |
Pontos | 19 | 27 |
Melhor resultado | 5º (1x) | 6º (1x) |
Placar em corridas | 4 (1 abandono) | 5 (1) |
Placar em classificação | 6 | 5 |
Diferença média em class. | -0s310 |
Falando no alemão, mais de metade de seus 19 pontos foi conquistada apenas no GP da Europa. Desde então, foram três classificações entre os 10 primeiros, que agora só precisam se tornar bons resultados nas provas. Trata-se de algo difícil tendo em vista que a Force India tende a consumir mais pneus que os rivais diretos, mas ao menos Hulk tem mostrado uma evolução.
Evolução que não fica tão clara quando olhamos a temporada de Perez. Os resultados de seu primeiro ano foram minados pela perda de fôlego da Sauber justamente após o mexicano se recuperar totalmente do acidente em Mônaco, mas essa segunda temporada tem altos e baixos difíceis de explicar. Quando os pneus ficam no limite entre uma e duas paradas, ele brilha. Caso contrário, se perde nas corridas. Melhorar a classificação – sua posição média nas últimas cinco provas é de 15,2, enquanto a de Kobayashi é de 12,4 – seria meio caminho andado.
Kobayashi | Perez | |
Pontos | 33 | 47 |
Melhor resultado | 4º (1x) | 2º (1x) |
Placar em corridas | 3 (3 abandonos) | 3 (2) |
Placar em classificação | 6 | 5 |
Diferença média em class. | -0s178 |
Outro que vive a mesma situação aos sábados é Bruno Senna, pressionado por sua costumeira falta de tempo para mostrar serviço. Ao passo que apenas em três oportunidades terminou a corrida atrás em relação a sua posição de largada, vem pecando nas classificações – tem posição média de 13,8 – e culpado a dificuldade em acertar a mão na janela de temperatura dos pneus, algo que tem sua raiz em uma mescla de estilo de pilotagem e acerto. Vem fazendo uma série de mudanças em sua abordagem nos finais de semana para melhorar essa questão e mostrou grande evolução na Hungria. Resta saber se é uma tendência que veio para ficar e o quanto voltar a correr nas pistas em que andou com um carro de verdade ano passado, a partir de Spa, vai ajudar.
Maldonado | Senna | |
Pontos | 29 | 24 |
Melhor resultado | 1º (1x) | 6º (1x) |
Placar em corridas | 2 (4 abandonos) | 4 (3) |
Placar em classificação | 9 | 2 |
Diferença média em class. | -0s586 |
Em se tratando de classificações, Senna tem um osso duro de roer para se comparar. Pastor Maldonado colocou a Williams entre os 10 melhores no grid em seis oportunidades, sendo quatro delas nas últimas quatro provas. A mesma consistência, no entanto, desaparece nas corridas e o venezuelano, a seis corridas zerado nos pontos, ainda por cima vem cultivando a justificada cisma dos comissários.
O venezuelano enche o peito para dizer que “está claro para todos” que ele, Grosjean e Perez são o futuro da F-1. Será que já mostraram o bastante? Quem mais pode entrar nessa turma?
8 Comments
Senna vem aí, agora que permitiram que desenvolva seu próprio acerto, ele está bem mais confiante no carro.
Julianne saiu a noticia que Force India não tem mais recursos financeiros para desenvolver o carro deste ano e para-se que a Sauber também já esta na mesma condições. A Williams também está na mesma condição sem dinheiro para desenvolver o carro?
Para você até aonde essa equipes vão conseguir se mostrar ainda fortes no campeonatos disputando entrada no Q3 e briga pelos pontos.
Obrigado.
Não é simplesmente uma questão de falta de dinheiro, Anderson. Todas essas equipes que você citou – e incluiria Lotus e Mercedes na lista – têm de lidar com uma equação complicada: vendo suas posições no Mundial de Construtores, o que têm em caixa e o quanto veem de potencial em seus carros – e há dois tipos de caminhos para atingir esse potencial, trabalhando em novas peças ou simplesmente melhorando o acerto – decidem focar mais na atual temporada ou centram-se no ano seguinte.
No caso da Force India, mesmo que tenham melhorado nas últimas 4 provas, só estão relativamente perto da Williams no Mundial de Construtores (46 a 53) pela inconstância de Maldonado nas corridas e e as falhas de Senna em classificação. O rendimento do carro está muito abaixo, então é difícil eles melhorarem sua posição.
Vejo o mesmo ocorrendo com a Mercedes, mas não no caso de Williams e Sauber, que devem lutar até o fim. A questão, nesse caso, passa pelo dinheiro em caixa e o potencial que essas equipes veem no carro. Falarei mais sobre isso no post de amanhã.
Colocar dinheiro no desenvolvimento de um carro ruim parece mesmo ser um desperdício, ainda mais para as equipes curtas de grana. Provavelmente esse investimento seria um mau custo x benefício porque não traria resultados recompensadores.
Agora vejamos por outro lado: Tem equipe que todo ano faz carro ruim, e abandona o desenvolvimento antes da metade da temporada para se dedicar ao carro do ano seguinte, que invariavelmente tmb não é grande coisa, não é verdade dona Mercedes? Lembro que em 2010 eles começaram até bem, com Rosberg fazendo pódios e chegou até a liderar um campeonato que foi equilibrado até o final. Se não tivesse abdicado tão cedo quem sabe não estaria na disputa do campeonato, ou pelo menos ganho alguma corrida???
A Lotus já se mostrou arrependida de abandonar o desenvolvimento do carro em outras temporadas e diz que não vai cometer o mesmo erro este ano, o que faz bem porque tem chances reais de brigar pelo vice nos construtores… deve dar uma boa grana na partilha do bolo da FIA.
Outro motivo pra seguir no desenvolvimento é que o regulamento do próximo ano segue o mesmo, não tem muito milagre pra fazer no “novo” carro.
Desculpe o comentário longo, sei que é chato pra ler. Obrigado pelo espaço.
Abraço,
Chinaski
Julianne,
Tenho dito que suas análises são mais que um raio X, são verdadeiras ressonâncias magnéticas.
Sobre a declaração de Maldonado: futuro da F 1? Diante da juventude de Vettel (principalmente – 25 anos, 2 vezes campeão mundial, ainda em lapidação), Hamilton (27 anos – campeão mundial, um fora-de-série também em lapidação, se é que possível lapidar um instinto indomável) e Alonso (31 completados recentemente, a caminho de um tri e com mais cinco anos, no mínimo, de pilotagem em altíssimo nível), – em termos de pilotos o futuro da F 1 não deve ser procurado no grid atual, a não ser que ocorra um novo caso Brawn e alguém do quarteto Perez, Maldonado, Grosjean e Kobayashi esteja ao volante. Com as mudanças para 2014, um fato assim até que não poderia ser excluído, de todo. A meu ver, os sucessores do atual trio de gênios devem ser procurados nas categorias de base e de acesso. E na minha opinião não estou vendo gênios nelas até aqui. Mas gênios sempre surgem, as vezes até inesperadamente. Lauda foi um caso assim. Marko, por exemplo, pode puxar a cadeira e esperar sentado, outro Vettel talvez demore muito a aparecer. Posso até queimar minha língua, mas Vergne e Ricciardo (apesar de alguns brilharecos deste último) somados não dão um Buemi, que esteve desmotivado em sua última temporada, mas era mais rápido que os dois atuais. Mas uma coisa é certa: a fila na F 1 está precisando andar urgentemente. Tem gente mofada lá, precisando ceder a vez para que outros sejam pelo menos testados. Mas outra coisa é certa: nanicas podem ser destruidoras de talentos. Essas nanicas de hoje são terríveis, estão bem distantes das boas nanicas do passado. São tão ruins que só fazem estiolar o desenvolvimento de seus pilotos. Apenas a minha opinião.
Julianne,
Pelo que já vi e pelo que você já nos contou sobre suas múltiplas atividades, haja Juliannes Cerasolis para escrever sobre tantos assuntos! Mas eu gostaria de vê-la dissertando sobre o fantástico Sébastien Loeb, oito vezes campeão mundial de rally CONSECUTIVAMENTE, e solidamente a caminho do nono título! Está aí um gênio! Nem o ousado Jari-Matti Latvala consegue fazer frente a ele! Sem desmerecer extraordinários campeões, como Tommi Makinen, Colin McRae, Carlos Sainz, Walter Rohrl e outros, Loeb realmente é o Rei Supremo, o campeão dos campeões, o maior campeão de todos os tempos de um automobilismo onde não existem áreas de escapes, guard-rails, soft-walls e onde se corre em todo tipo de piso, lama, cascalho, neve, asfalto etc. Como aficionado por automobilismo, aprendi a não dar valor excessivo a estatísticas, pois os competidores dependem muito dos meios que têm em mãos, mas os números que Loeb exibe são proporcionais ao seu imenso talento. Méritos para Daniel Elena, também. Sei que a sua atenção está voltada para a F 1, o que por si só não é pouca coisa, mas um capítulo sobre Loeb escrito por você seria fantástico. Creio que muitos de seus leitores também apreciam as provas do WRC.
Sem dúvida, a série de conquistas de Loeb não pode ser ignorada, mas prefiro deixar o assunto para quem entende.
A dupla da Sauber me parece a mais equilibrada do grid. Um paralelo que vejo entre Willians e Lotus, é uma briga entre quem se dá melhor em volta lançada, e em long runs. Senna, assim como Raikkonen, tem pecado nos treinos, ao passo que nas corridas, com regularidade, têm sido melhores que Maldonado e Grosjean respectivamente. Em uma F1 com Vettel, Hamilton e Alonso, a chave do sucesso para esses jovens talentos, em uma categoria onde os carros quebram pouco, a velocidade pura não será a maior arma, mas a regularidade!