F1 Um prato cheio de estratégias - Julianne Cerasoli Skip to content

Um prato cheio de estratégias

O momento capital
O momento capital

O GP da Áustria foi um prato cheio para quem gosta de estratégia, com diversas variáveis mudando o cenário das disputas ao longo da prova – e, no caso da Mercedes, fazendo com que duas táticas diferentes entrassem, literalmente, em rota de colisão no final.

O pronto crucial que fez a corrida de alguns, e prejudicou outros, foi o Safety Car causado pelo estouro do pneu de Sebastian Vettel. Porém, outros fatores, como a falta de tempo de pista – devido à chuva na sexta – em um asfalto novo e as condições diferentes – com o clima bem mais frio – no domingo foram fundamentais para o final emocionante.

No sábado, a expectativa era de que os pneus ultramacios não chegassem a 10 voltas no início da prova. “Sabe quantas voltas conseguimos dar? Duas”, me disse Felipe Massa. Tanto que, quando os engenheiros explicaram a Lewis Hamilton que ele só pararia na volta 23 para fazer um pit stop na corrida, o inglês revela ter pensado que “não conseguiria de jeito nenhum”, mas muito estudo antes da corrida para adaptar seu estilo de pilotagem, aliado às temperaturas bem mais baixas, mudaram esse cenário.

Hamilton manteve um ótimo ritmo até a Mercedes decidir parar, na volta 21. Até aí, a equipe acreditava que essa seria a estratégia vencedora, além de estar marcando o que as duas Ferrari estavam fazendo, uma vez que o time italiano, largando com os supermacios, se comprometeu desde o início a fazer apenas um pit stop.

Vindo de trás, Rosberg parou 11 voltas antes de Hamilton e estava na tática de duas paradas. Para a equipe, isso seria mais adequado para quem tinha de forçar mais o ritmo para ganhar posições, ainda que, curiosamente, o alemão tenha dito após a prova que tinha “70% de borracha no pneu” quando se livrou dos ultramacios.

Sabendo que Rosberg estava em uma tática diferente, Hamilton disse que não se importou ao sair da primeira parada atrás do companheiro, pois sabia que não pararia mais.

Mas o cenário mudou com o Safety Car, causado justamente pela maior ameaça à vitória de Hamilton, que naquele momento era Vettel. Com isso, a Mercedes se convenceu de que parar duas vezes seria mais rápido. Talvez isso tenha a ver com Hamilton ter ficado preso atrás de Rosberg, uma vez que a diferença entre uma e duas paradas era mínima – e parar só uma vez só seria realmente benéfico andando com ar limpo.

Isso explica por que a Mercedes decidiu chamar Hamilton primeiro aos boxes quando sua estratégia foi revertida, dando-lhe a chance do undercut: desde o início ele, o pole, tinha direito à tática otimizada. Mas a parada não foi boa e o inglês escapou da pista em sua outlap, permanecendo atrás de Rosberg quando seu companheiro também parou.

Foi então que outra variável estratégica entrou em cena: Hamilton escolhera dois jogos de macios para o final de semana, contra um de Rosberg, que teve de colocar os supermacios, com os quais teria dificuldade de chegar ao final andando forte. “Sabia antes da corrida que ele teria essa vantagem e isso foi fundamental para que ele estivesse mais forte no final”, admitiu. Foi assim que os dois acabaram se encontrando na última volta. E o resto é história.

O GP teve outras narrativas interessantes, sendo fundamental para os resultados de Button e Grosjean, que ganharam um pit stop grátis, parando e voltando nas mesmas posições; para Wehrlein, que pôde descontar a volta que havia perdido ao parar pouco tempo antes, o que tornou possível pontuar quando os demais foram simplesmente saindo de sua frente ao fazer os segundos pit stop  ou abandonarem; e para Sainz, ainda que o espanhol tenha tido o trabalho de ultrapassar 4 carros na pista.

O mesmo SC acabou com as possibilidades de Felipe Nasr pontuar pela primeira vez no ano. O brasileiro, que largara com os macios e passara grande parte da corrida no top 10, não podia trocas os pneus naquele momento, pois seus supermacios não aguentariam até o final, e acabou vendo o pelotão se juntar. Quando fez seu pit stop, todo o trabalho para conservar os macios foi perdido.

6 Comments

  1. Ju, apesar de empatada em pontos com Vettel, parece cada vez mais eminente que este sera o ultimo ano de Kimi na Ferrari. Os boatos de um interesse da Renault no finlandês teriam procedência?

    • Não concordo que parece iminente a saída de Raikkonen, pelo contrário. E duvido muito que ele queira ficar na F-1 se não for na Ferrari.

  2. Ju, se o pneu do Vettel não estourasse, ele teria chances de vitória? Em qual voltam ele planejava parar?

    • Teria chances remotas, porque Rosberg já estava pouco mais de 1s atrás dele. Tudo bem que os dois teriam de parar de novo, mas o ritmo de quem vinha com 2 paradas era muito mais forte.

  3. Julianne , entendi sua explanação em relacao ao undercut do Hamilton, por ser ter sido o pole, mas vc acha que se tivesse dado certo Rosberg ficaria contente e não qestionaria o posicionamento da Mercedes ? Posso estar enganado mas não me lembro de casos onde o undercut foi usado por um piloto para passar somente seu companheiro de equipe, ainda mais o lider do campeonato. Não acho que se fosse o inverso, Hamilton ficaria quieto.

    • Os dois teriam motivos para questionar, mas o ponto principal é que o time sentiu que errou na tática de Hamilton e tentou consertar


Add a Comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquise
Redes Sociais
As últimas
Navegue no Site

Adicione o texto do seu título aqui