Um dos grandes personagens desta temporada da Fórmula 1 não está em nenhum cockpit. Guillaume ‘Rocky’ Roquelin, engenheiro de pista de Sebastian Vettel, roubou a cena durante o ano com uma missão um tanto inglória: tentar parar o alemão. Frases como “estes pneus não são à prova de balas”; “você só pode perder a corrida para si mesmo” ou até um bem paternal “nem pense nisso”, quando o tetracampeão ameaçava forçar o carro no final para garantir a volta mais rápida “por satisfação”, como costuma dizer, já se tornaram célebres nas corridas.
As broncas chegaram ao cúmulo de, ao invés de parabenizar o piloto pelo título, logo após a bandeirada do GP da Índia, Rocky adotar um tom repreensivo e dizer que eles “conversariam depois” sobre a insistência de Vettel em buscar a volta mais rápida. “Para sua informação, Raikkonen colocou pneus novos na última volta e estraçalhou seu tempo”, disse o engenheiro.
Realmente deve ser frustrante estar na pele do alemão. Sua Red Bull, pelo menos nas últimas oito etapas, sempre pareceu capaz de dar um pouco mais. E, quanto Vettel precisou mostrar isso, como nos momentos em que esteve com uma estratégia diferente em Cingapura e no Japão, a folga foi grande, chegando a três segundos por volta e mais de 30s para o segundo colocado ao final na prova noturna.
Muita gente tem dificuldade em entender por que isso acontece. A vantagem da Red Bull sobre os demais carros é clara, mas como explicar a diferença para o próprio companheiro, com o mesmo carro? Na Fórmula 1 de hoje é muito importante andar longe do tráfego para conservar seus pneus e, largando da pole – e bem – o alemão costuma conseguir isso. Além disso, sua agressividade dosada, podendo ao mesmo tempo entrar forte nas curvas e controlar o pedal da direita e endireitar o quanto antes do carro para uma melhor reaceleração, estilo que casa muito bem com esse carro da Red Bull, cria uma vantagem incrível, especialmente se lembrarmos de todas as restrições usadas atualmente.
Mas por que a equipe quer pará-lo? Para ser tão bom com um regulamento tão manjado, basicamente o mesmo desde 2009, o carro da Red Bull funciona no limite. Câmbio e Kers são algumas das preocupações constantes. Daí a verdadeira neurose em ver Vettel forçando-o sem necessidade, quando as vitórias já estão asseguradas.
Tudo bem que as broncas são até justificadas olhando pelo lado pragmático da equipe mas, infelizmente para os rivais, a verdade é que, se o trabalho de Rocky é parar Vettel, ele não anda fazendo seu serviço direito.
8 Comments
Ainda bem, para o Rocky, que Vettel não é um Raikkonen ou Hamilton. Levaria “patadas” a corrida inteira.
Admiro a sintonia entre ambos. O trabalho ‘engenheiro/piloto’ funciona muito bem por lá.
Julianne,
Tem o piloto uma “voz forte” na escolha do engenheiro de pista? (Traduzindo > A equipe obedece ao mesmo quanto à escolha?)
É do interesse da equipe que seja uma boa relação. Como você salientou, é preciso certa química, então acredito que a opinião do piloto seja levada em consideração, dentre outros fatores.
Interessante! Mas para ver como o Vettel fez um campeonato impecável, no ano passado ele deve ter abandonado umas duas corridas por falha mecânica, que certamente deve ter a ver com o tópico, pois o Vettel por “empolgação” provavelmente tirava além do limite do carro, e o quebrava. Esse ano foi um abandono apenas! Andou na medida certa e agora já estressou câmbio, motor, etc…da Índia pra cá, e a gente nem houve a RBR dele sendo punida por troca de câmbio, motor, etc…parece que ele veste a RBR e compreende esse limite. Brincando um pouco, pode-se dizer: o Tony Stark da F1.
Análise técnica a parte, muito boas a foto e legenda! hehehe
No Pitradio dá pra ver como é impressionante a quantidade de vezes que Guillaume avisa (ou tenta avisar) Vettel pra segurar o ritmo. Chega a ser constrangedor, Sebastian nem dá a menor bola. Agora com os “zerinhos” o pessoal da garagem deve querer bater no moleque. 🙂
Vamos ver se ano que vem ele continua tirando essa onda. rsrsrs
Ano que vem eu acho que só rola zerinho com campeonato definido. Aliás, este ano foi assim, tanto que começou na Índia.
Zerinho só porque os dois títulos estão garantidos, ano que vem não tem nada disso.