F1 A vitória de Sainz no GP de Singapura- Julianne Cerasoli Skip to content

Alguém poderia tirar a vitória de Sainz no GP de Singapura?

Norris abraça Sainz após vitória do espanhol em Singapura 2023

Há tempos os rivais olhavam Singapura como sua grande possibilidade de derrotar a Red Bull sob condições normais na temporada. A união entre um circuito mais travado e as ondulações diminuiria, ou talvez até anularia a vantagem dos líderes disparados do mundial. Mas ninguém poderia esperar que ambos não conseguissem, sequer, passar para o Q3. A porta estava aberta, e quem aproveitou foi a Ferrari de Carlos Sainz.

Mas o GP de Singapura poderia ter tido alguns finais diferentes. Inclusive, com Max Verstappen aumentando seu recorde de vitórias consecutivas.

Verstappen poderia ter vencido em Singapura?

Ele precisaria de uma mãozinha de um Safety Car na hora certa dessa vez. É difícil mensurar bem o ritmo da Red Bull na corrida em relação aos rivais pela maneira como Sainz conduziu a prova, mas quando Verstappen estava com pista livre e compostos médios apenas quatro voltas mais velhos que Lewis Hamilton, ele estava virando 0s3 mais lento que o inglês.

A Red Bull não conseguiu colocar seu carro na altura ideal para o circuito de Singapura, onde é normal que todos tenham que andar mais altos por conta das zebras e ondulações. Isso foi mais sentido na classificação, com Verstappen e Sergio Perez com muita dificuldade em controlar o carro. O holandês se classificou em 11º e o mexicano, em 13º. Isso, por puro ritmo. Ou falta dele.

O “mau comportamento” do carro seria menos evidente na corrida, o que é natural. Mas até a equipe julgava que a única chance de vitória seria com a ajuda de um Safety Car na hora exata. O que acabou acontecendo foi exatamente o contrário.

As duas Red Bull largaram com pneus duros, pensando em fazer uma primeira parte da corrida mais lenta, porém apostando em um Safety Car depois que todos tivessem feito suas paradas.

Eles sabiam que o ritmo lento do início não seria um problema porque todos estariam lentos. 

Como a Ferrari neutralizou a vantagem da Mercedes

Como assim? Carlos Sainz, andando bem desde a sexta-feira, fez a pole position, com George Russell, possivelmente com o carro mais rápido do fim de semana em ritmo de corrida, em segundo. 

A Mercedes tinha guardado um jogo de pneus médios a mais, apostando em aproveitar qualquer Safety Car na parte final da corrida para criar um tyre offset. Ou seja, uma diferença de voltas entre seu pneu e o dos rivais, a única maneira de ultrapassar um carro com rendimento parecido em Singapura. Para se ter uma ideia, para que um carro ultrapasse outro, é preciso uma diferença de mais de 1s5.

Do lado de Sainz, a missão era clara. Sabendo que teria mais degradação de pneus e, assim, um ritmo de corrida pior, ele sabia que tinha que usar essa dificuldade de ultrapassagem a seu favor. Ele tinha que ser o mais lento possível, poupando seus pneus e, principalmente, deixando o pelotão compacto. Dessa forma, ele inibiria qualquer tentativa de undercut de Russell, que voltaria no trânsito se parasse.

E Sainz teria uma ajuda importante. O próprio Charles Leclerc se voluntariou para largar com o pneu macio e proteger Russell na primeira parte da corrida. Ele largava em segundo e, com o composto mais aderente, poderia passar o inglês na largada.

Dito e feito. Sainz largou bem, Leclerc passou Russell. Hamilton chegou a ocupar a terceira posição, mas teve de devolver a posição para o companheiro e para Lando Norris, quarto. 

Execução de Sainz foi perfeita

O que se seguiu foi uma corrida lenta, ritmo determinado por Sainz. O cuidado da Ferrari para fazer a estratégia funcionar era tanto que Leclerc ouviu a ordem de manter 5s para Sainz para evitar que conseguisse o undercut em cima do companheiro. Afinal, em condições normais, ele pararia antes por estar com pneus macios.

Mas isso não aconteceu. Na volta 20, Logan Sargeant provocou o Safety Car e todos, menos as Red Bull, entraram nos boxes. Azar de Leclerc, que teve de esperar a parada de Sainz, o trânsito no pitlane, e perdeu posições.

Sainz manteve a liderança, e teve por pouco tempo Verstappen em segundo. O Safety Car veio no pior momento possível para a Red Bull. Cedo demais para que eles colocassem o pneu médio para ir até o final. Tarde demais para eles terem aderência com o pneu duro usado. E eles foram sendo passados um por um, e aguentaram na pista até as voltas 39 e 40, esperando um novo Safety Car que não apareceu. Verstappen voltou em 15º, a 43s de Sainz.

Quatro voltas depois, a Alpine de Esteban Ocon parou com a suspeita de um problema de câmbio, e o Safety Car Virtual foi acionado. A facilidade com que todos passaram as Red Bull mostrou para a Mercedes que criar o tal tyre offset seria a única maneira de vencer. O ritmo de Sainz era tão lento que ele poderia controlá-lo até o final sem sofrer suficientemente com desgaste para gerar a diferença necessária para Russell tentar a ultrapassagem.

A Mercedes, então, usou sua cartada do pneu médio novo que tinham guardado justamente para isso. 

Safety Car Virtual coloca fogo na corrida

Esse momento da prova nos deu uma oportunidade interessante de comparar o ritmo da Red Bull com os carros da frente. Com um pneu médio apenas quatro voltas mais velho e com ar livre, Verstappen era 0s3 mais lento que Hamilton, que estava forçando para tirar a diferença do pit stop a mais. 

Ou seja, a Red Bull estava melhor na corrida do que na classificação e, em uma corrida sem Safety Cars, estaria logo atrás dos primeiros, caçando-os com pneus melhores. Temos que lembrar que eles teriam sido ajudados pela lentidão imposta por Sainz na primeira parte da prova, mascarando o ritmo ruim dos pneus duros. Isso ajudaria a diminuir o efeito dessa falta de ritmo puro. Eles conseguiriam chegar por conta da diferença do ritmo dos médios contra os duros no final. O quão perto da vitória? Isso depende de como se livrariam do trânsito, mas Verstappen certamente estaria mais adiante do que o quinto lugar que conseguiu no final.

Lá na frente, Sainz e o segundo colocado Norris eram cerca de 2s mais lentos que as duas Mercedes. Eles estavam chegando, depois que ambos passaram Leclerc, que recebeu a instrução de fazer o inverso de Hamilton durante o Safety Car Virtual. Isso fazia sentido para a Ferrari porque valia mais manter a posição de pista dele do que jogá-lo para trás das Mercedes sem ritmo para superá-los. Ele poderia, mais uma vez, ajudar na vitória de Sainz.

Sainz então deu sua última cartada. Sabendo que Russell fatalmente chegaria em Norris e o passaria com tanta diferença de pneu, ele tirou um pouco o pé para que o inglês tivesse o DRS para se defender.

Isso fez com que Russell conseguisse atacar Norris apenas uma vez, em um momento decisivo para a prova. Era a volta 59, com três para o final. Norris escorregou, Russell colocou de lado mas não conseguiu passar. Se o tivesse feito, mesmo com tão poucas voltas para o fim, seria muito difícil Sainz se segurar sem DRS.

Triste fim para Russell

O final foi bem diferente de um triunfo para Russell. Já sem conseguir ficar tão colado em Norris, ele errou e bateu na última volta, deixando o terceiro lugar com Hamilton, que nem comemorou muito. O inglês estava muito decepcionado pela classificação ruim, e sente que jogou fora ali, possivelmente, a única chance de vencer no ano.

Quem não jogou nenhuma chance fora foi Sainz, absolutamente perfeito neste fim de semana e coroando uma ótima fase que começou na Holanda, mesmo que o rendimento ruim da Ferrari tenha mascarado sua pilotagem.

Leclerc foi quarto, seguido por Verstappen, Gasly, Piastri (que fez ótima corrida de recuperação depois de ficar no Q1 devido ao acidente de Lance Stroll, que acabou não correndo), Perez (que acabou nas voltas finais com outra corridaça de Albon, tocando no tailandês), Lawson (em outro desempenho muito consistente, embora ele tenha ficado irritado com sua largada ruim) e Magnussen.

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