F1 Terceiro poder - Julianne Cerasoli Skip to content

Terceiro poder

Será que o GP da China foi apenas a primeira vez em que Mercedes, Ferrari e Red Bull puderam medir forças de igual para igual? Perguntei isso a Kimi Raikkonen e até mesmo o finlandês de poucas palavras levou mais de um minuto para responder. Basicamente para dizer que ninguém sabe e o quanto toda essa indefinição é boa para o esporte.

Essas três primeiras pistas do campeonato têm uma parcela de culpa em toda essa indefinição. Com aderência baixa, Melbourne diz pouco. O calor do Bahrein não costuma se reproduzir muitas vezes na temporada. E circuitos, “front limiteds” como a China, ou seja, que geram desgaste de pneus mais forte na dianteira do que na traseira, são raridade no calendário.

Mas alguns padrões começam a aparecer. A Mercedes focou na pré-temporada na preparação com o pneu médio e usou um pouco o macio, nunca se preparando para classificação. Segundo Toto Wolff, a ideia era atacar o ponto fraco. Mas ao que parece isso deixou a equipe exposta a um crescimento da Ferrari em classificação.

A vantagem do modo de motor já não parece existir. O próprio Vettel explicou que a aberração de Melbourne não foi por conta do motor, como ele mesmo suspeitou na época. E o carro do alemão trabalha melhor os pneus mais macios, enquanto os Mercedes os superaquecem.

Isso, a ponto de, na China, a Mercedes deixar claro desde a sexta-feira que ia evitar os ultramacios a todo custo, apostando em uma parada com a combinação macio-médio. A Ferrari jogou na mesma moeda.

Uma bobeada da Ferrari ao demorar para parar Vettel e uma boa corrida de Bottas (enquanto Hamilton, como ele mesmo admitiu, estava completamente perdido com o carro) teriam feito a tática dar certo, até porque o ritmo de corrida da Mercedes com o médio é superior. Mas aí entrou o “terceiro poder”.

Com os ultramacios, provavelmente a pior escolha em um dia de pista quente em Xangai (o pneu mais macio trabalha em uma janela de temperatura mais baixa), a Red Bull aparentemente conseguiu se manter no páreo na primeira parte da corrida pela necessidade dos rivais dosarem o ritmo para conseguirem fazer a estratégia de uma parada funcionar. Mas isso também os deixou expostos a um Safety Car.

Curiosamente, enquanto na Austrália foi a Ferrari Júnior que gerou o SC que ajudou Vettel, agora foram as duas Toro Rosso que se tocaram. E deram a chance da Red Bull arriscar uma parada dupla para deixar seus dois pilotos não apenas com compostos mais rápidos (macios x médios das Ferrari e Mercedes), como também mais novos.

É preciso uma diferença de cerca de 0s8 entre os carros para se passar na China e essa diferença de pneus explica isso. Entretanto, se o carro da Red Bull não tivesse um ritmo tão forte quanto seus rivais, não seria o suficiente.

Desde que chegou no Bahrein, Ricciardo estava muito confiante com o ritmo da Red Bull. Cheguei a perguntar para ele se sentia que podia vencer no deserto. Ele sorriu e balançou a cabeça em sinal positivo. Por lá, não teve tempo de mostrar isso. Na China, fez um final de prova sensacional, como sempre com seus ataques precisos e predadores.

Essa deve ser uma qualidade importante para ele nesta temporada. O modo de classificação do motor Renault não é tão forte – o motor Renault não é tão forte e ainda tem problemas de dirigibilidade – então dificilmente ele e Verstappen vão largar na frente. Mas o ritmo de corrida já provou ser muito forte.

Pelo mesmo motivo, é bom Verstappen começar logo sua autoanálise. Ele disse no domingo que não se vê agressivo demais, mas acha que está exagerando na vontade. Ele está, na verdade, tentando inventar. Nada como o replay das manobras do companheiro para apontar o caminho.

19 Comments

  1. Grande corrida e ótimo post, como sempre.
    Desta vez a Ferrari demorou para chamar Vettel, tinha que parar na volta seguinte e mais ainda para chamar o Kimi. Eles tem que entender que não dá para marcar os dois pilotos da Mercedes e vai ter corrida que a melhor estratégia vai acabar sendo do Raikkonen. Talvez o Vettel cobrir o Hamilton seja a melhor opção, pois ambos devem disputar o título. Mas tem que aproveitar que o Raikkonen está num bom início de temporada.
    O Riccardo é sensacional. Tem uma grande leitura da corrida e quando sebe definir uma ultrapassagem quando precisa. E conseguiu estar no lugar certo para a segunda parada. Ganhou a corrida que estava no colo do Verstappen. O australiano não é tão rápido mas sempre chega na frente do Holandês. É dá uma aula de ultrapassagem.
    Agora as equipes vão ter que pensar mais na estratégia pensando num safety car. E fica mais difícil priorizar um piloto, como a Ferrari.

    • Oi Alexandre!
      Andei lendo sobre isso e não foi demora da ferrari em chamar o Vettel, devido a uma regra sobre o safety (muito complicada e não sei explicar) ele e Bottas não puderam entrar nos boxes para a troca.
      Isso inclusive gerou algumas reclamações do Seb.
      Grande abraço!

  2. Ju, boa análise.

    Acredito eu que a a Ferrari está aproveitando a boa fase de Raikkonen pra dividir as estratégias. Ela parou Vettel mais tarde do que Bottas, mas deixou Kimi na pista por quase 10 voltas a mais que todos, com o intuito de que o Kimi atacasse o Hamilton no fim da prova, dividindo as estratégias e marcando ambos os carros da mercedes. A pergunta é:

    No momento do safety car, o Kimi não iria parar mais por conta dos seus pneus estarem novos, Bottas e Vettel já tinham passado do ponto de safety car, mas porque a mercedes não parou o Hamilton ? isso não fez nenhum sentido e tenho certeza que ele chegaria no pódio pelo menos, caso tivesse trocado os pneus. A mercedes comeu mosca ou não tinha mais pneus pra trocar ?

    Até que ponto o Halo interfere no centro de gravidade dos carros ?

  3. Ju, visto que deixou o Kimi muito mais tempo na pista, não teria sido melhor a Ferrari devolve-lo com pneus macios? E mesmo quando entrou o SC, será que nem cogitaram colocar os macios no nórdico? Pelo visto ele ainda não tinha passado pela entrada dos boxes.

    • Ele largou de macios então não podia colocar mais um jogo do mesmo fazendo uma só parada.

      • Tem razão. Eu quis dizer ultramacios.

    • Acredito que a Ferrari não voltou ele com pneus ultramacios porque eles dificilmente iriam resistir até o fim, e fariam com que Kimi perdesse rendimento. Nesse caso, o pneu médio era o mais indicado devido a quantidade de voltas, e o desejo da ferrari de que o Kimi atacasse o Hamilton. Se fosse de ultramacios o Kimi poderia até passar o Hamilton, mas no fim da prova seus pneus acabariam e ele ficaria vulnerável …

  4. No quarto ano de motores híbridos eles parecem estar mais parelhos, nos speed traps as equipes de ponta não figuram como os mais velozes, claro que tem a questão do Downforce nas retas onde são aferidas as velocidades, mas é inegável que a Red Bull mesmo com motor Renault chegou lá, o equilíbrio do chassi parece superior as demais.

  5. Julianne, bom dia!

    ótimo post, só não concordo com a análise que você fez dizendo que o ritmo da Mercedes com os pneus médios e melhor do que a Ferrari, pois ontem assim que o Bottas conseguiu fazer o undercut no Vettel ele não conseguiu abrir, pelo contrario o Vettel ficou limitado pelo seu ritmo ficando atrás dele com uma diferença de 1 segundo, claramente só não o ultrapaasou pelos motivos já exposto por ti no post que carros com rendimentos semelhantes é muito difícil de se ultrapassar nessa F1 atual, tem que haver uma diferença de pelo menos 1 segundo entre os carros.

    • O grande problema da China é a dificuldade de fazer as últimas curvas próximo do carro da frente o Räikkönen quando tentou escorregou de frente o Ricciardo contornou o problema freando melhor que todo mundo

      • Mais o Ricciardo estava com os pneus macios novos que era 1 segundo por volta mais rápidos de quem estava com os médios já usados, por isso ele conseguiu passar todo mundo que estava a sua frente.

      • Mas isso que ele quis dizer foi, que quando você tem 2 carros com ritmos parecidos essa dificuldade aparece. No caso que você cita, os pneus estão muito mais inteiros e gera uma diferença de ritmo grande, o que compensa a dificuldade de realizar curvas próximos uns dos outros …

  6. O que será notícia em 2028:
    “10 anos após ter sido rebaixado da RBR para STR, Verstappen continua interferindo em disputas pelo título com suas manobras estúpidas e impulsivas. Chefe da equipe alega que ‘ele ainda é jovem e está aprendendo com os erros'”…

    Complementando aquela famosa frase de Senna para Stewart:
    “If you no longer go for a gap that exists you are no longer a racing driver”, if you go for a gap that doesn’t exist you are Max Crashtappen.

  7. Só você salva do show de horrores que se viu nas análises todo mundo só preocupado com Verstappen e esquecendo todo o mais principalmente a corrida horrível de Hamilton que tem que agradecer ao Verstappen por não terminar em sexto

  8. Julianne, muito difícil entender pq a Mercedes não chamou Hamilton para colocar pneus macios no SC. Será que ele não tinha mais pneus disponíveis? De qualquer forma este campeonato vai mostrar algumas “verdades” para alguns pilotos: Hamilton saberá se é tão bom como suas estatísticas mostram se ganhar um campeonato sem ter o melhor carro, Vettel saberá se ele é capaz de ganhar finalmente com a Ferrari tendo o melhor carro e um companheiro para ajudar de todas as maneiras, Bottas saberá se merece sua vaga na Mercedes e a dupla da Red Bull vai tentar merecer as vagas nas 2 grandes, Mercedes e Ferrari.

  9. Foi uma corrida sensacional essa da China, poucas vezes valeu tanto a pena acordar de madrugada para ver uma corrida da F1.
    A Red Bull realmente deu um show na estratégia, confesso que fiquei surpreso com o Ricciardo, ele estava cirúrgico, como a própria equipe lhe disse pelo rádio, as ultrapassagens que ele fez foram sensacionais, e sem dúvida a cada dia valoriza o seu passe para as duas maiores equipes, apesar que neste momento o ver na Ferrari em 2019. Será que esse desempenho e essas ultrapassagens não têm relação com essa possível mudança de equipe? Ele está bem animado.
    Ainda acredito que a Red Bull está em um degrau abaixo da Ferrari e Mercedes, mas tá chegando lá. Quem sabe, ela lá pro meio da temporada comece a incomodar mais.
    Verstappen, anda viajando, ele quer fazer ultrapassagem de qualquer jeito, em qualquer lugar, e acaba fazendo besteira. Ele é bom, mas pode ter um futuro não muito promissor se continuar desse jeito, é bom lembrar que Montoya já foi um grande piloto da F1, mas começou a fazer besteira uma atrás da outra e se perdeu.
    Tomara que dia 29 de Abril chegue logo, apesar que Azerbaijão é um sofrimento normalmente.

  10. Discordo quando dizem que Verstappen deve aprender com Ricciardo, são pilotos de linhagens diferentes e além do mais o Australiano não vai contar para ninguém o segredo de suas freagem mágicas, Verstappen poderia aprender com Alonso a arte de passar em sequências de curva que é a especialidade do espanhol e com Hamilton que foi estabanado por muito tempo e teve uma fase de amadurecimento longa, Hamilton de hoje que raramente erra não é o Hamilton de seis ou sete anos atrás.

  11. mais uma aula de estratégia . Mais um safety car . A Mercedes mesmo admitiu que não encontro no boxes por opção dela mesma. Já a RBR foi ousada
    E chamou os dois . Se a Mercedes tivesse chamado o lewis e entrado atrás do vestappen talvez a história teria sido diferente. Tá faltando mais ousadia da Mercedes em algumas oportunidades ,como essa do safety car por exemplo?
    Ju a Mercedes tá sofrendo com os pneus mais macios .por falta de teste. Já que eles , só se concentraram nos médios e macios ( branco e o amarelo ).
    E o que há de errado com o W09 da Mercedes (é mais uma diva , que eles vao ter que domar ao longo da temporada ?

  12. Versttapinho precisa começar a estudar os replays das ultrapassagens do Ricciardo para aprender algo, grande piloto o australiano, tomara que ano que vem (ou esse ano) se coloque na briga por um título com um bom carro. Seria uma pena ele terminar a carreira como “um dos grandes que não foram campeões.
    Grande abraço a todos do blog.


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