F1 Largando na frente - Julianne Cerasoli Skip to content

Largando na frente

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O GP da Austrália não costuma ser o melhor parâmetro para determinar como se equilibrarão as forças em uma temporada, mas há quem tenha se animado com a possibilidade da Ferrari representar uma ameaça real mesmo com mais uma dobradinha da Mercedes. O resultado da classificação e especialmente a largada são os principais combustíveis desta teoria.

Mas a classificação não foi uma lavada? Sim, foram 0s8, com Vettel e Raikkonen abdicando de suas segundas tentativas. Mas, na mesma pista ano passado, eles levaram 1s4 do pole, naquele que foi, percentualmente, o pior circuito para a Ferrari no ano.

Na corrida, tiveram de adotar uma configuração mais conservadora após o abandono de Raikkonen por falha no turbo, e talvez não tenham mostrado tudo o que podem. Será que a Mercedes também mostrou? Essa também é uma questão sem resposta.

O fato é que a Ferrari demonstrou ter uma arma bastante eficiente – e combatê-la deve ter se tornado a prioridade número 1 da Mercedes após o GP da Austrália: a largada. A eficiência do sistema ferrarista já era conhecida desde o ano passado, mas a impressão – que, diga-se de passagem, já vinha dos testes de pré-temporada, como afirmaram os rivais – é de que a Scuderia soube aproveitar melhor uma mudança no regulamento deste ano.

A partir de 2016, além de não poderem receber instruções de última hora via rádio sobre as configurações de embreagem, algo que já vinha em vigor desde o GP da Bélgica do ano passado, os pilotos agora têm apenas uma alavanca, ao invés das duas usadas até então (ainda que a maioria tenha mantido as duas alavancas, sendo uma usada apenas em caso de emergência).

Essa alteração tira parte da automação do procedimento de largada e faz com que o piloto precise ter mais sensibilidade para identificar o ponto exato da embreagem para colocar a primeira marcha e acelerar sem que as rodas patinem.

Além disso, as próprias equipes tiveram de adaptar seus mecanismos, e seria nesse ponto que a Ferrari teria saído na frente, adotando um tipo de alavanca que ajuda o piloto na hora de encontrar o chamado bite point.

Esse ponto de embreagem é extremamente sensível na F-1, variando de acordo com o tipo de pneu usado, a aderência e temperatura do asfalto, as rotações e mapeamento do motor, entre outros fatores. Ele continua sendo calculado pelos engenheiros em simulações feitas durante todo o final de semana mas, devido a estas variáveis, é possível que as condições estejam diferentes na hora da largada.

É aí que entra a importância da sensibilidade de cada piloto – e de qualquer tipo de alavanca que a aumente. Até porque os times estão proibidos de dar informações sobre esse procedimento após o último e mais decisivo ensaio, quando os carros partem para a volta de apresentação. É neste momento em que os pilotos têm de avaliar se as rodas patinaram e alterar a pressão na alavanca caso sintam a necessidade.

No caso da Ferrari, ter uma largada superior é um atalho para bater as Mercedes, uma vez que seu ritmo não é tão inferior em corrida e os rivais já demonstraram sofrer mais que outros carros com a turbulência quando têm carros a sua frente. Até porque é bem menos provável que os tais 0s8 da classificação evaporem ao longo do ano.

12 Comments

  1. Em muitas pistas, sair na frente é uma grande vantagem. E se conseguir com os 2 carros da equipe, melhor ainda. E parece que o Kimi está mais a vontade no carro deste ano, e deve estar logo atrás do Vettel. Além de estar sempre pronto para a tática alternativa, ou cobrir a tática b da Mercedes. E como houve duas voltas de apresentação, os pilotos tiveram mais dados e, os que largaram na primeira fila, duas tentativas de “treinar” a largada. E mesmo assim não foram bem. Tomara que continuem, literalmente, patinando na largada.

  2. Gosto da atuação de ARRIVABENE como maestro da Ferrari. Sob sua batuta, desde o primeiro momento em que chegou ele foi (e continua indo) à luta, ao invés de só reclamar. Com todo esse engessamento, os frutos de seu trabalho estão aparecendo, e sendo colhidos e trazidos pela genialidade de VETTEL. Espero ver vitórias em breve.

    • Ops, faltou completar: sob sua batuta, a Ferrari TRANSFORMOU-SE; desde . . . . . .

  3. Não sei se será já para esta corrida do Bahrain. Más a Mercedes esta trabalhando para aperfeiçoar as suas largadas: http://www.autoracing.com.br/f1-prioridade-da-mercedes-e-melhorar-as-largadas-diz-hamilton/

    Concordo com a observação da Julianne quando diz que o fator largada pode ser uma grande arma para bater as Mercedes. Más alem disto, coloco o fator horário da corrida (já que o GP será num final de tarde adentrando a noite em que, a temperatura cai vertiginosamente) e a possibilidade que o uso de três compostos diferentes abre para as estratégias. Acho eu que neste confronto de xadrez, Ferrari & Mercedes lançarão mão de estratégias bem interessantes que torna este GP até mesmo imprevisível!

  4. A Mercedes tem um problema a mais, os dois pilotos já viviam se estranhando mesmo com a Mercedes correndo praticamente sozinha nos últimos 2 anos, imagina se a Ferrari começar a ameaçar de verdade. Na Ferrari não vejo esse tipo de problema, nem Kimi e nem Vettel vão criar problemas caso o companheiro de equipe esteja melhor. O Vettel é o favorito na briga interna, porem, caso o Kimi se adapte bem a esse carro a briga vai ser apertada, quando o kimi tem um carro que lhe agrade ele costuma se animar……… Nenhum dos dois pilotos da Ferrari é tão egocêntrico e chorão quanto Hamilton, principalmente quando as coisas não acontecem como ele quer.

    • Não tenho dados, porém, não sei se hoje em dia tem mais reclamações do que a 20 ou 30 anos sobre a Formula 1. Hoje qualquer pessoa, seja um simples telespectador ou um jornalista tem meios de expor a sua opinião ou a falta dela para milhares de pessoas via internet. Isso a 25 anos só era possível para um jornalista que trabalhasse em meio de comunicação, isso por si só já reduzia absurdamente a quantidade de pessoas que conseguem emitir opinião para milhares de pessoas. Será que existiam menos pessoas insatisfeitas ou mais gente sem conseguir expor o que pensa? Existem muitas outras possibilidades e variáveis. Resumindo, não estou afirmando nada, apenas levantando possibilidades………..mais uma possibilidade, será que diminuiu o numero de fãs de formula 1 e aumentou o numero de pessoas que “consomem” esse produto? O Senso critico dessas duas “categoria” de telespectador é completamente diferente……

      • Entendi o que voce quis dizer. E tem outra, as vezes a pessoa (ou um filme, um livro) pode ser um sucesso com 2 milhoes de fans, mas 300 milhoes outros odeiam a obra ou a propria pessoa. E ai, continua sendo um sucesso ainda?

        Do jeito que estao as coisas ao menos as equipes e os acionistas da F-1 estao BEM contentes. Se eu fosse acionista estaria sorrindo o dia todo. Veja o caso da BBC que perdeu a cobertura (sky acho que pagou uma BALA) para ter a F-1 fechada em 2019 onwards.

        Vejo gente dizendo que nos temos a tendencia de olhar para o passado e dizer que antes era bom enquanto nao apreciamos o presente. Eu discordo disso no caso da F-1; pois durante um bom tempo (anos 70 e 80) eu adorava a coisa. So no final dos 90 que comecou a encher o S.

  5. Ju, é possivel para a Ferrari um resultado como o segundo lugar do Kimi ano passado?

  6. Recomendo aos aficcionados o caderno especial do financial times dessa sexta sobre F-1. Esta otimo! Da uma nota diferente em tanta coisa [quase] igual que lemos bastante (maioria via web).

    Bom para comparar com o o que he escrito por ai.

  7. Mike,
    Concordo totalmente com você no sentido dos acionistas, sempre é bom lembrar, que com todo o seu desrespeito aos fãs da F1, a Globo é um dos poucos canais que ainda passam as corridas na T.V. aberta, inclusive uma das postagens da Julianne (a corrida por brasileiros, espanhóis e britânicos), que mais gosto, sofreu desfalques devido a essa política do titio Bernie.
    Do final dos anos 90 até o aparecimento do Alonso, e aquela incrível Renault, a F1 foi chata mesmo, concordo igualmente, mas com relação ao “apreciar o passado” me refiro ao fato de muito não observarem detalhes minuciosos, como por exemplo a capacidade de Sérgio Perez cuidar dos pneus, o Mexicano tem dos seus erros, mas é tido como um dos melhores pilotos nesse sentido de cuidar da borracha. O que ele faz cuidando dos pneus equivale a mais ou menos o que o nosso grande Emerson Fittipaldi fazia cuidando do equipamento, em uma época em que as quebras mecânicas eram frequentes. Quantas vezes Emerson não ganhou corridas vendo seus concorrentes quebrarem? Quantas vezes Sergio não ganhou posições vendo seus concorrentes pararem nos boxs para troca de pneus?
    Não podemos nunca comparar épocas, apenas observar como as coisas são diferentes entre as épocas.
    Abraços pros meninos e beijos pras meninas!

    • Nato, a resposta para sua pergunta: Quantas vezes Emerson não ganhou corridas vendo seus concorrentes quebrarem?

      10 vezes pode ser uma resposta. Tive a cara de pau de conferir quantas vezes ele largou na pole e ganhou (4) versus quantas corridas ganhou na F-1 (10).

      Eu vi varias corridas do Ratto, mas nao era muito grandinho, nao me lembro bem. Silverstone 75 he uma joia e RJ 78 idem.

      Ele se soltou mais na indy. Foi uma pena ter ido para copersucar, poderia ter levado no minimo um titulo a mais. E bem mais vitorias.


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