Não foi exatamente um clássico de Interlagos, mas o GP de São Paulo teve ação no começo e no final, com uma disputa incrível pelo terceiro lugar entre Fernando Alonso e Sergio Perez. Lá na frente, Max Verstappen controlou um único ataque de Lando Norris na volta 4 e só passaria por um susto no final, quando ficou assistindo ao telão para acompanhar a briga do companheiro e quase perdeu o carro.
Verstappen já tinha vencido a sprint, também tendo Norris como seu rival mais próximo. No domingo, o inglês largaria em sexto, mas logo surgiria em segundo. Quem deveria estar nessa posição era Charles Leclerc, que ficou pelo caminho ainda na volta de apresentação por uma falha hidráulica na Ferrari. Então Norris aproveitou o espaço vazio do segundo posto do grid e a largada ruim das duas Aston Martin, que dividiam a segunda fila, para deixar sua classificação ruim para trás.
Norris fez isso mesmo largando com pneus macios usados. Ele os trocaria por seu jogo de macios novos logo em seguida, na bandeira vermelha do final da primeira volta, causada pelos detritos de um acidente entre Kevin Magnussen e Alex Albon que acabou envolvendo também Oscar Piastri e Daniel Ricciardo.
Os australianos conseguiram voltar à corrida, mas uma volta atrás, já que seus carros tiveram de ser recolhidos na garagem durante a bandeira vermelha.
Norris tenta (único) ataque após relargada
São dois que poderiam muito bem estar na disputa do top 10, até porque a AlphaTauri estava andando muito bem. A classificação não tinha sido boa, mas Yuki Tsunoda foi abrindo caminho, a exemplo do que tinha feito na sprint, e o ritmo de Ricciardo era muito forte também.
Voltando à disputa na ponta, Verstappen ficou exposto após a bandeira vermelha, pois só tinha pneus macios usados, e sabia que Norris colocaria seu jogo novo. Isso não foi suficiente para o inglês ameaçá-lo na relargada, mas permitiu que a McLaren viesse muito forte na volta 4. Verstappen se defendeu, abriu mais de um segundo para fugir do DRS, e depois só foi ampliando sua vantagem, principalmente quando colocou o composto médio no meio da corrida. Norris foi segundo. Os dois em outra dimensão em Interlagos.
Mercedes vive pesadelo em Interlagos
Em um final de semana terrível para a Mercedes, em que faltou estabilidade para cuidar dos pneus e velocidade de reta, Lewis Hamilton se viu em terceiro após a relargada, mas logo foi sendo ultrapassado por todos. A equipe até tentou fazer com que George Russell o protegesse, mas logo o inglês também foi superado. Russell acabou abandonando após o aumento da temperatura do óleo no motor, e Hamilton fechou a tarde em oitavo lugar.
Alonso foi o primeiro a passar o heptacampeão, na volta 3. A Aston Martin tinha muita velocidade de reta em Interlagos, e escolheu uma configuração mista entre os assoalhos novo e velho que pareceu dar mais estabilidade ao carro. Alonso correu sozinho na primeira metade, mas teria trabalho na segunda.
Mais atrás, Sergio Perez tentava a recuperação depois de se classificar em nono. Ele ganhou duas posições na primeira largada, uma na segunda, e ficou preso atrás de Russell até a volta 13. Quando as Mercedes anteciparam a primeira parada para tentar usar o undercut para recuperar terreno, ele também teve que parar, na volta 20, relativamente cedo.
Quando os demais pararam, entre as voltas 28 e 30, Perez tinha superado também Hamilton e estava em quarto, perseguindo Alonso. O mexicano chegou rapidamente, mas ter pneus cinco voltas mais usados que os de Alonso dificultou uma manobra. Ele teria que esperar o último stint para atacar.
Corrida forte para Gasly e Tsunoda vindo de trás
Tsunoda e Gasly vinham abrindo caminho. O japonês largou em 16º, apareceu em décimo após a primeira largada e veio andando com as duas Alpine até Esteban Ocon sofrer muito com os pneus e adotar a estratégia de três paradas.
Sua corrida passou a ser com Gasly, mas um pitstop ruim o jogou no trânsito. Mesmo assim, ele terminou a corrida em nono lugar, enquanto o francês foi o sétimo, tendo largado em 15º. Foram três posições na largada, mas o momento decisivo foi na segunda largada, quando ele superou justamente Tsunoda e Ocon. Podendo fazer seu próprio ritmo, Gasly ainda passaria Hamilton na pista.
Gasly celebrou ter andado próximo da Ferrari de Carlos Sainz, que largou em sétimo e terminou em sexto. A Ferrari teve problemas de aquecimento do motor na sprint, e o espanhol teve alguns sustos com a embreagem e o câmbio. Mas, essencialmente, faltou ritmo. Até para superar Lance Stroll, que foi quinto com a Aston Martin. O canadense foi outro que passou Hamilton de passagem na corrida.
Como Alonso x Perez virou um clássico
Mas a grande disputa seria entre Perez e Alonso. Com cinco voltas para o final, Alonso pensou que o terceiro posto estava garantido. Afinal, fazia várias voltas que Perez estava em sua zona de DRS, mas sem conseguir colocar de lado.
Mas Perez não tinha desistido. Ele tinha economizado pneus e decidiu arriscar tudo, usando toda sua bateria, na penúltima volta. Fez a ultrapassagem, mas sabia que estaria exposto, pois não seria possível recarregar toda a bateria no restante da volta.
Não ajudou que ele cometeu um pequeno erro na abertura da volta final. Alonso chegou mais perto, e passou na reta oposta. Perez ainda tentou dar o troco, e por muito pouco não revidou a manobra na linha de chegada. A diferença entre os dois foi de 0s053.
Mesmo fora do pódio, Perez abriu 32 pontos de vantagem para Hamilton na disputa pelo segundo lugar. E a Aston Martin pontuou mais que a McLaren pela primeira vez desde o GP da Holanda.
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