F1 A última fez que a F1 correu na África - Julianne Cerasoli Skip to content

A última fez que a F1 correu na África

Faz 25 anos que a Fórmula 1 não pisa no segundo maior continente do mundo. A última corrida realizada no circuito de Kyalami, na África do Sul foi em 1993, e teve Alain Prost como vencedor naquele que seria o ano de seu tetracampeonato, com a Williams. A prova foi palco ainda de uma disputa entre Ayrton Senna e Michael Schumacher que acabou mal para o alemão.

Mas os primeiros GPs da África do Sul não aconteceram em Kyalami, e sim no circuito que, curiosamente, se chamava East London (mesmo longe do leste de Londres!), com edições em 1962, 63 e 65, com amplo domínio da Lotus de Jim Clark e Graham Hill. Trata-se de uma década importante na África, quando dezenas ex-colônias sub-saarianas declaram independência.

A F-1 acabou se instalando na África do Sul, verdade seja dita, muito em função da estrutura e controle que o próprio Apartheid tinha criado para as classes privilegiadas, o que incluía a comunidade do automobilismo. Muito se fala de Bernie Ecclestone nunca ter se importado em levar a categoria para lá mesmo quando a comunidade internacional boicotava a África do Sul, mas o fato é que a F-1 passou quase duas décadas tendo o país em seu calendário mesmo antes da Era Ecclestone.

Depois dos três GPs de East London, que ficava na costa sudeste do país, a prova de Kyalami foi realizada entre 67 e 85 (quando o cerco internacional ao Apartheid se fechou de vez e equipes francesas inclusive atenderam à recomendação do governo para não correrem no país, situação que acabou levando Ecclestone a ter de tirar a prova do calendário) e voltou em 92 e 93, após o fim do Apartheid, com o traçado modificado.

Ao contrário do que muita gente pensa, contudo, a África do Sul não foi o único país do continente a receber a F-1: em 1958, foi realizada uma corrida nas ruas do subúrbio de Casablanca, no Marrocos, à beira-mar. A corrida foi vencida pelo campeão daquela temporada, Mike Hawthorn, e a pole position foi de seu grande rival, Stirling Moss. Pelo tempo de 2min22 para um traçado de 7.6km naquela época dá para imaginar o quão rápida era a pista!

Mas voltando àquela prova derradeira no continente africano, seria a primeira da temporada 1993, que não contaria com um carro número 1. Afinal, Nigel Mansell decidira correr na Indy, e Damon Hill, com o carro 0, ficou com sua vaga, ao lado de Alain Prost, naquela Williams recheada de eletrônica que dominou o início dos 1990, enquanto a McLaren sofria com os motores Ford após a decisão da Honda de deixar a F-1 – e tinha Ayrton Senna assinando contratos corrida após corrida, pressionando fortemente a equipe por uma melhora.

Prost e Senna largaram na primeira fila, mas o brasileiro saiu melhor e roubou a ponta. Hill rodou, o francês teve que tirar o pé, e viu Schumacher o passar também. Treze voltas depois, ele recuperava o segundo posto e, na volta 25, passou Senna.

A briga de Senna acabou sendo com o jovem Schumacher, durou várias voltas, e acabou em rodada do alemão após toque entre os dois. O vídeo do pega é muito bom e mostra como Schumacher conseguia se manter próximo da McLaren mesmo nas curvas de alta, algo impensável nos dias de hoje devido à dependência aerodinâmica dos carros. E também dá para ver a manobra a la Verstappen de Senna no melhor estilo “a decisão de bater é sua”.

5 Comments

  1. Outro belo post. E sensacional o vídeo.
    Uma vez o Schumacher comentou que depois de um enrosco com o Senna ele descobriu como as coisas funcionavam na F1. Deve ter sido neste episódio. Ele reclamou e nada aconteceu.

  2. Ótimo artigo, Ju! Como adendo, eu acho a disputa entre Senna e Prost muito interessante. O piloto brasileiro fechou a porta para o francês de forma magnífica, durante algumas voltas, mesmo com um carro bastante inferior!

    • Também acho até mais interessante a disputa entre Senna e Prost naquele GP.

  3. O novato Schumacher perdeu a paciencia e acabou errando ao tentar passar em um ponto impossivel. Eles nem se tocaram, Schumacher rodou ao tentar evitar a batida, quando percebeu que sua manobra não daria certo. Hj pode-se até dizer que essa pista era bem interessante, embora muito travada.

  4. Show de história Julianne! Tanto de automobilismo quanto da humanidade, nem sabia que até 1962 ainda existiam colônias na África, achava que nos anos 1900 todos os dali já eram independentes.
    Sobre a temporada de 1993, muitos dizem que foi a melhor temporada do Senna, pois disputou o título mesmo com um carro muito inferior, creio que hoje seria disputar o título com uma Renault ou Red Bull.
    Grande abraço a todos do Blog!


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