F1 Como Sainz liderou por 14 voltas - Julianne Cerasoli Skip to content

GP da Itália: Como Sainz liderou por 14 voltas e o recorde de Verstappen

Nenhuma combinação carro-piloto conseguiu segurar a Red Bull por mais tempo nas 15 primeiras etapas do campeonato de 2023 que Carlos Sainz no GP da Itália. 

Uma combinação entre as escolhas da Ferrari para aproveitar os pontos fortes de seu carro, o tipo de degradação visto em Monza, e o DRS menos poderoso que o normal no carro de Max Verstappen ajuda a explicar como o espanhol ficou por 14 voltas na liderança em casa. 

Mas também foram 14 voltas sem erros, até a fritada de pneus no começo da volta 15, motivada por alguns dos ingredientes citados acima, de um piloto que voltou em grande fase da pausa de agosto.

Por que Monza é diferentona

Para chegar nesse momento da prova, é preciso entender alguns fatores. Monza é uma pista especial em termos de configuração dos carros. Você tenta tirar toda a carga aerodinâmica para que o carro seja rápido nas retas, mas com duas limitações: ainda conseguir boa velocidade na Parabólica e evitar a degradação acelerada dos pneus.

A Ferrari arriscou um pouco nesse sentido. Tanto eles, quanto a Red Bull estavam com as menores asas traseiras que tinham à disposição. Mas a da Ferrari era ainda mais descarregada. Isso ajudava nas retas e no tempo final de volta, mas daria mais trabalho para os pilotos administrarem a degradação térmica na corrida.

Verstappen sabia disso. Sabia também que, como em Monza se utiliza essas asas que já oferecem menos resistência ao ar, o DRS aberto não gera tanta diferença de velocidade quanto em outras situações. Ele teria de esperar os pneus do pole position Sainz acabarem para atacar.

Controlando as temperaturas no calor de Monza

Ele teve uma mãozinha nesse sentido. Quando a AlphaTauri de Yuki Tsunoda parou na volta de apresentação com uma suspeita de problema no MGU-H, Verstappen teve a chance de receber a informação do engenheiro Gianpiero Lambiase de que as metas de temperatura dos pneus tinham mudado. Estava muito quente em Monza no domingo, e ele teve a chance de rever como prepararia o pneu para a segunda largada. Lembrando que a durabilidade do pneu de F1 depende muito de como são as primeiras voltas dele. Se o ciclo de calor for muito intenso, eles se acabam mais rapidamente.

É bom lembrar também que, em Monza, com poucas curvas de alta velocidade, o pneu acaba por degradação termal. Isso significa que a performance não vai caindo volta a volta como acontece quando há desgaste da borracha. Mas, quando o pneu acaba, é de uma vez.

O acerto escolhido pela Ferrari gerava mais degradação termal, então o domingo ensolarado e quente não ajudaram em nada o time italiano, que já tinha um carro mais lento que a Red Bull de qualquer maneira.

A primeira briga de Sainz

Mas Sainz não desistiria facilmente. Verstappen era claramente mais rápido, e o terceiro colocado Leclerc não conseguia colocá-lo sob pressão. O espanhol tentava jogar o equilíbrio de freio para frente para proteger a temperatura dos traseiros, mas isso acabou gerando a travada dos dianteiros na curva 1 na volta 15, e era isso o que Verstappen estava esperando. Em três ou quatro curvas, ele já tinha aberto 0s8.

A vantagem da Red Bull não era tão grande neste circuito tão específico, então Verstappen conseguiu abrir vantagem suficiente apenas para cobrir um eventual SC. E, no final, um problema no disco de freio o fez tirar o pé. Mas nada que impedisse que ele batesse o recorde de Sebastian Vettel ao vencer pela décima vez seguida.

Sainz em modo de defesa pelo pódio

Para Sainz, cabia se defender da próxima ameaça, Sergio Perez. O mexicano teve um sábado complicado, desta vez por um vazamento de óleo que o fez perder a última parte do treino livre, quando faria sua simulação de classificação com o pneu macio, e também o obrigou a trocar o motor, voltando a uma unidade mais antiga.

Perez se classificou em sexto. Passou George Russell na volta 15. Logo chegou nas Ferrari, que estavam prestes a parar nos boxes. Sainz foi o primeiro a entrar, na volta 19, e a Red Bull optou por responder primeiro com Verstappen, que estavam 3s8 na frente do espanhol quando Carlos parou. Leclerc trocou os pneus médios pelos duros na mesma volta de Verstappen, enquanto Perez foi aos boxes um giro depois.

As posições ficaram inalteradas mas, na volta 31, Perez superou Leclerc e foi para cima de Sainz. O espanhol se segurou até a volta 45, a seis do final. Não coincidentemente, Perez disse que a prova passou rápido para ele. Afinal, o mexicano ficou o tempo todo brigando com três pilotos que estavam com unidades de potência novas.

Disputa ferrarista

Dali em diante, seu ritmo caiu bastante, e Leclerc o atacou no final. Eles chegaram bem perto um do outro mas, segundo o monegasco, estava tudo sob controle. 

Sainz disse ter sentido que a corrida era mais para duas paradas. “Senti que faltaram 5 voltas para o meu pneu nos dois stints”, disse ele, querendo dizer que teve de fazer 5 voltas a mais do que deveria com o pneu já muito degradado.

Porém, nesse tipo de corrida de degradação termal, o benefício de fazer mais paradas é intrinsecamente menor. Porque é muito mais improvável que você vá conseguir descontar, na pista, os segundos perdidos com uma parada a mais, já que a performance dos demais não vai cair de maneira tão forte. Junte-se a isso uma perda de 25s no pitstop em Monza, e as equipes ficam limitadas em termos de estratégia.

A recuperação de Hamilton

Assim como Verstappen, Lewis Hamilton também sofreu com o disco de freio, mas no seu primeiro stint. Sem ter conseguido tirar tudo o que podia da Mercedes na classificação, ele largou em oitavo e fez uma estratégia diferente para ganhar posições.

A ideia era fazer o offset. Ter os pneus duros enquanto os outros estavam com os médios. E ter os médios enquanto os outros estavam com os duros. Isso o ajudaria a ganhar posições pela combinação entre a vantagem de ritmo do carro (o terceiro melhor neste fim de semana) e do composto em si na segunda parte.

As coisas não estavam parecendo muito boas para o inglês quando ele parou apenas 5 voltas depois dos rivais que vinham logo à frente, as McLaren. Hamilton tinha tido sorte porque os carros laranjas ficaram presos atrás de Alex Albon e sua Williams veloz nas retas. O ritmo de Piastri e Norris era melhor que o da Williams, mas eles não tinham velocidade suficiente para passar a escapar da mira de Hamilton.

Mas com a temperatura do disco de freio sob controle e a vantagem do composto médio, Hamilton conseguiu impor seu ritmo. Passou primeiro Alonso, que tinha conseguido o undercut, depois Piastri (com um toque que acabou rendendo uma asa quebrada para o australiano e 5s de punição para o inglês, que acabaram não fazendo diferença), Norris e Albon, para chegar em sexto, atrás de Russell.

Pontos para a Williams

Albon conseguiu segurar o sétimo lugar, naquela estratégia que já virou rotina na Williams: ele para cedo para evitar qualquer undercut e depois tem que se segurar com pneus mais usados, apostando na velocidade de reta até o final. Norris ficou em oitavo, Alonso só conseguiu um nono em um circuito ruim para a Aston Martin, e Valtteri Bottas completou o top 10.

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