F1 Ferrari versão 2012 é a prova de que a execução fala mais alto que a velocidade pura - Julianne Cerasoli Skip to content

Ferrari versão 2012 é a prova de que a execução fala mais alto que a velocidade pura

Tão forte quando parece nas mãos de Alonso ou tão fraco quanto aparenta quando Massa está ao volante? Talvez nem mesmo a Ferrari consiga precisar. O que a liderança do espanhol no campeonato demonstra é que a velocidade pura não tem sido decisiva neste ano. Afinal, não é nem o piloto, nem o carro mais rápidos que vêm dominando mas, sim, os mais adaptáveis.

O sucesso de um conjunto na F-1 depende de uma série de variáveis e a Ferrari vem trabalhando em cada uma delas, repensando sua estrutura. É notável o crescimento da equipe como um todo desde a chegada de Pat Fry, em meados de 2010. O britânico veio da McLaren com a missão de realinhar todos os setores do time e hoje vemos que, tanto a evolução do carro, quanto a execução na pista – acerto x testes de novas peças, estratégia, pit stops – é bem mais consistente do que há dois anos.

Essa reorganização foi importante para que a equipe minimizasse as perdas, por meio de eficientes táticas defensivas. E ajudou ainda na detecção dos problemas de um carro que nasceu equivocado em fevereiro e em sua correção, primeiro com o grande pacote de Barcelona, em maio, depois com o retorno revisado ao projeto inicial, agora funcionando como deveria, no Canadá. Para tanto, a equipe se reforçou no setor de aerodinâmica, trazendo os experientes Ben Agathangelou, ex-Benetton, McLaren e Red Bull, e Lawrence Hodge, que também veio de Woking.

Mas a contratação do ano provavelmente foi Hirode Hamashima. O japonês, especialista de pneus antes ligado à Bridgestone, chegou no início do ano com a missão de resolver o grande problema dos carros anteriores da Ferrari: o aquecimento de pneus. E a vitória na chuva – o que significa asfalto mais frio – na Malásia, logo na segunda corrida do ano, foi o primeiro sinal de que a aposta havia sido certeira. É impressionante a evolução deste carro em relação ao anterior neste quesito, mesmo que os compostos mais duros da Pirelli tenham sofrido alterações.

  Alonso Massa
Pontos (% da equipe) 164 (86,7%) 26 (13,3%)
Melhor resultado 1º (3x) 4º (1x)
Placar em corridas (abandonos) 10 (0) 0 (1)
Placar em classificação 11 0
Diferença média em classificação -0.570  

A cereja do bolo foram as atuações de Alonso, impecável nas classificações e largadas, bem dosado nas ultrapassagens e no ritmo de corrida. Mesmo em um final de semana ruim, como na Hungria, ninguém duvida de que o espanhol conquistou o melhor resultado possível.

O mesmo não se pode dizer de Felipe Massa. Dá para dividir a temporada do brasileiro em duas, pré-Mônaco – dois pontos conquistados; sem largar uma vez sequer entre os dez primeiros; levando 0.542 em média do companheiro – e pós-Mônaco – 23 pontos; o melhor resultado em mais de um ano, em Silverstone; perdendo em média 0.135 para Alonso (descontando as classificações na chuva, e já explico o porquê). Não coincidentemente, a virada ocorreu no mesmo momento em que o carro melhorou, o que comprova o que vemos dizendo há algum tempo: a grande diferença entre Massa e Alonso é o poder de adaptabilidade.

Há também outros fatores, como o psicológico, estraçalhado por um companheiro cujo trabalho dentro da equipe vai muito além das pistas, mas até mesmo as tais classificações no molhado que deixei de fora são prova, tanto da grande qualidade de Alonso, quanto das deficiências de Massa: se houver uma única chance de virar o tempo, ou uma volta para andar rápido e ganhar uma posição no pit, sabemos quem vai conseguir. Essa, inclusive, tem sido a diferença do espanhol para grande parte do grid.

2 Comments

  1. O equilíbrio encontrado por Alonso demonstra o ponto ideal da pilotagem, tendo em vista que a velocidade pura, sem controle, gera retenções, ao passo que saber dosar a audácia, cria atalhos para a vitória.

  2. Esse post me lembra uma propaganda de pneus que possuia um slogan mais ou menos assim: “velocidade não é nada sem controle”, algo bem representativo!


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