F1 O último título de Lauda, por meio ponto - Julianne Cerasoli Skip to content

O último título de Lauda, por meio ponto

No último “capítulo” da sessão Nostalgia, relembramos a primeira vez em que Niki Lauda voltou ao circuito de Nurburgring depois do acidente que quase o matou em 1976. O austríaco saiu de lá com um quarto lugar e, mesmo vendo seu rival na disputa pelo título e companheiro de McLaren, Alain Prost, vencer, manteve-se em vantagem na tabela para a prova final, em Portugal. Tudo isso, há 35 anos.

A prova marcava o retorno de Portugal ao calendário 24 anos depois da corrida disputada no Porto ter desaparecido do campeonato. E o circuito do Estoril não estava totalmente pronto quando a F-1 chegou por lá, em função das fortes chuvas nos dias anteriores à prova.

A situação do campeonato era a seguinte: com quatro pontos e meio entre Lauda e Prost, o francês precisava vencer a corrida e torcer para o companheiro não passar de terceiro para ser campeão. Se Prost fosse segundo, também levaria seu primeiro título caso Lauda não pontuasse, uma vez que os pontos eram dados aos seis primeiros na época.

Parecia tudo sob controle para Lauda, que tinha feito uma campanha muito regular, vencendo cinco corridas contra seis de Prost até então – sempre que viu a bandeirada, ele foi no mínimo quarto. Mas a disputa chegou a tomar tons dramáticos quando o austríaco se classificou apenas em 11º, enquanto o companheiro sairia em segundo, atrás do pole position Nelson Piquet – o brasileiro faria nove poles naquela temporada, em 16 corridas.

Largar atrás de Prost não era raridade para Lauda. Na temporada, isso aconteceu em 15 corridas, e era algo explicado pelo piloto pela diferença de idade entre ele e Prost – ainda que eles tenham só seis anos de diferença. “O problema”, dizia ele. “É que você freia com sua cabeça, não seu pé. E sem perceber começa a frear a um metro do muro, e não um milímetro.” Seja como for, é interessante ver Prost tendo tamanha vantagem em classificações, uma vez que ele se notabilizou por focar mais na corrida – e levaria desvantagem constantemente em relação a Ayrton Senna no final daquela década. 

Senna, inclusive, surpreendeu ao colocar a Toleman em terceiro no grid naquele dia, em um presságio do domínio que teria na corrida portuguesa do ano seguinte, em sua primeira vitória.

Prost chegou a largar melhor do que Piquet, mas foi superado pelos pilotos que vinham atrás e terminou a primeira volta em terceiro. Na nona volta, contudo, já tinha tomado a ponta, enquanto o progresso de Lauda mais atrás era bem mais lento: ele só conseguira chegar até a nona posição até aquele momento.

A escalada de Lauda não foi das mais rápidas mas, um a um, ele ia passando seus rivais, até superar Senna na volta 33 de 70 e chegar ao terceiro posto. Para ser campeão, como Prost fazia uma corrida solitária na liderança, ele teria que passar Nigel Mansell, mas a tarefa não parecia ser fácil.

Até 20 voltas para o final, Prost seria campeão, mas na volta 51 Mansell rodou devido a um problema nos freios. Lauda não estava perto o suficiente e não conseguiu superar o inglês. Contudo, os problemas pioraram e Mansell rodou de novo na volta seguinte, e só então Lauda finalmente o passou e chegou no resultado de que precisava para selar a conquista do terceiro título.

Mansell acabou abandonando, bastante irritado com sua equipe: era sua última corrida pela Lotus antes de sua primeira ida à Williams, e seu chefe Peter Warr decidiu que ele não teria os freios que escolhera.

Melhor para Lauda, que se tornou o campeão com o maior número de anos entre títulos. Quando conquistou o bi, em 1977, tinha 28 anos e, ao celebrar o tri, chegara aos 35.

2 Comments

  1. Ju, a vantagem do Lauda nao era de 3,5?

  2. “o brasileiro faria nove poles naquela temporada, em 16 corridas”
    Julianne,
    O que pensa sobre a questão dos recordes numéricos a F1? Estava lendo uma matéria que trazia o fato de faltarem apenas nove vitórias para Hamilton quebrar o recorde de Michael Schumacher e fiquei pensando que:
    Contando apenas domínio consecutivo de Mercedes e Ferrari, ou seja o domínio da equipe e não do piloto, são cinco títulos mundiais para cada.
    Não lembro exatamente quantas corridas eram nos anos 2000, mas creio que eram vinte corridas e atualmente são vinte e cinco corridas por ano.
    Contando o tempo de domínio de cinco anos de cada equipe, Hamilton teria uma vantagem numérica de aproximadamente vinte e cinco corridas para Shumacher, o que faz parecer a quebra do recorde de vitórias um tanto quanto artiticial.
    O que pensa o Paddock, de forma geral, sobre isso?
    Grande abraço a todos do Blog!


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