F1 Toro Rosso se firma como exterminadora de carreiras - Julianne Cerasoli Skip to content

Toro Rosso se firma como exterminadora de carreiras

Quando o estreante que mais se destaca no ano é Charles Pic, há alguma coisa de errado. A F-1 vive um momento único no quesito qualidade de pilotagem e a turma que vem chegando nos últimos dois ou três anos já mostrou que tem qualidade, como vimos no post de ontem, mas a safra de 2012 vem deixando a desejar.

E não é só na F-1. A própria GP2 conta com pilotos pagantes demais e jovens promissores de menos, e isso não é de hoje. O fato de ter se criado um pelotão experiente, que está em sua terceira ou quarta temporada, dificulta isso, como Razia e Valsecchi vêm mostrando ao dominar a atual temporada. O resultado é que trajetórias como de Rosberg, Hamilton e Hulkenberg, campeões logo no primeiro ano, são cada vez mais improváveis.

A própria dinâmica de ambos os campeonatos se alternou bastante nos últimos anos, favorecendo pilotos mais sensitivos e cerebrais. Hoje, tanto a F-1, quanto a GP2 já não coroam só velocidade pura, o que também dá vantagem os mais experientes.

Porém, mesmo levando todos esses fatores em consideração, era de se esperar mais dos outros pilotos que fazem sua temporada completa na categoria máxima: Daniel Ricciardo e Jean-Eric Vergne. Nenhum dos dois tem sido consistente e, enquanto o australiano peca em ritmo de corrida, ainda que tenha demonstrado evolução nas últimas corridas, o francês fica devendo em classificação. O resultado são seis pontos conquistados.

Ricciardo Vergne
Pontos 2 4
Melhor resultado 9º (1x) 8º (1x)
Placar em corridas 5 (1 abandono) 4 (1)
Placar em classificação 9 1
Diferença média em class. -0s463

Não é justo culpar apenas os pilotos, pois está claro que as equipes do meio do pelotão evoluíram ao passo que a Toro Rosso ficou para trás, mas a diferença para os 22 pontos conquistados após as 11 primeiras etapas de 2011 por Sebastien Buemi e Jaime Alguersuari é difícil de ignorar. A equipe júnior da Red Bull, cuja função é formar pilotos para o time principal, revelou apenas Sebastian Vettel e ficou marcada como uma exterminadora de carreiras. Quando vemos que, em seis anos, Vitantonio Liuzzi, Scott Speed, Buemi e Alguersuari chegaram gabaritados e saíram sem perspectivas razoáveis (mesmo caminho que Ricciardo e Vergne parecem percorrer), é de se perguntar se não há algo de errado no processo.

Da pressa na formação, trazendo pilotos direto da F-3 britânica para a F-1, ao pragmatismo do consultor Helmult Marko, é difícil entender onde está a falha. O fato é que uma oportunidade como a de Vettel, que sempre demonstrou uma maturidade e capacidade de aprendizado ímpares, teve um ano e meio como piloto de testes da BMW e guiou um Toro Rosso que consistia em um chassi Red Bull – algo proibido hoje – com um motor teoricamente melhor, dificilmente se repetirá. E fica a questão: quanto a Red Bull quer gastar para encontrar um Vettel – com sorte – por década, e desperdiçar a carreira de tantos outros?

Glock Pic
Melhor resultado 14º (2x) 15º (2x)
Placar em corridas 4 (1 abandono) 1 (2)
Placar em classificação 6 4
Diferença média em class. -0s396

Voltando a Pic, o único dos pilotos do grid que não conquistou nenhum título na carreira – nem ao menos aqueles troféus especiais disputados em apenas uma prova – parece tirar proveito da crescente frustração de Timo Glock e tem arrancado algumas classificações à frente do companheiro, único com quem pode se medir. Nas corridas, dificilmente conseguia acompanhar o ritmo de Glock, mas nas últimas provas tem chegado na frente do alemão e mostrado evolução. Segue sendo um pagante e não desperta interesse de equipes maiores, mas está longe de ser uma ameaça ao restante do grid.

7 Comments

  1. Julianne,

    Excelente sua análise, como sempre. Vettel – então um garoto – já brilhava intensamente na Sauber-BMW, inclusive botando tempos em cima de Kubica, naqueles treinos não oficiais que existiam antigamente. Seu talento já estava à vista de todos, Marko apenas o reconheceu, mas não o descobriu. Na minha opinião, Ricciardo e Vergne somados não dão um Buemi, como já disse no post anterior. Alguersuari e Scott Speed eram fracotes. Liuzzi foi uma espécie de Jan Magnussen, seus limites eram baixos. Não entendi a dispensa de Buemi, acho que merecia mais uma chance, mas é como você sublinhou, Julianne, a Toro Rosso anda terrível, também. Na GP 2 a fila não anda porque a outra está empacada lá na F 1, com gente mofada: penso que Glock em uma equipe grande hoje em dia faria muito menos que Valsecchi e Razia. Seria uma espécie do que foi Kovalainen na McLaren e na Renault. Glock e Trulli também foram peças que contribuiram para o insucesso da Toyota, na minha opinião, porque Kobayashi chegou lá e foi logo mandando ver! Mas Glock e Kovalainen não são os únicos mofados na F 1. Na atual GP 2, vejo alguns nomes que não merecem ficar incruados por lá durante anos, a exemplo do que ocorreu com Maldonado, Razia e Valsecchi, porque a fila na F 1 não anda: são eles James Calado, Esteban Gutierrez, Johnny Ceccoto, Fábio Leimer e Felipe Nasr, todos muito rápidos, ousados e extremamente combativos. Razia e Valsecchi merecem um lugar na F 1. Todos eles, no entanto, teriam que ir pelo menos para uma Force India ou uma Sauber, por exemplo. Numa HRT nem Vettel nem Hamilton iriam para o Q3 e numa Marussia nem Alonso iria ao pódio, é óbvio. A F 1 anda cruel!

  2. Isso sem falar no que fizeram com o Bourdais… Mal era ouvido dentro da equipe e ainda foi demitido por SMS…

    • Bem lembrado, Mayer. Bourdais não era um Vettel, até por condições diversas de adaptação, mas foi jogado fora e apesar de tetra na Champ Car , tenta hoje reconstruir sua carreira na Indy.
      Prefiro a Minardi. Muita gente boa passou por lá e não era mico não como, por exemplo, uma HRT e a própria STR.

      Ninguém ainda havia abordado esse tema. Muito bom Ju. Volta Minardi!

  3. Olá Julianne!
    É, fico pensando na chance que o Bruno Senna está tendo na Williams, fico pensado como seriam essa dupla da Toro Rosso em um lugar ao sol, talvez nunca veremos mesmo!

  4. Ju, no seu texto, vc cita pilotos bons em classificação e/ ou corrida. Fica a dúvida: esse diferencial dentro da maioria das equipes na F1, sobre ser rápido no sábado, ou no domingo, seria mais característica pessoal, ou algo que a categoria acaba induzindo nos pilotos, devido aos carros atuais, pneus…hehehe, sei que não existe piloto perfeito, mas parece que nesse ano, parece uma regra…seriam os Pirelli?

    • A grosso modo, dentro da atual conjuntura carro-regulamento-pneu, quem consegue deixar o pneu em temperatura ótima em uma volta lançada acaba cozinhando-o nos long runs. Há também a possibilidade do piloto trabalhar o acerto de maneira mais voltada à economia da borracha, o que vai dificultar a classificação. Como sempre, há aqueles que atingem o equilíbrio e se adaptam à necessidade do momento. Por isso, são considerados os melhores.

  5. rs Só acho que nao dá para falar que revelou “apenas” Sebastien Vettel…se a toro revelar um Vettel a cada a 10 anos terá cumprido muito bem seu papel


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