F1 Quando Jim Clark deixava a F1 de antigamente sem graça - Julianne Cerasoli Skip to content

Quando Jim Clark deixava a F1 de antigamente sem graça

Terceira corrida de um campeonato que já ia se desenhando como fácil para Jim Clark. Na estreia, em Mônaco, fez a pole batendo até mesmo o Mr. Mônaco Graham Hill, mas abandonou com problemas de câmbio (em uma corrida que tinha 100 voltas na época e demorava mais de 2h30!).

Na segunda etapa, na Bélgica, vencera com facilidade, e mostrara novamente sua superioridade na classificação na Holanda: Clark fez a pole position com oito décimos de vantagem.

Não que isso surpreendesse os rivais: foi justamente em Zandvoort no ano anterior que Colin Chapman apareceu com o Lotus 25, um dos melhores carros da história da F1, com o qual sua equipe dominaria os anos 1960.

Na largada, Clark manteve a ponta, com Graham Hill – que tentara usar a BRM nova, mas tivera de voltar ao carro antigo – em segundo e Bruce McLaren em terceiro apenas até a terceira volta, quando seu câmbio quebrou.

Mais atrás, quem chamava a atenção era Dan Gurney, que largou em 14º e não demorou para alcançar o pelotão da frente, mesmo tendo perdido todos os treinos por um problema no carro, chegando a emprestar o bólido do companheiro – e chefe de equipe – Brabham para se classificar.

A corrida chegou a ter bastante ação do segundo para trás: Hill foi ultrapassado por Jack Brabham e depois recuperou a posição depois do acelerador do carro do australiano ter ficado travado e ele ir parar na areia, e John Surtees teve uma briga particular com Gurney até a volta 63, quando o britânico cometeu um erro.

Hill parecia estar tranquilo em segundo quando teve um problema de superaquecimento, fez reparos nos boxes, e ainda teve tempo de se recuperar, chegando a voltar ao segundo posto antes de seu motor quebrar. Assim, Clark recebeu a bandeirada em primeiro, seguido por Gurney e Surtees.

Dos 19 carros que largaram, nove completaram, sendo que só um por acidente. Mas que seja dado um desconto para as máquinas da época: a prova foi mais longa do que hoje em dia, com 335km no total. Mesmo sendo muito mais veloz que os rivais, Clark completou as 80 voltas em 2h08min.

Era o segundo grand chelem da carreira do escocês, algo que se tornaria comum entre 63 e 65. E, de quebra, a Lotus colocou uma volta até mesmo no segundo colocado, em um ano no qual Clark seria campeão pela primeira vez com sete vitórias, contra apenas duas de Hill e uma de Surtees, com a Ferrari, estabelecendo um recorde que duraria mais de 20 anos.

Apenas em 1984 Alain Prost igualou as sete vitórias em uma temporada e, em 1988, Ayrton Senna chegaria a oito e finalmente bateria Clark, ainda que a média do escocês fosse superior, ao vencer 70% das provas disputadas na temporada, contra 50% de Senna no que também foi seu primeiro título mundial.

6 Comments

  1. Sem dúvida uma dos melhores da história, rápido e sabia poupar o carro, a comparação com a geração mais nova fica complicada com as mudanças de pontuação, quantidade de GPs por temporada e a confiabilidade dos carros, mas foi um gênio da época.

    • Para mim um gênio universal, adaptaria a qualquer regulamento como se adaptava a qualquer carro, tenho dúvidas é sobre pilotos como Villeneuve na F1 atual.

  2. Um gênio, se a Lotus tivesse apenas um pouco mais de confiabilidade nestes anos teria talvez feito nos anos 60 o que Schumacher fez nos anos 00.

  3. Jim Clark foi o melhor de todos os tempos, apesar de não haver parâmetros objetivos com os demais.

  4. Ah! Como é voa essa coluna, pode-se perceber como o amadorismo deixava as provas mais interessantes e movimentadas. Dar três voltas e quebrar o câmbio, ter problema de motor, ir para os boxes e voltar para a pista, apenas para quebrar de vez.
    A primeira é muito difícil na F1 atual e a segunda impossível por se pensar:
    “Melhor recolher o carro aos boxes, do que correr risco do motor quebrar de vez e gastar milhões.”
    Como o amadorismo fazia bem ao esporte.
    Grande abraço a todos!

  5. O problema maior da falta de competitividade de hoje é que os carros quebram pouco e todas as variáveis são extremamente conhecidas pela engenharia das equipes, então não se tem a expectativa de que teremos alguma surpresa, alguma mudança de performance brusca ou coisas do tipo. No passado isso era mais comum, sabia-se que as coisas poderiam dar errado para os líderes e alguém das equipes médias/pequenas poderia conquistar um bom resultado.

    Mas é fato que a F1 nunca foi realmente competitiva, com raras temporadas de exceção. Por exemplo, entre o meio de 88 e o meio de 96 só tivemos vitórias de Williams, Benetton, Ferrari e Mclaren, e em nenhuma dessas temporadas as 4 ganharam corridas num mesmo ano.


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