F1 Estratégias para todos os gostos no GP da Malásia - Julianne Cerasoli Skip to content

Estratégias para todos os gostos no GP da Malásia

Mesmo com toda a ação na pista, as decisões estratégicas ainda tiverem enorme importância no GP da Malásia. Além do maior desgaste em relação à Austrália, peculiaridades de Sepang fizeram com que a adoção de três paradas se mostrasse a mais eficiente: a relativa facilidade de se ultrapassar proporcionada pelo traçado e o pouco tempo de perda do pit (cerca de 22s, contra 29s da Austrália) fizeram com que a aposta em trocar o pneu assim que os tempos começassem a subir fosse mais acertada do que aguentar na pista a qualquer custo.

Para reagir, 4 paradas

A exemplo de Alonso na Austrália, Webber foi da 9º colocação após uma má largada para o 4º lugar no final parando uma vez a mais que os líderes. Isso só foi possível porque o carro tinha ritmo, além do fato da colisão entre o espanhol e Hamilton ter aberto caminho para o australiano, que tinha os cerca de 30kg do KERS em seu carro, mas não podia ativá-lo devido a uma falha.

Contudo, é a segunda vez que Webber faz mais paradas que a maioria. Na Austrália, claramente foi uma opção decorrente de degradação, enquanto na Malásia é plausível a teoria de que seria a única saída para ganhar posições. Mas não deixa de ser algo a ser observado nas corridas seguintes. É possível que o australiano gaste mais pneus que o companheiro ou mesmo que a Red Bull desgaste mais a borracha – e só não vimos o mesmo com Vettel porque ele não foi ameaçado. De qualquer forma, o gráfico comparativo entre os tempos de voltas dos dois mostra uma variação frenética no ritmo de Mark.

O ritmo de Vettel na ponta é bem mais propício para evitar desgaste que o de Webber

Para sobreviver, 2 paradas

Novamente, a Sauber apostou por fazer uma parada a menos. Dado que Kobayashi largou em 10º e chegou em 7º, a princípio foi uma boa ideia. No entanto, se pensarmos que, dos que estavam a sua frente no grid, Rosberg teve uma péssima largada, Petrov abandonou e Hamilton foi punido, talvez a estratégia tenha sido decisiva apenas para superar Schumacher, que estava à frente da Sauber na primeira volta.

Schumacher e Kobayashi se encontraram algumas vezes na pista

O tempo todo o japonês esteve não mais que 5s atrás do alemão. Assim, quando Schumacher fez a 3ª parada, teria 14 voltas para descontar os 23s de diferença da parada a mais e superar Kobayashi, cujos pneus já tinham 6 voltas naquele momento. O heptacampeão virava apenas marginalmente mais rápido, e acabou a prova 16s atrás. Ou seja, foi o forte ritmo dos stints com pneus macios (os 2 primeiros) de Kobayashi que garantiu o sucesso.

Mas essa é uma qualidade do Sauber. Que o digam os pilotos da Toro Rosso, que tentaram usar o mesmo expediente e acabaram seus stints a ritmo de Hispania, girando em 1min47, 1min48, enquanto Kobayashi terminou a corrida na casa dos 1min44.

A conta é simples: para fazer uma parada a menos compensar, a perda por meio do ritmo não pode ultrapassar, no caso da Malásia, 22s se somada a corrida toda. Ou seja, não se pode rodar 3, 4s por volta mais lento que os rivais diretos em mais de 5, 6 giros. E, com um pneu cuja linha de performance cai tão drasticamente, é algo muito difícil garantir.

Para vencer, 3 paradas

O fato de 8 deles entre os 10 primeiros terem optado pela estratégia de 3 paradas – embora Hamilton e Alonso não tenham se mantido nos planos – já diz o bastante sobre sua eficiência. A grande chave no domingo foi outra: quando parar?

É óbvio que para antes traz uma vantagem grande. Afinal, a queda de performance é tanta que a borracha nova é certamente mais rápida. Por outro lado, parar cedo demais pode trazer sérios prejuízos no final da corrida, como bem aprendeu Lewis Hamilton. Esse é um assunto que discutiremos com mais calma nas semanas de folga antes que comece a temporada europeia. Ao menos entre os ponteiros, é o que promete fazer a diferença durante o ano.

8 Comments

  1. Que lindo artigo! claro que a estrategia tem que se ajustar ao desenho do carro e ao estilo de conducir (ou destruir) os pneus. o teu exemplo da Sauber-STR foi certero.

    Infelizmente, tem o fantasma dos estrategas de boxes ganhando sem sobrepasos. de fato tem um encosto ahi chamado Michael Schumacher, que tem esses poderes.

    mais, Bom! a corrida foi boa, é isso que importa

  2. Com a compreensão maior sobre o comportamento dos pneus, haverá uma tendência das equipes a convergirem para uma mesma estratégia, por exemplo a de 3 paradas. A questão será em circuitos travados como Mônaco, pois será difícil realizar ultrapassagens em retas curtas e talvez seja melhor sobreviver com 2 paradas e tentar segurar no braço e Kers quem vier de trás.

    E olha que ainda não tivemos corridas com os pneus médios, super-macios e de chuva, para enlouquecer de vez os estrategistas.

  3. Ju, aproveitando o gancho dos pneus e estratégias, me lembrei de uma resposta que vc deu no post sobre os pits na Malásia, falando que Alonso perdeu a posição para Button nos maus trabalhos da Ferrari, mas foi engraçado, pois a sensação que tive na hora, foi que Alonso permaneceu uma, ou duas voltas a mais que Button, considerando-se o perigo que pode representar o timing errado, será que faz sentido? Acredito que se somaria a sua visão. A sensação que fiquei, foi que Alonso/Ferrari, ficaram com o gostinho de Bridgestone na boca, pensando em fazer as famosas voltas voadoras antes da parada, e os Pirelli parecem não aceitar.

    • Sim, como prometido no final do post, falarei sobre essa questão de para antes/depois nas próximas semanas.
      Ali ele perdeu 1s4 a mais no pit que Button, exatamente o tempo que estava atrás uma volta depois da parada. Considerando que calçava os pneus duros, que demoram um pouco para aquecer, dá para afirmar que voltaria na frente com um trabalho melhor.

  4. interessante esse gráfico, não sei onde o conseguiu mas se for em excel, seria interessante corrigir essa série pelo benefício do consumo de combustível. Creio que somar uma função que vale zero no início e o valor do benefício máximo (tanque vazio) no fim com decaimento, digamos, linear, possa ajudar a analisarmos melhor alguns pontos da curva.

  5. Bem legal Ju, muito boa análise!
    Esclareceu muitas dúvidas..

    abraço!

  6. Ju,

    Um outro ponto interessante do gráfico de tempos de voltas de Vettel e Webber, é que as paradas de boxes de Webber sempre foram menores do que as do Vettel.

    Isso pode indicar que Vettel e a equipe sempre foram mais cuidadosos nos pits, talvez com uma entrada de box mais lenta para não cometer erros como o Maldonado nos treinos. Já Webber teve sempre que arriscar tudo, pois a programação era de 4 paradas.


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