Se Webber já se sentia “emocionalmente prejudicado” na Red Bull em 2010, tudo leva a crer que, com o companheiro ostentando um título mundial, os piores dias estejam por vir para o australiano, que lutou pelo campeonato até o final e só pode culpar a si mesmo por tê-lo perdido. O piloto completará 35 anos em agosto e, fazendo o tipo “contra tudo e todos”, pouco soma ao estilo descolado da empresa austríaca. É difícil imaginar que Christian Horner e companhia tenham qualquer motivo para mudar de atitude em relação ao 3º colocado em 2010.
É fato que ninguém esperava que o velho leão de treino ameaçasse de qualquer maneira Vettel, o menino prodígio que chegou à Red Bull em 2009 como o piloto mais jovem da história a marcar pontos e fazer pole e vencer de Toro Rosso numa ensopada Monza.
Com uma bala nas mãos, porém, a diferença de talento é menos perceptível, e Webber fez corridas perfeitas, deixando para trás a fama de atrapalhado e azarado. Quando seu companheiro livrou-se dos erros e das quebras, foi recortando lentamente a diferença, até que Mark cometeu 2 falhas capitais, na chuva coreana e na tensa classificação de Abu Dhabi, que acabaram com o que muitos acreditam ter sido sua única chance de ser campeão.
Como todo bem aportado piloto Briatore, Webber por várias vezes foi quem permaneceu em times que trocaram suas peças no meio do ano. Foi assim na Minardi, na Jaguar e na Williams. No time de Frank Williams, inclusive, fazia um campeonato ligeiramente pior que o de Nick Heidfeld em 2005 (24 x 28 pontos), mas sobrou para o alemão dar lugar a Antonio Pizzonia.
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Excetuando-se esses campeonatos, ficou à frente, e de forma convincente, de Christian Klien em 2004 e David Coulthard em 2008. Somou mais pontos que Nico Rosberg, na temporada de estreia do alemão, mas os 7 x 4 num ano sofrível da Williams não servem muito para comparação.
Em seu 1º ano de Red Bull, em 2007, teve um duelo igualado com Coulthard – 10 pontos, com um pódio e mais duas provas na zona de pontos, contra 14 pontos em 4 corridas do escocês – mas sofreu com o frágil RB3.
A chegada de Vettel – ao contrário dele, então com 32, já vencedor de GP aos 22 – em 2009 resultou na maior defasagem que teve em relação a um companheiro: 84 a 69,5. Curiosamente, vinha emparelhado com o alemão – o 4º no caminho do australiano – até a metade da temporada, quando passou a classificar-se mal e se perder na corrida, enquanto Vettel ganhava 2 das últimas 3 provas para tornar-se vicecampeão.
Em 2010, ambos tiveram um dos duelos mais apertados no grid: empataram em número de pódios e voltas mais rápidas e praticamente ficaram igualados nas médias de classificação (com vantagem de apenas 4 centésimos a favor de Vettel, embora tenha feito 10 poles, contra 5 de Webber). Por isso, é plausível acreditar num 2011 igualmente parelho – ainda mais se o RB7 for tão bom quanto seu antecessor – mas as feridas “emocionalmente abertas” da ferrenha disputa do ano passado prometem atormentar o australiano. Resta a ele mostrar que aprendeu a deixar a roupa suja dentro de casa.
10 Comments
Ju;
Minha internet voltou a sua velocidade normal então volto a opinar aqui no Faster.
Então, sem muito o que acrescentar ao seu texto, reproduzo o artigo que escrevi horas atrás, compartilhando, também, um pouco do que você diz aqui:
“A ideia do post era outra, mas realizando uma pesquisa, talvez até um pouco detalhista, me vieram a mente os episódios de Istambul e Hockenheim 2010. Como nós já estamos cansados de saber, na Turquia ocorreu o acidente entre Webber e Vettel e em Hockenheim Massa deixou Alonso passar. Você deve estar se perguntando aonde está a semelhança em um “simples acidente de corrida” e uma suja ordem de equipe. Pois bem, tentarei explicar:
No GP da Turquia o acidente que tirou a terceira vitória consecutiva de Webber e rendeu um banho de críticas a Vettel pelo seu modo de pilotar quadrado foi investigado caprichosamente por alguns blogs mundo afora e várias respostas viáveis e “científicas” foram encontradas.
Webber estava no modo de poupar combustível no momento do acidente e diminuiu as revoluções do seu motor para que a quantidade de gasolina no seu tanque fosse suficiente para chegar sem problemas até o final.
Vettel era mais rápido que o australiano já que por ter se encontrado atrás de Lewis antes da parada nos boxes havia economizado, mesmo que sem intenção, um pouco de combustível- e a sua única chance de investida seria na volta 40, onde ocorreu a batida. Na 41 também entraria no modo de conservar a realizar uma investida se tornaria muito mais difícil.
O que se seguiu depois foi um Vettel desesperado a engolir Webber antes de uma curva pois aquela seria a sua última oportunidade- mas o Aussie não aliviou e não deixou espaço algum para a tomada da próxima curva, ocasionando a batida.
O caso de Hockenheim pelo que foi escrito acima não tem quase nada de parecido com o de Istambul: Alonso era mais rápido que Massa e a Ferrari lhe mandou uma mensagem pelo rádio para que abrisse passagem para Fernando. O “quase” se refere a que Vettel e Alonso eram mais rápidos que seus respectivos companheiros.
Aliados a isso, e já não é surpresa para ninguém, Red Bull e Ferrari nutrem um favoritismo quase incondicional pelas suas duas estrelas- Vettel, por um lado, e Alonso, em Maranello.
Ambos são, agora, campeões e são em sua própria figura uma mina de ouro e propaganda, promissores e levam uma legião de fãs ao redor do mundo. Mesmo que a paixão pro Seb seja recente, desde Monza/2008 já se disseminava pelo paddock que estava nele o novo Schumacher.
Com uma vitória na Turquia, Webber estaria completamente esmagando Vettel- seria sua terceira seguida na temporada. A Red Bull, e isto não se trata de nenhuma teoria conspiratória, lhe convém que Vettel vena- e não Webber. No final das contas ela conseguiu fazer isso muito bem.
Para os que não se lembram, após o GP da Turquia, Helmut Marko, dirigente da Red Bull, rendeu boas críticas a Mark Webber e Ciaron Pilbeam, o engenheiro de corridas do australiano.
Ciaron era o responsável pela comunicação com Webber via rádio e ele, em suma, era quem teria que dizer para Mark deixar Vettel passar. Obviamente Pilbeam, grande amigo de Mark na intimidade, não fez isso e a ira da Red Bull transmitiu-se ao redor do mundo de uma forma voraz e realista.
Mas… Não seria isso que Rob Smedley, engenheiro de pista de Felipe Massa foi encarregado de fazer em Hockenheim? “Fernando is faster than you, can you confirm you understood that message?” foi a mensagem que Rob deu a Felipe poucos minutos antes da ordem de equipe que crucificou a Ferrari na temporada de 2010 e provocou a ira de milhares de fãs de Felipe no Brasil e no mundo.
Em suma, os casos são idênticos- Dois engenheiros sendo forçados a comunicarem aos seus pilotos, que se encontravam na liderança da prova, cederem passagem ao seus respectivos companheiros, que eram mais rápidos.
A diferença foi que Pilbeam não acatou a ordem e Smedley sim. Apenas isso. Pois tanto quanto Red Bull e Ferrari moviam naqueles instantes interesses por Vettel e Alonso e precisavam da vitória de cada um deles. o espírito de trabalhar pela equipe, no caso da Ferrari, tentou mascarar o estrago, mas isso pouco adiantou.
O que outros também não lembram é que o mesmo Max Mosley que atacou a Ferrari pela ordem de equipe e alegou que o título de Alonso estaria colocando a credibilidade da F1 em cheque, foi quem disse que Webber estava mais lento e, portanto, tinha que deixar o Vettel passar.
O que eu me pergunto é o seguinte: Massa TAMBÉM estava mais lento do que Alonso. Logo, Mosley, ele teria que dar passagem para Alonso? São partes do quebra-cabeça que até hoje não encaixam- e não devem encaixar nunca.
O propósito deste artigo é: Red Bull e Ferrari podem, sim, estar malcriando Vettel e Alonso. Pois a verdade é esta: Para que passar maus momentos vendo uma briga entre colegas de equipe na pista pela ponta da corrida se tudo pode ser arrumado por mensagens via rádio?
E também que a corporativista Red Bull não tem nada de santa ou inocente. Apesar de nova em disputa por títulos, ela possui a mesma alma da Ferrari- apesar de que lavada, pois nem de longe uma marca de energéticos possui o prestígio construído por Enzo Ferrari em Maranello.
As duas possuem dois pilotos-marketing e suas vitórias/títulos convém mais do que o triunfo dos segundos pilotos. A realidade pode ser dura mas está aí. Só não vê, infelizmente, quem não quer.
De forma alguma, porém, isto se trata de uma defesa à Ferrari- Eu não torço por equipes. Também não me dou o direito de tirar o mérito de Vettel e Alonso- Ambos são pilotos sensacionais com muito talento, mas que estão sendo criados como reis sem precisar enfrentar o perigo de uma simples ultrapassagem em um companheiro de equipe.
Enfim. Escrevi este texto pois penso que falta um pouco de opinião por parte da mídia especializada (apesar de eu não ser, ainda) quanto a temas delicados. É mais fácil dizer que o triunfo da Red Bull é a vitória do esporte do que se empenhar em ligar as peças e ver que ela não passa, no fundo, de uma Ferrari moderna que se move em uma única estrela e quer a sua vitória a todo custo. Pensem nisso.”
Beijos e continue o bom trabalho por aqui. Tomás.
Também escrevi sobre isso na época do final do campeonato. A “igualdade” da Red Bull é para consumo externo, é coisa da empresa Red Bull e não da equipe, formada por gente que vem do automobilismo e sabe que favorecimentos, momentâneos ou sistemáticos, são inevitáveis. Não há dois chassis idênticos, dois motores, duas estratégias de corrida, etc.
Mas, para entender isso, é preciso uma profundidade que uma página de jornal/matéria de TV não pode dar, por isso é uma noção que fica restrita a quem se dedica a ler sobre o assunto. Quem só assiste às corridas fica com a noção que é vendida, e sabemos bem qual é.
A relação que vc fez entre os 2 episódios pode ir até mais longe. Além do fato de que Alonso também estava usando uma mistura mais rica de combustível que Massa naquele momento da prova, o modo como a Ferrari agiu parece uma resposta direta ao que a Red Bull fez.
Provavelmente, se as coisas não tivessem dado tão errado (e quase o mesmo acontece com os pilotos da McLaren depois, eles chegaram a se tocar) na Turquia, a Ferrari não teria sido tão óbvia an Alemanha – e continuaríamos com a regra que só fingiam respeitar. Você não acha?
Exatamente Ju.
Olha, eu acho que não é tanto os episódios em si que me incomodam.
O que me irrita é ver pessoas (até alguns jornalistas sérios, claro que você não, no caso) que saem dizendo os 4 ventos que a vitória de Vettel foi o triunfo do esporte e a Ferrari é suja, desdeal, mestre em ordem de equipe, etc.
Na verdade a Ferrari pode ser isso sim- mas a Red Bull também. Só não sei como ela conseguiu fazer milhões de pessoas engolirem o papel de que ela é correta. A mim, (e imagino você) não nos engana.
No mais, é isso. Vettel e Alonso continuarão sendo preferidos e Webber e Massa terão que se superar para tentar alguma investida.
Essas coisas são complexas. Não estou justificando, só colocando uma possibilidade para você pensar. Jornais, assim como energéticos e carros, também têm que vender. Por mais que quem ame automobilismo entenda que o jogo de equipe está no DNA do esporte, não são essas pessoas que sustentam o jornal, as latinhas, talvez os carros (e aqui entendemos por que uma empresa deixa seu jogo mais claro que outra…). O GP da Alemanha colocou o esporte numa situação delicada frente ao público em geral e talvez fosse mais lucrativo (como certamente é para as latinhas) uma outra imagem.
A diferença entre Vettel e Webber aumentará este ano. O retorno do KERS e sua pesada pafernália o prejudicará, ele é um dos maiores e mais pesados pilotos do grid, ao deixar com pouco espaço para trabalhar o lastro do carro. Cada quilo e décimo de segundo faz uma tremenda diferença, vide as apertadas classificações que ele perdeu para seu companheiro este ano.
Além disso, a Red Bull deve naturalmente se unir cada vez mais ao redor do Vettel, para desgosto do australiano.
esse post tem um resquício do anterior, afinal, webber é o “excluído”, hehe, até eu queria ser excluído assim ($$$$$$), hehe! se em 2011, nascer um rbr tão bom quanto o de 2010, a tendência será as coisas se nivelarem, pois, seguindo “sua teoria sobre os grandes carros/nível de pilotagem”, os erros serão menores. o ponto positivo de webber em relação a massa, é que vettel, apesar de rápido, está em formação, enquanto alonso, já é um piloto completo, ruim para massa. sobre o ponto que o tomás motta citou, para acrescentar, na mclaren, é notável a “assistência” que a mclaren deu para hamilton, na mesma turquia! “vamos trazer as crianças para casa, só que agora em inglês britânico”, muito bem demonstrado com a insatisfação de lewis, por ter sido atacado por button, como quem diz: olha a petulância do cara querendo me desbancar, hehe. os fatos estão na mesa, basta um pouco de boa vontade na leitura, afinal, na história da f1, os melhores sempre são privilegiados.
Concordo Wagner, a McLaren tem sua preferência ao Lewis e quem não vê é porque não quer. Ou não se importa, pois até ela é bem menor do que no caso da Red Bull e Ferrari.
Mas que ela existe (e continuará existindo) não se pode negar.
Não acho que é menor, é só o Button continuar andando atrás, já feliz por ter sido campeão. Se ele estiver por perto na 2ª metade do campeonato, veremos o que vimos em 2007.
Não há a menor chance pra Weber. Ele se indispôs com a equipe em vários episódios e, agora, com Vettel e a própria RedBull campeões do mundo o ambiente dentro da equipe será muito diferente de 2010.
Também ainda não entendi o que ele queria com tudo aquilo… parece que ele jogou todas as fichas naquele campeonato e não deixou nenhuma guardada caso Vettel o batesse!