F1 Estratégia do GP da Inglaterra e a Mercedes no contrapé - Julianne Cerasoli Skip to content

Estratégia do GP da Inglaterra e a Mercedes no contrapé

É fato que a Mercedes não gosta muito de calor, mas seria um erro colocar a vitória da Ferrari em Silverstone na conta das raras semanas de verão de verdade que vive o Reino Unido. Ao não poder controlar o ritmo por uma largada ruim do pole Lewis Hamilton, o time teve que arriscar na estratégia, mas mesmo assim não conseguiu impedir mais uma vitória de Sebastian Vettel.

Com a Red Bull um pouco mais longe do que o normal em uma pista em que hoje em dia, uma vez que várias curvas são feitas em pé embaixo, a potência do motor vale mais ainda, a luta ficou restrita a Mercedes e Ferrari. E que luta.

Avaliação antes da corrida era de que Mercedes estava desgastando menos os pneus, como foi o caso das outras vezes em que esse tipo de construção foi usado. Então a melhor chance da Ferrari seria passar os prateados na largada e controlar o ritmo na frente, sabendo que os rivais teriam que manter certa distância para preservar seus pneus, especialmente com o calor atípico em Silverstone e também pela natureza aerodinâmica gerada pelas sequências de curvas de média/alta, que fazem com que a turbulência do carro à frente seja sentida até com diferença maior do que os 3s de outros circuitos.

Foi dito e feito no primeiro stint. Bottas parecia lutar contra um escudo de força e ficou a 5s de Vettel, não conseguindo aproveitar o overcut. Pelo menos a parada foi rápida (a quinta melhor do dia, em 2s45, algo que não tem sido de praxe neste ano na Mercedes).

Mais atrás, era impressionante a facilidade de Lewis Hamilton em abrir caminho no pelotão mesmo em um circuito em que é geralmente difícil seguir um carro de perto. Depois da prova, Charlie Whiting foi perguntado sobre o efeito das três zonas de DRS e garantiu que elas não fizeram muita diferença – a não ser para causar acidentes, pois na zona adicionada neste ano cabia ao piloto desativar o dispositivo manualmente (uma vez que não se tratava de uma área de frenagem), e quem não tinha carro tão no chão, como Marcus Ericsson, acabou no muro.

O stint voador de 25 voltas de Hamilton (cinco voltas a mais que Vettel e quatro além do que Bottas conseguiu) talvez seja um indicativo de que seu companheiro poderia ter forçado mais na luta com Vettel, ou ficado mais tempo na pista, algo que mudaria a história de sua corrida. O fato é que, mais uma vez, para Bottas o GP da Inglaterra foi a narrativa do que poderia ter sido.

Quando Hamilton parou na volta 25, a prova já estava se desenhando de uma forma diferente do previsto. Caso algum dos Mercedes estivesse na ponta desde o começo, adotaria um ritmo bem lento no início para fazer apenas uma parada. Com Vettel forçando mais, começaram os estudos para entender quem teria que parar duas vezes.

Raikkonen, que fizera seu primeiro pit na volta 13 e vinha em uma briga com as Red Bull, estava comprometido a fazer duas paradas, o que acabou atraindo Ricciardo aos boxes por uma segunda vez na volta 30. Ao mesmo tempo, a equipe orientava Verstappen a cuidar dos pneus traseiros, na tentativa de ir até o final.

Até que Ericsson e seu DRS aberto geraram o primeiro Safety Car. Com a dúvida entre uma ou duas paradas, Ferrari e Red Bull resolveram chamar seus pilotos. Para a Mercedes, a decisão era mais difícil pois, ao contrário dos rivais, nem Bottas, nem Hamilton tinham pneus macios novos, então eles teriam que colocar médios, mais de 0s5 mais lentos. Chegara a hora de confiar no menor desgaste de seus pneus.

Ainda assim, ficar na pista era assumir um risco alto, pois a perda no final da prova seria bem superior a meio segundo por volta, especialmente para Bottas, mais exposto por ter pneus com quatro voltas a mais que Hamilton.

No final, isso de fato fez diferença. Bottas perdeu quase 9s em relação a Vettel nas últimas seis voltas, sinal claro de que seu pneu estava acabado. Já Hamilton perdeu 2s. Perguntei a ele se havia sentido que fora um erro não ter feito a troca no SC e o inglês disse que gostaria de sentar e rever os números, mas sentia que, se estava em quinto e terminou em segundo por não ter parado, foi o correto. Porém, é de se lembrar o quão importante foi o respiro dado pelo segundo SC. Sem ele, a queda dos pneus dos Mercedes no final teria sido mais acentuada.

Mas não é por acaso que Wolff saiu da Inglaterra falando que as largadas contam mais que a estratégia. De fato, sem conseguir manter-se à frente – e ainda mais quando se foca em um acerto mais de classificação justamente por acreditar que pode somar poles – a Mercedes corre o risco de ver os rivais ditarem um ritmo que muda a cara da prova. E, ao correr atrás do prejuízo, o time alemão percebe que, até em Silverstone e com a construção de pneu que em teoria lhe favoreceria, dá para perder neste ano.

11 Comments

  1. O fato de das curvas serem feitas com tanta velocidade aumentou o desgaste físico fazendo que pilotos que geralmente não tem problemas sofressem na prova, saindo da F1 é indo para a F2, chama muito a atenção como o Russell conseguia fazer as curvas colado no carro da frente sem sofrer, com isso conseguia atacar onde ninguém conseguia e passava na reta sem possibilidade de defesa, outros sofriam na mesma situação, parece que a Art achou um segredo que ninguém ainda descobriu.

  2. O fato de das curvas serem feitas com tanta velocidade aumentou o desgaste físico fazendo que pilotos que geralmente não tem problemas sofressem na prova, saindo da F1 é indo para a F2, chama muito a atenção como o Russell conseguia fazer as curvas colado no carro da frente sem sofrer, com isso conseguia atacar onde ninguém conseguia e passava na reta sem possibilidade de defesa, outros sofriam na mesma situação, parece que a Art achou um segredo que ninguém ainda descobriu.

  3. Essa corrida foi boa de mais.
    O toque entre Lewis e Kimi foi toque de corrida, primeira volta, pneus frios, carro pesado, etc. A punição dessa vez foi justa.

    Acho que a ferrari tem um conjunto muito próximo da mercedes, não há um favorito. Nessa metade do campeonato, as 2 estão mais próximas uma da outra do que no início, onde uma ia muito bem num fim de semana, e a outra ia mal. Agora as 2 tem o mesmo nível em todas as pistas, mas a sina de “O melhor do fim de semana não tem levado o crédito” está se repetindo.

    Ju, esse menor desgaste da borracha que você cita no carro da mercedes, é devido a atualizações no carro ? ou pelo fato desse pneu ter sido produzido em condição especial pra essa pista ?

  4. Eu imaginava que seria uma corrida com domínio da Mercedes. Bela reação da Ferrari. A posição de pista tem feito a diferença nesta temporada. E parece que a Ferrari tem pensado mais rápido na estratégia quando entra o safety car. E a Mercedes não tem reagido bem quando pressionada.
    Agora falar que o Raikkonen bateu de propósito é coisa de mal perdedor.

  5. Julianne,
    No seu texto meio que já tem a resposta, mas vamos lá:
    Nessa corrida o undercut seriabuma escolha mais acertada em relação ao overcut correto?
    Sobre a Mercedes:
    É simples, eles dominavam a era híbrida até aqui, por isso sempre produziram carros para trabalhar no limite e sempre com ar limpo à frente.
    Luís Amilton vacilou na largada, perdeu a ponta e teve que correr atrás preju, caso estivesse na ponta não estaria exposto ao toque de Kimi Raikkonen (até por isso o choro dele dizendo que foi “tática interessante, foi MUITO exagerado) que o fez correr mais ainda atrás do prejuízo de JÁ TER perdido a ponta.
    Agora que a Mercedes percebeu que esse campeonato está longe de ser um “parque de diversões” como foram os anteriores, terão que buscar evoluir o carro sem essa tendência do ar limpo. Isso é, se forem espertos o suficiente para isso, o campeonato do ano passado já dava indícios do fim do domínio das flechas de prata. Eles só ganharam porquê a Ferrari e Vettel bobearam em erros grosseiros (à exceção daquela batida espetacular em Cingapura).
    Grande abraço a todos do Blog!

    • Não necessariamente, depende do consumo de pneu. No caso da Mercedes eles nem tentaram um overcut com o Bottas, já que ele parou só uma volta depois e estava muito longe.

  6. Acho q a mercedes errou em nao parar bottas…Lewis ganhou 2 posições nao parando…ja bottas ficou exposto demais pq o pneu era mas velho…sem os carros de segurança a mercedes iria perder posição ate pra redbull no fim pq eles iria ficar sem pneus…a Ferrari sabe q largando na frente eles podem fazer os pneus renderem e ditam o ritmo …Vettel abriu muito rapido os 5s e depois so manteu essa vantagem….parou a segunda vez pq num quiz cometer o erro da china ou baku num lembro exato agora qual, q eles num pararam e a red bull parou e venceu com ricardo…a mercedes ainda tem o melhor carro e a Ferrari esta trabalhando muito pra fazer as poles q é fundamental esse ano e vai decidir o titulo quem largar mais na frente

  7. Essa foi mais uma corrida onde ficou claro que Bottas é um bom segundo piloto, não tem aquele algo a mais para enfrentar a Ferrari. Se a Mercedes quer continuar batalhando contra a Ferrari, em 2019 ela deveria contratar Riccardo que certamente ajudaria a Mercedes e tb Hamilton a melhorar.

  8. Ju, os pilotos já te conhecem? Tipo, já lembram de você na hora das perguntas? Acho tão legal quando você escreve que conversou com o Hamilton ou com Vettel etc. Que privilégio ter contanto tão próximo com os eles. Quais são os mais fáceis/legais e os mais chatos na hora de perguntar?

    • Conhecem sim. Não são tantos jornalistas que cobrem a temporada inteira e eles acabam marcando os rostos que veem sempre. O Daniel é extremamente simpático e acho que o Hulkenberg é um com quem eu só falo em último caso, já vi ele sendo grosso com muita gente.

  9. O Hamilton já devia ter aprendido a largar rs… Lembro que desde 2008 isso nunca foi um ponto forte do inglês, que, inclusive, em 2016 perdeu várias vezes a primeira posição para o Rosberg, pelas más largadas. Até no acidente entre os dois na Espanha adveio de uma má largada do Lewis. Pode botar na conta dele Mercedes.


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