Em um esporte no qual cada décimo de segundo conta, não é de se estranhar que o DRS tenha passado de artifício para fomentar ultrapassagens a diferencial de performance. Passou do ponto, inclusive. Tanto, que a solicitação dos próprios pilotos fez a FIA restringir seu uso a partir deste ano. Agora, o DRS só poderá ser ativado nos trechos previamente delimitados – uma ou duas retas, dependendo do circuito – mesmo durante a classificação, quando antes eram liberados. Mas como isso afeta os carros?
Primeiramente, é bom deixar claro de onde vem esse pedido. “Os pilotos estavam pedindo isso há algum tempo. Por que adicionar mais risco?”, questionou Mark Webber. Com o DRS liberado, os pilotos tentavam acioná-lo o mais cedo possível na saída das curvas e, quando passavam do limite, geralmente em treinos livres, as saídas de pista eram inevitáveis. Isso porque é necessário que o carro esteja estabilizado para manter a eficiência aerodinâmica sem parte da asa traseira funcionando para grudá-lo no chão.
A função do DRS é diminuir a resistência do ar – o drag – para aumentar a velocidade de reta. Na curva, portanto, um carro com o DRS aberto teria menos pressão aerodinâmica e não conseguiria ir tão rápido – ou então, o piloto perderia o controle.
Mas então o DRS caiu porque pilotos que não tinham “braço” suficiente para usá-lo no limite achavam a brincadeira perigosa? Bom, certamente a sensação de perder o carro numa reaceleração não deve ser das melhores. Porém – e não dá para saber o quanto isso influenciou a pressão dos pilotos – é inegável que o DRS liberado é uma vantagem para os melhores carros.
O carro que gera mais pressão aerodinâmica em condições normais vai estar no chão antes dos demais nas saídas de curva, permitindo que o piloto acione mais rapidamente o DRS. Com a asa aberta, ganha-se algo perto de 10km/h, dependendo do circuito. A diferença no tempo de acionamento é bastante sutil – é normal que, a olho nu, só fique clara quando se compara, por exemplo, uma Red Bull e uma HRT – mas, quando repetida por diversas vezes na volta, o resultado se vê no cronômetro. Ou se via.
Claro que ter essa vantagem com o DRS liberado não chega a ser injusto, até porque é um prêmio a quem tem as melhores soluções aerodinâmicas e a F-1 é, essencialmente, um campeonato de construtores temperado com os melhores pilotos. Mas, juntando a inquestionável preocupação com a segurança com uma chance de igualar mais o jogo na classificação, a FIA não teve dúvida. E o DRS será rei agora apenas onde nasceu para ser, nas corridas.
Nos próximos posts, vou explicar por que a Ferrari tem motivos para comemorar as restrições no DRS e que história é essa de DRS passivo.
23 Comments
Eu continuo achando injusto o DRS nas corridas. Dar ao atacante uma oportunidade e tirar a oportunidade de defesa do carro que vem a frente é injusto. Muitas e muitas brigas foram perdidas, pq o piloto de trás apertou um botão e passou feito um foguete sem dar chances de defesa ao que ia a frente. Exemplo clássico disso é Vettel e Hamilton nos EUA em 2012. Depois de inúmeras voltas e o Vettel segurando o britânico, vem o DRS e estraga toda a brincadeira. Eu acredito que o Hamilton poderia passar sem DRS. Mas pra que se esforçar se tem esse troço.
Do jeito que vc fala só o carro do hamilton tinha DRS.Porque o Vettel não colou no Hamilton e o ultrapassou usando também o DRS?(simples não teve competência).Ganhou o melhor.O Hamilton conseguiu fazer o que o Vettel não conseguiu .
pode cre concordo com vc plenamente se o vettel nao teve competencia para dar o troca fazer o q né
Ok…mas qtas vzs o Vettel ganhou as corridas usando o DRS ???
Nos EUA ele se atrapalhou com o retardatário…ai o Hamilton deu o bote nele…e venceu o melhor.
Minha sina com o DRS é a seguinte. Na metade da reta o Hamilton passou lotado. Se não existisse o DRS o Vettel poderia tentar uma defesa e a brigar ficar mais bonita… Mais instigante… As manobras mais lembradas são as brigas curva a curva, roda a roda e, em 2012, essas não contaram com o DRS e sim com os pilotos lutando na boa.
Esse ano o Choronso dificilmente perde o campeonato. A própia FIA tá afim de um título para Ferrari. Tomara só que o Massa ande bem como no final do ano e bata ele numas classificações, só pra ver a chiliquenta bem loca! kkkk
Acho q. esse ano é do Kimi…vai ser díficil um 2012 pro Alonso novamente…acho q. o ano passado ele estva no topo de pilotagem. Vms ver como será este ano.
Não sei se acho injusto o DRS nas corridas (com ou sem restrições). Talvez não seja mera questão de potencializar a oportunidade do atacante, diminuindo a possibilidade de defesa. Como bem lembra Julianne, a F1 é antes de mais nada um campeonato de construtores, e esse tipo de artifício me parece bem engenhoso para apimentar o aperfeiçoamento dos carros. Os pilotos são competitivos, nenhum ali quer perder um milésimo, e vão usar o que puderem, sempre. Até “zebra”. O post me deixou, afinal, curiosa para saber sobre esse tal de DSR passivo…
Olá, Josiane.
Então, mas pensa comigo. Se for pra potencializar mesmo o desenvolvimento dos carros, cria um botão que retira (ou inclina, talvez fosse o ideal) a asa toda, pra poder usar todo o potencial da asa aberta em reta, e volta ao normal na curva. E poderia existir o duto, já que foi um invento também. Quantos inventos foram suprimidos para o bem do espetáculo. Os coitados dos construtores trabalharam em alguns para jogarem fora… Não é bem por aí
Não é o caso. A DRS foi criada pra aumentar o número de ultrapassagens. O problema é que nem sempre ultrapassagem é bom indício. Briga é que é bom. Lembro de uma briga entre Arrows e Mclaren no início dos anos 2000. O piloto segurou uma volta a Mclaren. Passou pq tinha mais carro, mas o piloto provou que tinha braço. Não lembro quem era os pilotos, minha memória não chega a ser tão boa.
Agora o piloto pode dosar, até pra economizar pneu, durante a volta, chega perto da reta senta a bota, passa, e o defensor só pode mostrar o fundo do carro. Até o patrocinador do defensor fica p da vida, pq investiu a marca e nem deu pra ler o nome da marca.
E é aí que fica injusto. Ora, se eu no trabalho duro ganhei posições no qualify, chega na corrida os carros me passam como se eu nem estivesse ali. É sacanagem com o piloto bom de qualify.
Por isso minha opinião. Se é pro atacante, tem que ser pro defensor (como o Kers). Senão, nenhum ganha.
Américo, foi o brasileiro Enrique Bernoldi , de Arrows, segurando no braço David Coulthard, de McLaren. Depois, em 2010, também em Mônaco, Lucas Di Grassi fez das tripas coração com uma Manor anoréxica e conseguiu segurar por algumas voltas Fernando Alonso, já de Ferrari, provocando no espanhol mais uma daquelas atitudes que são absolutamente desnecessárias e não se coadunam com a sua genialidade, pois Fernando vinha em remontada, após partir lá de trás e trocar pneus, e o brasileiro defendia etica e heroicamente sua posição. E não considero Alonso um piloto cerebral, acho-o muito combativo. O DRS realmente retira o mano a mano, mesmo em Mônaco.
É disso que eu me refiro. Que bonito é o trabalho do piloto pensando onde ele poderá superar o rival de forma indefensável. E hoje em dia a resposta é: Na zona da DRS. Não há discussão.
Aí que mora o problema, Josianne…
Se é pra valorizar os inventos, tem que voltar tudo, desde turbo, suspensão ativa, duto, bla, bla, bla… Quantas invensões abandonadas por proibição.
E lembrando que, o DRS não surgiu como evolução. Surgiu exclusivamente para beneficiar o atacante numa ultrapassagem. Tanto que, desde o início, o defensor nunca pode usar. O desenvolvimento do carro, neste caso, nada tem a ver com o dispositivo, criado pela FIA. Acontece que, em idos distantes, uma Arrows conseguia segurar uma Mclaren, nem que por duas ou três voltas, na base do braço do piloto. E hoje? O piloto economiza pneu durante a volta, chegando só na reta atrás do carro mais fraca. Aperta o botão, passa e tá tudo muito bem. Totalmente sem disputa. Totalmente sem emoção. E o cara segurando? Cadê? Fica difícil realmente defender posição. Esse ano não vi briga de defesa, só troca troca de posição (um ultrapassa, volta seguinte outro ultrapassa, volta seguinte um ultrapassa de novo), o que não é nem real.
Daí minha crítica ao sistema. Ou é pra todos, ou pra nenhum, como o Kers. Cada um usa onde quer, mas todos tem uma carga por volta.
oooh Americo, para de ver F1 meu filho, pq vc parece que sofre vendo só o sofrivel. Como vc vai falar que no cameonato mais disputado com o maior numero de corridaças, vc só viu ultrapassagens de DRS?? Nem vou te lembrar de nenhuma porque não tenho por onde iniciar. Mas vai no youtube e veja os melhores momentos. ou mais simples, releia algumas das pasagens dos GPs escritos neste mesmo Blog pela loiraça
Mas eu não estou dizendo que é SÓ por DRS. Estou discutindo o uso do DRS. Veja bem, o que eu discuto é o uso incorreto da DRS. Pense em quanto poderia ser histórica a briga de Vettel e Hamilton no GP dos EUA… Mas acabou totalmente sem graça por causa do DRS. Que foi um campeonato incrível eu sei, eu vi, adorei, inclusive. Tava torcendo por uma maior sorte do Hamilton pra melhorar ainda mais a briga, mas realmente foi fantástico o campeonato.
Mas continua errado a DRS. Esse é meu ponto, compreende.
PS extremamente importante.: Jú, vai rolar resposta pra essa cantada aí em cima do nosso companheiro Bruz?!?!?!
Ta Bom Americo, disculpa o meu ridículo entrompe, sei que vc gostou do ano passado.
A ultrapasagem muitas vezes também é uma somatoria com o fator pneu ou braço (leiase motivação ou cansaço), que podem jogar muita importancia até mais do que o DRS.
Ouve varias passagens onde quem foi na frente conseguiu segurar o de trás. O caso mais memoravel (mesmo que muitos preferem ver com olho fraco), foi do Maldonado segurando as investidas do Alonso no GP de Barcelona, sendo que o Alonso é melhor piloto e a Ferrari tava muito por cima da Willians. Acho que ouve uma ultra inspiração do Venezuelano que não soltou o osso (ainda que desconfío do pneu premiado, mera estúpida teoria conspirativa pues).
Por isso é importante poder escutar o que contam os caras depois. O Alonso disse, que cada vez que chegava perto, o outro acelerava também no mixto, até que parecía que tivesse “melhores pneus”, terminou por ficar onde estava e se cuidar do Raikkonem.
Quem sabe o Hamilton ja não estava num dia de saco Cheio??
Acredito que o DRS ajuda a diminuir o efeito – artificial tambem – que os fluxos da aerodinamica ocasionam atrapalhando as ultrapasagens. O certo é que melhoró o espectáculo.
Ao Margem: Ela não precissa responder pq sabe que é bonitona mesmo.
Que chegue Australia!!
Julianne,
Ainda não é o ideal (seria nada de DRS), mas, pelo menos, melhor assim. Pessoalmente, não gosto de artificialismos. É visível a tentativa de podarem a Red Bull, em nome de um pretenso equilíbrio. No entanto, isso não vai adiantar. De uma maneira ou de outra, este é um ano – mesmo que possa ser o último – em que a aerodinâmica ainda vai continuar mandando. A própria Pirelli disse que nesta temporada os pneus terão maior influência no escoamento do ar sob o assoalho que os da temporada passada, pela característica de terem as laterais mais flexíveis. Newey – obviamente – melhor que ninguém, vai saber tirar proveito disso e criar um novo pulo para o gato, digo, Red Bull. Ligando os pontos, Vettel tetracampeão em 2013, não tenho a menor dúvida (competência e garra não lhe faltam, é bom que se diga). Para 2014 sim, com a mecânica prevalecendo sobre a aerodinâmica, poderemos ver as equipes que usarem motores Ferrari e Mercedes dando as cartas, já que historicamente esses dois sempre foram os mais poderosos.
Fora do post: Danica fazendo bonito em Daytona, e na Sprint Cup! Não foi pouca coisa! Gostaria de vê-la na F 1 com um bom carro.
E Hamilton botando uma luneta no tempo de Vettel lá no Top Gear.
Particulamente não gosto do DRS, mas em uma F-1 dominada pela aerodinâmica, faz-se fundamental tal artificialismo. Me lembro que em 2010 Alonso segurou Vettel por toda corrida em Cingapura, uma digna disputa, sem DRS…No Canadá em 2012, quando Alonso já estava sem pneus, foi ultrapassado facilmente, sem direito de defesa, pois a diferença de velocidade na reta era descomunal, enfim, perdemos a disputa acirrada pela ponta.
Olá Julianne,
No começo eu demorei a digerir o DRS porque achava um meio muito artificial de se ultrapassar na F1. De fato é, mas como tudo muda na vida, e vendo os benefícios que ele trouxe para as ultrapassagens que estavam sendo cada vez mais raras, passei a vê-lo com outros olhos.
Porém, eu não chava legal o seu uso livremente nos treinos. Tinha gente levando muita vantagem. Agora acredito que chegou aonde eu queria, uso só nas corridas.
Um abraço, Julianne.
Que engraçado, achei que a limitação do DRS nos treinos e classificação, teria sido uma manobra da Ferrari pra tirar a vantagem da RedBull.
Não tinha idéia que os pilotos haviam pedido.
O debate está ótimo! E foi só o primeiro post da série da Ju (e só um paragrafinhozinho meu). Só para pontuar um detalhe: não penso ter dito que as restrições servissem para “valorizar os inventos”, mas para tornar todas as variáveis (construtores e pilotos) competitivos, sempre e mais. Pode ser ingenuidade minha, mas acho que se nunca mexerem nas regras, os melhores se especializam e bye bye competição. Talvez se queira instigar a concorrência com essa instabilidade. Se eu fosse um engenheiro da F1, nem dormiria depois de ganhar um campeonato, esperando a próxima guinada imposta pelas SEMPRE novas regras.
No mais, tenho certeza de que só me é relevada uma pequena parcela de todas essas variáveis, mesmo com os posts provocativos como este…
Cara Josianne,
Essa questão de mudanças e “podas” são complicadas mesmo. Eu, por exemplo, como aficionado, não gosto de artificialismos, mas não posso deixar de reconhecer que não é que eles funcionaram no ano passado, produzindo uma temporada eletrizante? DRS, KERS e farellis combinados acabaram dando resultados surpreendentes, imprimindo uma nova dinâmica às corridas, que se tornaram várias em uma! Na entediante Fórmula Indy também há varias corridas em uma, mas não sei explicar porque não conseguem me empolgar, talvez pela fraqueza dos nomes, atualmente. Nos tempos de Mansell, dos Andretti pai e filho, Emerson Fittipaldi (com um perfil mais arrojado que na F 1,) Unsers e outros, eu até assistia com prazer e devoção. Se formos examinar bem, a F 1 atual não é tão diferente da Indy na dinâmica das corridas, atualmente.
No entanto, voltando às mudanças, houve muitas “podas” ao longo da História, principalmente nos tempos mais modernos: amortecedores de massa na Renault (achei um absurdo aquela poda feita em prejuízo de Alonso em 2006, os concorrentes que tratassem de correr atrás e fazer igual ou melhor – Fisichella, que era um bom piloto, à época com o mesmo amortecedor de massa não conseguiria ser campeão, o que evidencia inquestionavelmente o talento de Alonso), os carros com efeito solo, suspensões ativas, difusores etc. e até nos critérios de pontuação, como na Era Schumacher (o que não adiantou).
Minha preocupação com artificialismos é que possam prejudicar e desfavorecer talentos puros e beneficiar os chamados pilotos de resultados. Talentos puros são aqueles que com uma máquina nas mãos subjugam com audácia, coragem e habilidade natural as Leis da Física. Oportunistas são aqueles que produzem números e estatísticas e entregam um automobilismo chocho, de dar sono nos espectadores, os chamados pilotos “cerebrais”. O talento puro exige a máquina ao máximo, enquanto o cerebral fica só aguardando. Ora, com pneus que se esfarelam, posturas “cerebrais” tem mais chances! E não se alegue que também é necessário saber cuidar da máquina e poupar, pois Fórmula 1 pra mim é como 100 metros rasos, uma explosão de velocidade. Poupança é para provas de longa duração. As condições verdadeiras e num plano de igualdade – sem qualquer tipo de artificialismo – proporcionam também espetáculos inacreditáveis e eletrizantes, como um Petrov segurando eticamente Alonso em Abu Dhabi em 2010, Kobayashi em 2009 ensinando como se ultrapassa sem DRS em Abu Dhabi (quando jantou o campeão mundial Button), Beltoise vencendo em Mônaco em 72 debaixo de um dilúvio com uma BRM caquética, Peter Gethin saindo de um grupo de 5 carros para vencer no último segundo em Monza em 71 e por aí vai. . .
Abraços.
Pois é. Adoro surpresas! Até nas estatísticas! E por isso estou sempre na expectativa pelos momentos heroicos dos Petrovs e Kobayashis desses momentos eletrizantes de F1. Quero esperar pelos próximos artificialismos que a Julianne prometeu explicar aqui para imaginar as novas possibilidades para, quem sabe, uma Mercedes meia boa dar uma de Peter Gethin. Queria ter visto essa cena de 71!!
abraços
Cara Josianne,
Digite no Youtube gp monza 1971 peter gethin e, dentre os vários vídeos da lista à sua escolha, sugiro-lhe o do topo (ele é repetido em outro canal também, mais abaixo), que é o que melhor demonstra como se iniciaram as manobras para essa incrível chegada, que foi muito repercutida à época. Creio que com esses comissários chatos de hoje e essas regras excessivas, é até provável que Gethin tivesse sido punido, pois começou sua manobra colocando as rodas direitas de seu carro no acostamento. Já vi Vettel ser punido assim, e ele nem estava ganhando a corrida! No entanto, esses comissários são lenientes na aplicação de penalidades pouco severas a meu ver para situações que considero inadmissíveis, como o strike de Grosjean no ano passado e a imprensada contra o muro que Schumacher deu em Barrichello, na Hungria em 2010, num ato de vaidade tola. Mas isso já é outra história. . .
Abs.