F1 Sete horas por um passe de imprensa. Quantas para uma solução para os pneus? - Julianne Cerasoli Skip to content

Sete horas por um passe de imprensa. Quantas para uma solução para os pneus?

Não é apenas com a interminável e, aparentemente, insolúvel polêmica dos pneus que a Fórmula 1 se atrapalha e demora a reagir. Ser um jornalista credenciado e estar dentro do circuito podem ser coisas muito distantes diante de uma falta de organização que chega a ser surpreendente.

Tanto na Grã-Bretanha, quanto na Alemanha, tinha minha credencial confirmada, mas não tinha o passe, um cartão magnético que permite o acesso ao paddock. Em Silverstone, foi algo tratado como um episódio isolado, em Nurburgring, passei mais de quatro horas esperando com cerca de 15 jornalistas espanhóis, russos, holandeses, austríacos, suíços, ingleses, alemães e malaios. Tive sorte: alguns esperaram por mais de sete.

A explicação oficial? A impressora apropriada para gravar os nomes nos cartões magnéticos estava quebrada. E que tal termos passes especiais só por um dia, ou os mesmos cartões com os nomes escritos à mão ou com adesivos? Não, tudo precisa parecer perfeito nesse mundo de aparências. Ter boas condições de trabalho, ou seja, a essência do negócio, é o que menos importa.

Tentar contato com o chefe de imprensa da FIA também era inútil. Assim como a Pirelli culpa as equipes, e as equipes culpam a Federação pela falta de pulso firme para alegar questões de segurança para mudar os pneus de uma vez por todas, quem deveria resolver o problema das credenciais culpa, em tom de brincadeira, Bernie Ecclestone. “Os passes devem chegar a qualquer minuto”, repete Matteo Bonciani. Quem estava perdendo entrevistas exclusivas, aquelas que têm de ser marcadas com antecedência, recebia o consolo inútil de que “a FIA se responsabilizará com as equipes”.

Vocês podem perguntar quem precisa estar no circuito na quinta-feira: como é um dia sem atividades de pista e apenas com entrevistas, é o mais significativo para os jornalistas. É na quinta-feira que são feitas a maioria das entrevistas exclusivas e quando são abordados temas mais amplos.

E não é uma questão de Grã-Bretanha ou Alemanha sendo provas mal organizadas. É a FIA que não consegue lidar nem com uma pequena crise de uma impressora quebrada. Relato este episódio porque ele ajuda a entender a inoperância da entidade quando o assunto fica mais sério. Se demoram horas para imprimir simples passes de imprensa e sequer sabem lidar um uma crise pequena, imagine com algo já complicado por natureza, como a questão dos pneus. A entidade garante que, desde Barcelona, vinha pedindo à Pirelli uma mudança por motivos de segurança pois, assim, os compostos poderiam ser alterados mesmo sem o acordo unânime das equipes. Mas parece que eficiência não é o forte desta gestão e foi necessário um desastre de marketing em Silverstone para que a FIA tomasse a dianteira na discussão.  Se um simples passe demorou sete horas para ser impresso, poderia apostar que ainda ouviremos muita coisa sobre esses pneus.

7 Comments

  1. Julianne, sinto muito por vc e pelos profissionais que nao conseguem cumprir com o seu trabalho por esse tipo de acontecimento.

    Minha pergunta :

    Tudo piorou depois da entrada do Todt ?

    Quem teria que tomar uma atitute dentro da FIA para que as coisas caminhassem ?

    • A entidade é um reflexo de que a comanda. Todt é muito político, pouco enérgico. A FIA, hoje, é assim.

  2. Eu tenho uma pergunta que me atormenta. Fica claro que muitas coisa que acontecem na F1 são um problema. Algumas mais que outras. Mas há muita exigência para um autódromo sediar a F1 e ela mesma não se organiza, como exposto no post. Há também problemas de segurança, nos pneus. Há a questão de como a FIA lida com questões como aerodinâmica e outros. Nessa “massaroca” toda, há luz no fim do túnel. Vejo que seriam necessárias muitas mudanças mas, há alguém realmente afim de fazer tantas mudanças e peitar tanta gente. Ou é assim e deve continuar assim por muito tempo (até pq enquanto rola grana, pra que mudar, não é mesmo)?

  3. Americo, acrescentaria ao seu comentário o seguinte: assim como um bom filme, os atores principais dependem dos “coadjuvantes” para ter um bom espetáculo, e nessa toada, onde poucos tem muita grana, corremos o risco de ver um grid esvaziado, sei lá, com 10 carros, o que seria mt,mt ruim…imagina uma disputa pela ponta sem um retardatário para atrapalhar, ou até mesmo uma corrida sem vencedores em um grid minúsculo com os carros abandonando…seria um drama mal feito!

  4. Só porque está “in loco” vou te perdoar por não fazer o post de “brasileiros espanhoes e britanicos”

    😉

    • Agradeço a consideração! 🙂

  5. FIA, CBA, FIFA, CBF… com esse mecanismo de eleições de seus dirigentes, os casos se repetem e são sempre semelhantes.

    Por isso nomes que realmente poderiam trazer mudanças, como o Ari Vattanen, normalmente não têm chances nas eleições.


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