F1 Velocidade que corre na veia (delas) - Julianne Cerasoli Skip to content

Velocidade que corre na veia (delas)

Entre uma temporada e outra, gosto de abrir o espaço do blog para vocês, os fãs, publicarem seus textos. Cada um pode trazer um pouquinho do que conhece ou sente, e por isso que essa experiência tem valido muito a pena. E é o que vocês vão perceber nos 10 textos ou vídeos selecionados nesta nova temporada do Blog Takeover.

Achei que este vídeo da Stella e o texto da Laura dialogam, então lá vai um Blog Takeover em dose dupla:

Em defesa das “fangirls” da F1

Por Stella Vicente

Aqui o link do vídeo

A Velocidade Corre nas Veias

Por Laura Krell

Quando perguntamos aos fãs mais jovens de automobilismo como começou o interesse deles por esse esporte, surge uma resposta muito comum: “meu pai”. Minha história com a Fórmula 1, também é familiar, mas teve início de um jeito bem menos tradicional.

Minha mãe foi e ainda é um caso raríssimo. Nascida no fim dos anos 1960 em uma cidade do interior, ela não costumava ver muitas mulheres dirigindo durante sua infância. Mas sempre que encontrava as exceções, achava-as incríveis e sabia que também queria conduzir quando crescesse.

O interesse por carros não parou por aí. Aos 13 anos, uma reportagem na televisão sobre a F1 chamou sua atenção. Ela decidiu assistir a uma corrida no final da temporada de 1980 para entender melhor do que se tratava. A partir dali, iniciava-se uma nova paixão.

Não importava que ela fosse a única menina adolescente apaixonada pela velocidade, altamente incomum em seu meio social. Ela assistia religiosamente a todos os Grandes Prêmios, fossem de manhã, de tarde ou de madrugada. Comprava todas as revistas que encontrava sobre o assunto. Tinha um caderninho em que anotava as informações que apareciam na tela. Na época, eram bem menos explicativas do que os gráficos minuciosos que temos hoje, então organizar os dados disponíveis era essencial para um bom entendimento da corrida.

Aqui os outros textos escritos por fãs no Blog Takeover

Viu inúmeros pilotos correrem e comenta até hoje de nomes pouco lembrados pela história. Era uma grande fã de todos os pilotos brasileiros. Até hoje, considera Senna o melhor de todos os tempos e me conta, desde que me entendo por gente, as façanhas do piloto e do indivíduo extraordinário que foi.

Hamilton com uma jovem fã no GP do Japão de 2018 (Foto: Julianne Cerasoli)

Portanto, faz sentido que a morte do ídolo a tenha afastado de sua paixão, como aconteceu com grande parte dos brasileiros em 1994. Durante vários anos, ela manteve-se completamente desligada da F1. Mas o amor pelos carros foi mais forte do que o trauma. Em 2007, minha mãe iniciou uma nova fase de sua paixão automobilística. Voltou a acompanhar todas as corridas, mas desta vez, algo era diferente. Ela tinha uma companhia com quem dividir o sofá aos domingos de manhã: eu.

Aos 5 anos, eu adorava ver as corridas. Achava tudo aquilo muito divertido. Gostava muito de torcer pelos pilotos brasileiros, além de começar a admirar outros integrantes do grid. Mas quem eu admirava mesmo era ela. Eu a via como uma espécie de enciclopédia humana da F1, que entendia de todas as regras, informações e acontecimentos. Para mim, isso era fascinante. Esses momentos com ela permanecem sendo algumas das minhas
melhores e mais especiais memórias de infância.

Ao longo dos anos seguintes, me interessei por outros assuntos. Já não assistia aos Grandes Prêmios com muita atenção e geralmente fazia outra coisa enquanto minha mãe seguia vidrada na televisão. Mas em 2019, tudo mudou. Eu passava por um período estressante e queria uma nova atividade para relaxar durante as férias. Ouvi algumas histórias sobre o início da temporada da F1 naquele ano que me deixaram curiosa. Assim, tomei uma das melhores decisões da minha vida. “Acho que vou começar a ver algumas corridas de F1 com a minha mãe durante essas férias. Nem que eu pare depois para focar nos estudos, mas por enquanto, vou fazer isso”, pensei.

Eu só não tinha ideia que existia uma paixão adormecida dentro de mim.

Por meio da Fórmula 1, entrei em contato com a minha criança interior num momento em que isso era absolutamente necessário. Não tinha noção do quanto eu sentia falta de ver aqueles carrinhos acelerando, até que eu me abri o suficiente para que eles voltassem à minha vida. Com isso, o automobilismo passou a ser uma atividade de mãe e filha mais uma vez. Hoje em dia, estamos sempre conversando sobre isso, atualizando uma à outra com as notícias fresquinhas e o mais importante de tudo; encontramos tempo em meio às nossas rotinas frenéticas para passarmos momentos de qualidade juntas.

Percebi que a velocidade corre nas minhas veias. Sempre correu. Mas não só isso. Além de ser hereditário, meu gosto pelo automobilismo foi nutrido com muito amor por uma das pessoas mais importantes na minha vida. Então eu e minha mãe seguimos nesta corrida juntas, sem previsão de voltas para acabar. E eu não poderia ser mais grata a ela por isso.

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