Quando a Mercedes trouxe a atualização de seu motor e dominou o GP da França, a impressão era de que as três corridas seguidas do período de Copa do Mundo seriam decisivas para a arrancada de Lewis Hamilton rumo ao pentacampeonato, uma vez que seria difícil a Ferrari reagir em tão pouco tempo.
Mas a briga de gigantes que tem tornado a temporada de 2018 tão fascinante e imprevisível garantiria reviravoltas. Na Áustria, apareceram as fraquezas do conjunto Mercedes que só afloraram sob pressão – do erro estratégico às quebras. Mas foi na Inglaterra que aconteceu o resultado mais significativo.
Voltemos 12 meses no tempo. Lewis Hamilton venceu tranquilo em Silverstone (mais do que isso, fez um Grand Chelem, com pole, volta mais rápida, e vitória liderando todas as voltas) e ainda impôs 37s de vantagem para a Ferrari mais próxima, de Kimi Raikkonen, em dia que Sebastian Vettel teve um furo no pneu com duas voltas para o final.
Com uma combinação de longas retas, poucas freadas fortes para ajudar na recuperação de energia e curvas de média e alta velocidades, Silverstone sempre foi o parque de diversões da Mercedes na era híbrida. Mas desta vez não foi assim.
A pole position foi suada, com Vettel só 44 milésimos atrás – em 2017, a diferença superou meio segundo – e o ritmo de corrida do alemão na ponta foi tranquilamente superior ao de Bottas antes do Safety Car (mais uma vez ele!) que chacoalhou a prova. É fato que, vindo de trás, Hamilton era mais veloz, mas, como de praxe nesta temporada, o líder sempre tende a segurar o ritmo para evitar o desgaste de pneus.
Não foi à toa que Vettel estava mais contente com o ritmo da Ferrari em Silverstone do que com a vitória em si. “We have been hammered here, literally”, disse ele, usando a expressão com o sobrenome do rival para dizer que a Ferrari fora arrasada na pista inglesa no passado recente. E celebrou a conquista “qui a casa loro”, na casa deles.
Isso é mais uma prova da evolução constante do carro da Ferrari, que ganhou novo assoalho e novo posicionamento dos espelhos em Silverstone, dentro das atualizações que chegam continuamente dos dois lados e que vão mudando a história do campeonato semana após semana.
Não é a toa, também, que Hamilton e Toto Wolff demonstraram terem acusado o golpe logo depois da corrida, insinuando que os incidentes da França entre Vettel e Bottas e deste domingo entre Lewis e Raikkonen não teriam sido coincidência. Falei com o piloto inglês poucos minutos depois e ele já tinha voltado atrás, mas a pressão para os dois lados é evidente.
Tanto, que o próprio Hamilton foi o primeiro a salientar que muitos pontos foram jogados fora nestas 10 primeiras etapas. Ele se referia ao próprio campeonato, mas também houve situações em que Vettel e a Ferrari que não aproveitaram oportunidades. E, com os italianos e a Mercedes travando um duelo técnico de tão alto nível, com uma sem deixar que a outra se sobressaia por muito tempo, a má notícia para os nervos dos postulantes ao título e a boa para nós é que será assim até o final.
6 Comments
Ju, a atitude grosseira do Hamilton com o Martin Brundle não seria passível de punição?
Afinal faz parte das regras, todos os pilotos recebem a mesma instrução.
Fair play vale dentro e fora das pistas, não acreditei no que ele fez!
Achei a punição a kimi desnecessária, o carro de segurança foi pra ajudar lewis claramente , já q num havia detritos na pista e o virtual resolveria na situação, a Ferrari arriscou parando e a mercedes arriscou com bottas e quase q deu certo, o ritmo da ferrari de pneus amarelos é melhor e a mercedes de branco era superior…ta muito equilibrado no ritmo e no qualy tb
Acho que as punições estão desequilibradas. Situações parecidas para #7 e #5 e duas punições diferentes. A FIA que acaba jogando o #5 contra os fans, numa suposta “ajuda” a ele.
Quanto ao SC, questão de segurança devido a violência do impacto do #9, além de terem que arrumar a barreira de pneus.
O carro de segurança entrou pois corro de resgate foi acionado, a batida foi bem forte.
Grande corrida, como disse a Ju com a ajuda do safety car.
Ferrari muito forte numa pista em que a Mercedes passeava. Se o Vettel não cometer erros bobos, caminha para o penta. Depois desta prova, acho que o Bottas assume o papel de segundo piloto. E grande prova do Raikkonen, com uma punição mais branda poderia chegar em segundo.
“Mas também houve situações em que Vettel e a Ferrari que não aproveitaram oportunidades.”
Lendo esse trecho fica impossível me conter e não comentar do único piloto que vi aproveitar todas as oportunidades sem exceção. Michael Schumacher, isso sim era piloto preciso e que nunca vi desperdiçar oportunidades.
A galera costuma chamar o Alosnso de Choronso, mas convenhamos, os choros do Hamilton tá começando a ficar chato. Quando as coisas não vão bem ele sempre encontra culpados e começa a chorar. Quando Rosberg começou a vencer dele em 2016, quando as quebras de motor, insinuou por mais de uma vez que a equipe estaria favorecendo o Nico, por ambos serem alemães. Agora que a Mercedes e ele mesmo estão sob pressão, culpam a Ferrari de toques propositais.
Vamos lembrar que a própria corrida do Vettel foi prejudicada na França e que a própria corrida do Raikkonen foi prejudicada na Inglaterra. Isso sem contar que ele não reclamou nem um pouquinho do Bottas abrir para ele assumir o segundo posto, o que em essência, também não deixa de ser manipulação de resultado.
Também se esquece de citar que a ultrapassagem do Vettel em cima do Bottas foi arisca e ousada, ali ambos poderiam ter colidido de novo, mas dessa vez a (sensacional) manobra do Vettel deu certo diferentemente da França em que ambos colidiram.
Falando em erros, como ressoou no Padock mais um erro do menino Verstappen Julianne? E como ficou mais um erro do Grosjean?
Já podemos esperar pelo Vandoorne na Haas ano que vem?
Gtande abraço a todos do blog!