Um olhar diferente sobre a temporada 2008 da F1 Skip to content

Um olhar diferente sobre a temporada 2008 da F1

Entre uma temporada e outra, gosto de abrir o espaço do blog para vocês, os fãs, publicarem seus textos. Cada um pode trazer um pouquinho do que conhece ou sente, e por isso que essa experiência tem valido muito a pena. E é o que vocês vão perceber nos 10 textos ou vídeos selecionados nesta nova temporada do Blog Takeover.

Desta vez, selecionei dois textos que falam sobre 2008, começando por um relato de uma experiência única que o Nelson Aguiar dividiu com a gente.

O dia: quinta feira, dia 30/10/2008, estava em Interlagos a convite de um grande amigo que era Fiscal de Pista, e havia me prometido dar de presente de aniversário (01/11) estar na pista, conhecer o paddock, tirar fotos dos carros e, quem sabe com alguma sorte, encontrar algum piloto. Fomos avisados pelo radio que LH estava andando na pista a pé. Saímos do “QG”, um trailer, e entramos em uma viatura da F1 para rodar na pista, e na reta oposta já o avistamos, o coração disparou, e pensei, ‘vou pegar autografo com ele, ja que tinha levado uma comigo’, da seleção brasileira.

Passamos por ele, e na curva, na subida do laranjinha, estacionamos a viatura e ficamos aguardando ele chegar. Só que estavam também pessoas ligadas à McLaren, e acho que seguranças. No primeiro momento que o chamei, um “alemão” já respondeu “no no”. Fiquei acabado, mas aí eis que surge meu amigo, já com a câmera na mão, e pede diretamente a ele. Foi um emoção enorme, ele correspondeu, pegou o pincel atômico, estiquei a camisa e mandou o autografo, agradecendo de volta. O fotografo do GP registrou e em poucos minutos já estava escutando dos outros fiscais ‘aee Nersonnn’, e eu ainda brinquei, ‘imagina se ele ganha o Mundial aqui no domingo?’ E eles: ‘aí não né, tem que ser o Massa’.

Por força do destino, LH autografou a camisa da seleção brasileira na quinta, e no domingo ganhou seu primeiro titulo Mundial. E hoje com 7 títulos, acho que acabei dando muita sorte a ele, rs!

Final de semana incrível. Obrigado por poder estar repartindo isso depois de 14 anos. Espero que goste.

O segundo texto é uma análise de um dos campeonatos mais disputados das últimas décadas. Os carros eram bem menores, mais leves e ágeis, havia reabastecimento, os pneus não eram uma questão tão forte porque eram feitos para durar, os carros tinham controle de tração. Não era necessariamente melhor ou pior, mas era certamente diferente.

Por Rafael P Chinini
Revisado e apoiado por: Rodrigo Leão e Eve Louise Kurose

Hoje trago um tema que já foi muito lembrado, principalmente pela mídia brasileira, porém pouco explorado a fundo: o vice campeonato de Felipe Massa em 2008, última grande disputa de um Brasileiro por um título da F1.

Resolvi trazer o tema a tona novamente, pois foi uma época no qual acompanhei os campeonatos de forma intensa e tem espaço especial na minha memória, pois tive a chance de ir a Interlagos dois anos seguidos (2007 e 2008).

Assisti o desfecho de 2007 no setor G, com Kimi Raikkonen com toda sua frieza ficando com o título, depois da rivalidade intensa vivida entre Hamilton e Alonso.

No ano seguinte, dessa vez no setor A, uma decisão de campeonato para nós brasileiro, enfrentando chuva e vento para um dos finais mais emocionantes da história protagonizado por Felipe Massa e o ainda novato, porém já promissor, Lewis Hamilton.

Aqui os outros textos escritos por fãs no Blog Takeover

Como lembro de muitos detalhes da temporada de 2008, o objetivo é analisar mais a fundo o decorrer daquela disputa e tirar um pouco do estigma do torcedor e da mídia brasileira que resumem o resultado daquela disputa a dois personagens: Timo Glock, que em condições adversas a da corrida nada tinha a ver com a disputa do título, sendo perseguido por anos pelo torcedor menos fanático. E o desleal Nelsinho Piquet, que bateu propositalmente em Singapura para beneficiar Alonso e segurar sua vaga na Renault, desencadeando uma sequência de eventos que culminaria na falha de um pit stop não planejado da Ferrari, fazendo com que Massa saísse dos boxes com a mangueira de reabastecimento presa em seu carro.

Vamos então recapitular um pouco de um campeonato que, no final, foi decidido por apenas UM pontinho de vantagem a favor de Lewis (98×97). Convenhamos que uma diferença mínima como essa, mostra que qualquer detalhe pode ser considerado fundamental para o resultado final.

Felipe Massa abandonou logo nas duas primeiras etapas do mundial, Australia e Malásia. A segunda pra mim, mais emblemática, perdeu a frente do carro sozinho nas curvas 7 e 8 e abandonou a prova na brita, onde tinha grande chance de podium. 14 x 0 a favor de Hamilton, lembrando que a pontuação de 2008 seguinte a seguinte ordem: Posição:pontuação 1.o:10, 2.o:8, 3.o:6, 4.o:5, 5.o:4,6.o:3,7.o:2,8.o:1

A Ferrari conseguiu uma boa recuperação nas provas seguintes, com Raikkonen e Massa, intercalando vitórias e deixando ainda em aberto qual piloto do time Italiano seria beneficiado em caso de uma disputa contra McLaren, até Hamilton voltar ao ponto mais alto do podium no GP de Mônico, 6o etapa aquela ano, deixando a disputa em 38 x 34 a favor do inglês.

A partir do GP do Canadá, as coisas começaram a ficar emocionantes. No grande prêmio que rendeu a única vitória de Robert Kubica na F1, vimos Hamilton cometer um erro infantil, e causar um acidente na saída dos boxes que estavam fechados devido a um SC.

Hamilton então abandonou e Felipe chegou em 5o marcando 4 pontos e adivinhe, empatando o campeonato.

A corrida seguinte na França, na época disputada ainda em Magny-Cours, vitória de Massa e agora definindo sua posição como primeiro piloto da Ferrari naquele ano para disputa do título e zero pontos para Hamilton.

Na disputa em solo inglês, a chuva castigou o circuito de Silverstone e Felipe Massa fez uma das apresentações mais medonhas de sua carreira, rodou várias vezes e terminou a corrida em último lugar (apenas 13 carros terminaram a prova) e viu seu rival direto Lewis sair com a vitória. Ou seja, novo empate no campeonato, 48×48

Após vitória de Hamilton no GP da Alemanha, outra corrida emblemática que entrou na conta do vice campeonato, foi o GP da Hungria. Massa estava com a vitória nas mãos, quando viu seu motor Ferrari explodir a poucas voltas do final, tirando 10 valiosos pontos da sua somatória.

Embalado agora por boas apresentações e um motor confiável, Massa se viu recuperado no campeonato vencendo o GP da Europa em Valença e um discutível GP da Bélgica, mais um desfecho caótico provocado pela chuva nas voltas finais, apimentando uma disputa pela liderança entre Raikkonen e Hamilton. Hamilton sairia com a vitória e abriria 8 pontos de vantagem nessa altura, porém uma punição duvidosa na disputa com Raikkonen o fez cair pra terceiro e dar a vitória a Felipe Massa, deixando novamente o campeonato equilibradíssimo. Eu diria bem conveniente pra categoria naquele momento manter a disputa em aberto. Enfim, outros tempos, outros parâmetros (podemos ver o carro do Kimi deixado na pista sem entrada do SC o que seria inaceitável hoje em dia. Lembrando que estamos ainda 7 anos antes do acidente de Bianchi que mudaria muitos procedimentos de pistas).

Vemos que a lista de fatos é um pouco mais extensa do que simplesmente jogar a culpa na conta de outros pilotos e/ou outras situações nas corridas finais, existe muita história dentro um campeonato decidido por apenas um ponto.

O GP da Italia, também disputado na chuva, não foi bom para nenhum dos protagonista daquele ano, mas não podemos deixar passar em branco o que vimos naquele dia. Vitória do novato Sebastian Vettel, pilotando uma Toro Rosso. Daqueles momentos incríveis para os fãs da categoria, foi um privilégio poder acompanhar a ascensão de pilotos que viriam a fazer história anos depois.

Chegando ao fatídico GP de Singapura. Acidente proposital de Nelsinho, falha da Ferrari, vitória de Alonso e mais 6 pontos pra conta de Hamilton. Agora com 7 pontos de vantagem. (84×77) com apenas 3 provas para o final, a conta começava ficar apertada. Aqui podemos dizer que o destino aprontou das suas: Com o jogo de equipe da Renault que deu a vitória a Alonso e por consequência de fatos o erro da Ferrari, naquela lista de detalhes, esse pontos fizeram a diferença para o título de Hamilton, que foi principal algoz do próprio Alonso no ano anterior. As vezes é melhor não tentar manipular o destino.

O GP do Japão disputado novamente em Fuji, trouxe pouco progresso para os líderes e viu novamente uma vitória de Alonso. (84×79).

Vimos que durante todo o campeonato, Massa esteve à frente de Hamilton apenas após o GP da França. A estrela do jovem Hamilton brilhava mais forte, com menos erros e mais constância nos resultados.

GP da China, 1o e 2o para Hamilton e Massa. 94 a 87 e a decisão para a última corrida.

Felipe Massa fez tudo que precisava no GP Brasil. Pole position, estratégia perfeita, vitória incontestável. Hamilton que ainda tinha pouca intimidade com o circuito brasileiro, afinal deixou o título escapar no ano anterior, também não fez uma boa corrida em São Paulo em 2008, porém tinha bons pontos de vantagem e seu 5o lugar conquistado na última curva da última volta foi suficiente para assegurar seu primeiro dos, quem poderia imaginar, sete campeonatos.

Lembro da torcida ainda gritando campeão e eu com rádio nas mãos acenava “Não não! Não conseguiu..não conseguiu”.

O momento quase todos conhecem, alegria pela vitória e frustração pelo campeonato mais próximo que tivemos de ganhar escapar de forma quase cruel diante da torcida brasileira.

Nem Nelsinho, nem Timo Glock… e sim, também Nelsinho, também Timo, também Ferrari, também Massa e…. também Hamilton! ninguém teve culpa e todos tiveram culpa do desfecho do campeonato mais emocionantes da história até então (quem poderia imaginar 2021).

Hoje acredito que todo brasileiro lembra com orgulho da disputa daquele ano, apesar do resultado, saímos de cabeça erguida pois Felipe fez o que todo brasileiro mais gosta: fez o brasileiro TORCER.

Talvez naquele domingo a tarde eu tenha ido pra casa frustrado. Porém hoje, quase 15 anos depois, imaginem o orgulho que teria de dizer as próximas gerações “eu vi Hamilton ganhar seu primeiro campeonato”, assim como poucos viram Fangio, Senna ou Schumacher ganharem seus primeiros campeonatos. Eu e mais milhares de torcedores estávamos lá e vimos a história ser escrita diante de nossos olhos: temos que ter orgulho disso e não tentar achar culpados.

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