A cara de Montreal: poutine, a batata-frita ‘com grife’
O melhor lugar para comer: restaurantes asiáticos, especialmente um achado do Ico
O que evitar: o bar Hooters
Sempre aponto o GP do Canadá como um dos mais legais para curtir pelo clima em que a cidade fica por conta da prova – e ano passado um grupo de amigos meus que mora no Canadá e não entende nada de corrida foi e adorou a experiência. Mas a culinária de Montreal não é o forte da etapa, ou pelo menos ainda não fui apresentada àquela refeição inesquecível.
O que não falta, de fato são opções. Como Montreal é uma cidade repleta de imigrantes, muitos vindos da Ásia, você encontra facilmente tipos de culinária variados e, é claro, estando perto dos Estados Unidos, fast food e hambúrgueres estarão por toda a parte.
Como também está por toda parte a tal de poutine. O prato, inventado na década de 1950 e cujo nome virou gíria em Quebéc, querendo dizer bagunça, é a simples mistura de batata frita com queijo qualho e uma espécie de molho inglês. É claro que, ao redor de Montreal, você vai encontrar versões mais criativas do prato, sempre com a base da batata frita e algum queijo. Imagine o sem-número de combinações possíveis!
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Dá para entender, portanto, por que só ter uma receita de poutine não é suficiente para inovar no mercado e, ano passado, não pudemos deixar de reservar uma mesa no restaurante Vladmir Poutine, cheio de fotos do líder russo praticamente homônimo. Infelizmente, o nome e a decoração eram o melhor do lugar, com um serviço péssimo e comida que deixou a desejar.
Não que poutine seja a melhor coisa para comer, de qualquer maneira. Mas imagino que, especialmente nos dias congelantes de Montreal – e eles são muitos – a visão mais reconfortante para seu estômago será batata frita quentinha e queijo fumegante!
Falando em serviço ruim, essa é uma marca de Montreal para mim, possivelmente amplificada pelo fato de sempre ir para lá quando a cidade está bem cheia devido ao GP – e, acredite, o centro de Montreal fica parecendo uma liquidação pós Natal. Mas existe um traço comum com os EUA em relação à qualidade do serviço: são lugares em que se espera gorjetas altas independente do atendimento, e via de regra garçons e garçonetes são bem jovens, querendo fazer um pé de meia e não muito interessados em fazer um bom trabalho.
A turma do Vladimir não foi grandes coisas em termos de serviço, mas ninguém bate o bar Hooters. Trata-se de uma rede que une telões com esporte a garçonetes usando roupas mínimas e decotes gigantes, e que provavelmente só são contratadas se seus sutiãs ultrapassam o triplo D ou algo do tipo – as meninas vão entender essa! Pelo menos uma noite durante o GP meus amigos se empolgam para ir comer lá. E em meia hora lembram por que não deveriam ter ido. A não ser que você quiser esperar mais de uma hora por sua bebida e morrer de fome só para ver um par de seios te servindo.
Mas há, como sempre, o outro lado da moeda. Os restaurantes comandados por asiáticos são de uma eficiência ímpar. É fácil de explicar: na China, há muita gente para comer. Na Coreia e no Japão, pouco espaço.
Foi em sua pesquisa científica do melhor restaurante coreano de cada cidade do mundo que Luis Fernando Ramos, o Ico, descobriu o Ganadara, um restaurante minúsculo que parece viver com uma fila de espera na porta, cheia de orientais. Melhor sinal não existe e comer pelo menos uma noite lá se tornou uma tradição, que tenho mantido com outro jornalista fã da culinária asiática, o português mais japonês que existe, Luis Vasconcelos. Tanto, que ele vai no coreano e sempre pede um katsu, que é prato adivinha de onde? Já eu gosto de variar, mas quem não tem medo de um prato apimentado – e culinária mexicana é fichinha perto da coreana em relação a pimenta! – nada como um tradicional Kimbap. Afinal, pimenta é termogênico, não é? E, nas noites geralmente fresquinhas de Montreal em junho, o coreano no final das contas cai bem.
1 Comment
Fui no ano passado para lá.
Minhas experiências gastronômicas foram excelentes, inclusive nos asiáticos. A melhor foi em um dos restaurantes do Martin Picard.
Montreal é fantástica, principalmente na época do festival internacional de jazz. Voltarei ano que vem.