Começo avisando que não há uma resposta 100% correta para a pergunta de quanto vale uma posição no mundial de equipes da F1. Isso, por dois motivos. Primeiro, o montante que é dividido entre os times vai mudando a cada ano. Segundo, os termos exatos que definem esta divisão são guardados a sete chaves no Pacto da Concórdia, contrato que rege os pilares de como o campeonato da Fórmula 1 é organizado e financiado.
O que se sabe sobre o acordo que foi assinado em 2020 e que vale até o final de 2025 é que as equipes têm direito a 50% do total arrecadado pela Liberty Media, que detém os direitos comerciais da F1. No entanto, se o montante passar de um determinado valor, essa porcentagem cai e esse é o cenário atual: com os ganhos anuais passando dos 3 bilhões de dólares, o percentual estaria em 45%.
Antes da divisão do dinheiro das equipes, as campeãs pegam seus bônus
A Ferrari, por seu valor histórico, ganha uma parcela deste valor que é destinado aos times antes mesmo dessa divisão começar. Os detalhes também não são totalmente conhecidos, mas eles teriam direito a 5% do total se ele estiver em um patamar X, percentual que aumenta dependendo do total – e os 3 bilhões de ganhos anuais teriam acionado essa porcentagem maior.
Essa foi uma grande vitória ferrarista, que conseguiu manter seu bônus independentemente de suas performances na negociação do Pacto da Concórdia de 2020 (que entrou em vigor em 2021). Ele se chama Longest Standing Team Payment (LST). Mercedes, McLaren, Red Bull e Williams também tinham direito a um bônus nos contratos feitos na época de Bernie Ecclestone, mas isso acabou com o primeiro acordo fechado pela Liberty Media. Ou, melhor dizendo, tomou outra forma:
Além do bônus da Ferrari, as equipes que foram campeãs têm direito a um pagamento adicional, que vai aumentando dependendo de quantos campeonatos foram conquistados.
E também há uma fórmula que premia os três primeiros colocados dos últimos 10 anos, que se chama Past Performance Matrix (PPM). Se você foi campeão, você tem 3 pontos por campeonato.
Então pegando como exemplo a Mercedes, entre 2014 e 2023: são oito títulos, um terceiro e um segundo. Portanto, eles somam 27 pontos e, com isso, ganham um bônus maior do que as outras dentro dessa parte da fórmula.
Depois de retirar todos esses bônus por valor histórico ou por performance histórica e dos últimos anos é que começa a divisão com base na posição do campeonato anterior. Estima-se que 20-25% do valor total que é dividido entre as equipes financie apenas os bônus.
Por que só é possível estimar os valores pagos pela posição no mundial de equipes?
Dá para entender por que as quantias que vemos em sites por aí são meras estimativas. Porque não se sabe exatamente quanto exatamente é dividido e nem quanto é destinado a essa parte dos bônus.
E as estimativas não param por aqui. Também não há consenso sobre qual percentual é destinado para cada posição no campeonato de equipes. Acredita-se que a quantia vá diminuindo de 0.89% em 0.89%, começando com 14%.
Ou seja, você pega a quantia que foi destinada às equipes, retira de 20 a 25% daqueles bônus todos e, deste novo montante, vai dividindo da seguinte maneira:
Posição no mundial de equipes | Percentual recebido pós-pagamento dos bônus |
Campeã | 14% |
2º | 13.1% |
3º | 12.2% |
4º | 11.3% |
5º | 10.4% |
6º | 9.6% |
7º | 8.7% |
8º | 7.8% |
9º | 6.9% |
10º | 6% |
Afinal, quanto cada equipe recebe dependendo da posição no campeonato?
Feitas todas as estimativas, os valores atuais (2025) significariam que uma posição no mundial de construtores “custa” cerca de 10 milhões de dólares. Mas sempre lembrando que, entre os grandes – e também Williams e Alpine, que foram campeãs no passado – esse não é o único valor recebido.
E quanto estaria sendo pago para cada posição no campeonato? Considerando apenas esta divisão respeitando a posição no campeonato anterior, os 14% da campeã estaria na casa dos 140 milhões de dólares, enquanto a premiação para a última colocada seria de cerca de 60 milhões de dólares.
São quantias muito significativas se lembrarmos que a F1 opera com um teto de gastos de 135 milhões de dólares por ano, embora a conta seja MUITO mais complexa do que isso.
Atualmente, o teto real é de pouco mais de 150 milhões de dólares, e não inclui vários gastos, como salários dos pilotos e marketing. Na realidade, uma equipe pequena opera na casa dos 200 milhões de dólares. O teto serve mais para controlar o que é investido diretamente na performance do carro.
LEIA TAMBÉM: Tudo sobre o teto de gastos da Fórmula 1
E é bom lembrar também que, com a saúde financeira da F1 atual, com recordes de receita sendo batidos a cada ano, todas as equipes têm de controlar em certa medida os gastos. Mesmo os times pequenos não podem gastar tudo o que têm à disposição para melhorar a performance de seus carros.
O que acontece com a entrada de um 11º time na F1?

Não é por acaso que rolou toda a novela para a entrada da Andretti, que depois virou Cadillac, no grid da Fórmula 1. Ok, houve vários motivos para isso. No final das contas, a Liberty Media queria mesmo ver o comprometimento total de uma gigante norte-americana como a GM, e conseguiu. Mas há uma questão de timing também.
O atual Pacto da Concórdia vale até o final de 2025. E a Cadillac acertou sua entrada no campeonato de 2026, e será, portanto, signatária no novo acordo. A tendência é que as bases financeiras fiquem relativamente estáveis, mas tudo tem que ser adaptado para que a divisão seja entre 11 equipes. Atualmente, a equipe nova teria que pagar 200 milhões de dólares, que seriam divididos entre as rivais para diluir as perdas da entrada de mais um para dividir o bolo.
Mas isso vai mudar. Com equipes médias sendo avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares, esse valor ficou desatualizado. E também há propostas de impedir que a nova equipe faça parte da divisão dos lucros nos primeiros anos.
Fora isso, não é de se imaginar que haja alterações no cálculo da PPM, mas fala-se em limitar em 5% o que a Ferrari pode ganhar dentro do LST, independentemente do tamanho do bolo total dividido.
De qualquer maneira, é um erro comum dizer que cada equipe vai perder 1% do que ganha atualmente com a chegada de uma nova equipe. Dá para perceber que a conta é bem mais complexa – e com números nebulosos – do que isso.
11 Comments
Pois é… e o Kobayashi dificilmente conseguirá levantar esses 10 milhões iniciais. Uma pena.
Koba já era. A Sauber terá Hulkenberg e Gutierrez. $$$$ Talks.
Uma pena mas o japa não traz dinheiro, não se destacou como um piloto capaz de se posicionar bem e isso hoje em dia é incompatível com a realidade.
Mesmo se não tivesse vencido nenhuma corrida, a Sauber teve carro pra pontuar melhor e beliscar alguns pódios. Kamui foi incapaz de fazer isso.
Pois é, mas olha aí a Williams que também teve carro para vencer (como de fato venceu) mas não conquistou grandes coisas, como você falou no outro comentário, Dé…
Tudo bem que parece que a Force India deste ano não é um carro tão bom, mas entre a turma das médias (sauber, williams, force india) considero o Kamui melhor piloto que o Senna e o Maldonado, pelo menos. Cara, foi lindo ver ele correndo lá em Interlagos, pela Toyota um carro bem mais ou menos, uma baita estréia, no susto ele se adaptou muito bem. Coisa que Senna e Maldonado até hoje estão aí, no processo de “adaptação”…
Hulkenberg e Di Resta ainda não pegaram um carro bom o suficiente pra cumprirem promessa, né? Agora, o Hulkenberg na Sauber vai ter a obrigação de dar um banho no Gutierrez.
Mas é isso mesmo, money talks and bullshit walks… pena que o Japão não segue muito mais a F1 (é só a memória do Senna que existe lá), e o país tá muito mal das pernas para empresas se interessarem em patrocinar um piloto de F1 (palavras do próprio Kobayashi, numa entrevista/reportagem daqui mesmo do Total Race, se não me engano)
Minha torcida agora é pra que ele ache alguma categoria legal para correr e seguir na profissão (como o João Paulo de Oliveira, o Farfus, esse povo, conseguiu)
***************************************************Pedro,
Pois eu, desde já, tenho mais certeza que você: acho que Hulkenberg (mesmo com a sua experiência em F 1) vai ser suplantado pelo Gutierrez, que é um piloto carne-de-pescoço (e que serviu de comparação para se medir também o grande talento do novato James Calado, que andou dando muito calor no mexicano, com o mesmo carro). Gutierrez corre com a faca entre os dentes, é rapídíssimo e recentemente recebeu um prêmio da Pirelli por ter sido o melhor administrador de pneus da GP 2! Acho que esse aspecto é genético entre os mexicanos, rsrsrs, não é possível tanta coincidência. Não faço fé em Hulkenberg, que em sua temporada de estréia sucumbiu a um Barrichello em fim de carreira, à exceção daquele brilhareco em condições atípicas em Interlagos, bem diferente do Maldonado, que suplantou o Barrica e levou aquela carroça da Williams 3 vezes ao Q3. Acho que o limite de Hulkenberg era a GP 2 mesmo, na qual foi campeão, assim como a F 3 foi o limite de Jan Magnussen, que quebrou até os recordes do Senna, lembra? Magnussen foi um fiasco na F 1. Este ano (não recordo o GP) Hulkenberg levou um passão de Bruno Senna que ele mesmo admitiu, e o talento de Bruno, no mínimo, é controvertido, não é uma unanimidade entre os aficionados. . .
Quanto ao Kobayashi, concordo com você e vou além: acho um sacrilégio, uma infâmia para a categoria ele não alinhar no grid no ano que vem. O japonês é a pimenta da Fórmula 1, com suas ultrapassagens imprevisíveis, descomplicadas, desrespeitosas, irreverentes e, diria, até didáticas, pois mostrou como se ultrapassa em Abu Dhabi (em cima do Button, está no Youtube) em 2009, SEM DRS, um ano antes do “affair” Alonso x Petrov***************************************
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Pedro,
Pois eu, desde já, tenho mais certeza que você: acho que Hulkenberg (mesmo com a sua experiência em F 1) vai ser suplantado pelo Gutierrez, que é um piloto carne-de-pescoço (e que serviu de comparação para se medir também o grande talento do novato James Calado, que andou dando muito calor no mexicano, com o mesmo carro). Gutierrez corre com a faca entre os dentes, é rapídíssimo e recentemente recebeu um prêmio da Pirelli por ter sido o melhor administrador de pneus da GP 2! Acho que esse aspecto é genético entre os mexicanos, rsrsrs, não é possível tanta coincidência. Não faço fé em Hulkenberg, que em sua temporada de estréia sucumbiu a um Barrichello em fim de carreira, à exceção daquele brilhareco em condições atípicas em Interlagos, bem diferente do Maldonado, que suplantou o Barrica e levou aquela carroça da Williams 3 vezes ao Q3. Acho que o limite de Hulkenberg era a GP 2 mesmo, na qual foi campeão, assim como a F 3 foi o limite de Jan Magnussen, que quebrou até os recordes do Senna, lembra? Magnussen foi um fiasco na F 1. Este ano (não recordo o GP) Hulkenberg levou um passão de Bruno Senna que ele mesmo admitiu, e o talento de Bruno, no mínimo, é controvertido, não é uma unanimidade entre os aficionados. . .
Quanto ao Kobayashi, concordo com você e vou além: acho um sacrilégio, uma infâmia para a categoria ele não alinhar no grid no ano que vem. O japonês é a pimenta da Fórmula 1, com suas ultrapassagens imprevisíveis, descomplicadas, desrespeitosas, irreverentes e, diria, até didáticas, pois mostrou como se ultrapassa em Abu Dhabi (em cima do Button, está no Youtube) em 2009, SEM DRS, um ano antes do “affair” Alonso x Petrov
Maldonado e Bruno trouxeram juntos + – €40 milhões pra Williams mas não conseguiram colocar a equipe numa boa posição no campeonato.
Valeu a pena?
E qual é a parte de Bernie?
Ele tira o dele antes, claro. E, como tudo o que o cerca, ninguém sabe ao certo quanto.
a parte do bernie é a maior parte… hehehe
O próximo piloto japonês disse que “vai surpreender no campeonato” prometeu, Soshibatta.