F1 O F2012 e sua aposta pela pull rod - Julianne Cerasoli Skip to content

O F2012 e sua aposta pela pull rod

Os escapamentos podem estar dando o que falar, os degraus no bico podem chamar a atenção, mas o que vem despontando como a grande aposta nos carros de 2012 é a suspensão dianteira em pull rod da Ferrari.

A solução está tão longe de ser uma novidade, quanto uma unanimidade. Ela já era usada antes da segunda guerra mundial em competições, foi introduzida na F1, com o nome de tie-rod, pela Lotus de 1972, e usada em larga escala até a década de 1980. Com a adoção dos bicos mais altos, caiu em desuso em favor das push rods.

As pull rods voltaram à tona com o RB5, carro de 2009 da Red Bull de Adrian Newey, e neste ano devem ser usadas em todos os carros. Em 2011, os únicos que resistiram foram justamente Ferrari, Sauber e Marussia – e os dois primeiros já se renderam. No entanto, seu uso só foi disseminado na parte traseira, já que o reinado das push rods na dianteira segue inabalado. Ou seguia, até o F2012 ser lançado.

Posicionamento dos braços da suspensão diferencia a pull rod da push rod

Qual a diferença entre a pull rod e a push rod?

Basicamente, falar em pull ou push rod diz respeito a diferentes geometrias de suspensão que trabalham de maneiras praticamente invertidas. É como se uma fosse o espelho da outra: enquanto a pull rod ativa o conjunto barra de torção-amortecedor ao puxá-lo – uma vez que ele se localiza na porção mais baixa do monocoque –, a push rod o faz empurrando-o, como seus nomes deixam claro. Isso é possível pelo posicionamento do conjunto barra de torção-amortecedor e da angulação das barras.

Como as angulações da pull rod permitem que se trabalhe com menos robustez e consequente menor resistência ao ar, por não haver uma longa barra “cortando” a suspensão de baixo para cima, Newey decidiu trazer esse desenho de volta para trabalhar com um centro de gravidade mais baixo e, principalmente, diminuir o arraste aerodinâmico em suas enxutas traseiras da família RB. Afinal, usando a pull rod e deslocando o conjunto barra de torção-amortecedor para baixo, pôde “secar” a traseira e melhorar o fluxo de ar para a asa.

Não demorou para que os rivais copiassem o sistema, mas a relutância em levá-lo, literalmente, adiante se dá basicamente porque não existe a necessidade de abaixar a suspensão para trabalhar em harmonia com os bicos altos que eram tendência nos últimos anos, além de seu acerto ser particularmente complicado. Portanto, havia mais desafios do que vantagens em apostar na pull rod dianteira.

Bicos baixos tornaram a pull rod mais interessante (pelo menos para a Ferrari)

Mas as regras que abaixaram os bicos – e acabaram criando essa geração de carros “ornitorrincos” – abriram uma brecha para a pull rod, que passou a ser, digamos, menos desvantajosa. Some a isso a pressão para os projetistas ferraristas inovarem e a experiência de Fernando Alonso com uma suspensão dianteira em pull rod na Minardi, em 2001, último carro a adotar a solução, e justifica-se uma aposta.

Mas esta aposta não foi feita de qualquer jeito. Sua execução visa minimizar ao máximo as desvantagens da pull rod na dianteira, que podem provocar o aumento do movimento lateral e o consequente desgaste acelerado dos pneus, além de dificuldades de dirigibilidade: a pull rod ferrarista apresenta um ângulo muito pequeno, por volta de 8º, o que, combinado com o wishbone (barra superior da suspensão) angulado para baixo, visa diminuir esse deslocamento lateral da roda, como mostra a animação abaixo, do site Viva F1.

Ainda assim, a equipe ainda teria que lidar com as dificuldades de acerto e também de acesso, pelo conjunto barra de torção-amortecedor ficar na parte de baixo do monocoque. A aposta é que isso seja compensado pelas vantagens de abaixar o centro de gravidade e, principalmente, melhorar o importante fluxo de ar na dianteira, que vai interferir no difusor e no restante do carro.

Certamente, a adoção dos bicos mais baixos abre as portas para a pull rod ser trazida também para a dianteira e é possível que a Ferrari tenha enxergado uma boa chance de inovar, mas o sucesso ou não do F2012 é que mostrará se os frutos serão maiores que o risco.

21 Comments

  1. Parabéns Julianne, finalmente entendi a diferença entre pull rod e push rod.

  2. Legal Ju! agora deu para entender. Todos falam, mas ninguém explica.

    Abs

  3. Algumas coisas estão incompatíveis nesse texto.

    1 – Pull Rod melhora a questão do centro de gravidade no carro e não apenas limpar a traseira do carro.

    2 – Alonso correr de Minardi PS01 não é experiência.

    3 – Bico mais alto é um impecilho para as Pull Rods dianteiras, uma vez que a inversão do amortecedor faz com que a haste saia de baixo do bico, ou seja, quanto mais alto mais difícil é o seu posicionamento.

    4 – Veja as imagens do PS01 e verá que ele era o único carro de 2001 que não adotava a grande entrada de ar no bico dianteiro justamente por esse problema.

    • Falou o sujeito que sequer sabe escrever.
      Rapaz, faça o seguinte: aprenda a escrever, estude português – especialmente a parte das concordâncias, que aparentam ser absolutamente alienígenas para você – e depois venha falar de “coisas incompatíveis” no texto da Julianne.

      • Ficou nervosinho Paquale?

        Aprenda a ser educado primeiro amigão, depois tente corrigir as pessoas, porque discordar é uma coisa natural e se você não acha normal talvez seja porque você não passe de um pseudo inteligente, mais conhecido como:

        Babaca!

        Aliás, conhece F1? Parece que não!

          • Claudemir…a credibilidade de um texto vem com uma ótima escrita, mas também o Leonardo não precisava sair falando como o dono da verdade.

            Voltando aos tópicos, tenho conhecimento apenas para comentar o tópico número 2.
            Ser titular em qualquer equipe da F1 ou até estar presente em uma escuderia aos finais de semana faz diferença sim. Não estou defendendo o Alonso, acho que até o B. Senna e o Di Grassi tiveram experiências na Hispania e Virgin.

            Na minha opinião, acho que a discussão deve ser apenas nos tópicos 1,3 e 4. O 2 não tem nenhum fundamento técnico de avaliação. E é justamente esse que eu sei (LOL)

            Abraço a todos!

  4. Ótimo post, Julianne. Embora a prudência mande aguardar pelo menos Melbourne e eu me arrisque a queimar a língua, acho que a Ferrari produziu uma esfinge vermelha que irá devorar ao longo do ano Alonso, Massa e os principais cabeças da equipe, sem que consigam decifrá-la.

  5. Parabéns Ju, esse assunto vai dar o qeu falar. Se a Ferrari for mal, a pullrod dianteira ficará para a história como o mais facilmente identificável culpado…
    Quanto à resposta do Claudemir, creio que a Ju disse que o pullrod rebaixa o centro de gravidade “Newey decidiu trazer esse desenho de volta para trabalhar com um centro de gravidade mais baixo”. E que Alonso disputou uma temporada inteira com pullrod dianteira, disputou.

    • Completando, a resposta para a boa interação do bico mais baixo e o pull rod está na angulação com que a Ferrari está trabalhando, bem menor que da Minardi.

  6. Os benefícios mais evidentes da suspensão pull-rod parecem ser:

    – Um centro de gravidade mais baixo, que favorece os contornos de curva.
    – A barra de torção, por sofrer tração ao invés de compressão, pode ser mais fina e mais leve.
    – Mas talvez o maior benefício, seja aerodinâmico, pois ela está praticamente na horizontal, o que deve ampliar a geração de downforce, devido o efeito asa invertida. Visualmente, a barra recebe todo o fluxo de ar desviado pelas aletas da asa dianteira.
    – A barra também deixou de ficar atravessada entre os braços superiores da suspensão como na McLaren, o que deve reduzir a turbulência e facilitar a passagem do fluxo de ar.
    – E observe que na suspensão da McLaren há 6 pontos visíveis de conexão das hastes da suspensão e barra de torção, enquanto na Ferrari só fica visível 4 pontos formando um Z quase perfeito, o que indica um arranjo mais limpo.

    Mas só o tempo vai dizer se existem mais benefícios do que malefícios, pois certamente terão que:

    – rever carga de molas, amortecedores.
    – rever parâmetros do simulador.
    – terão que descobrir na 6ª feira qual o melhor setup para cada corrida.
    – e como ficará o desgaste dos pneus Pirelli? Fator decisivo nas corridas em 2011?
    – enfim, muito trabalho pela frente para os engenheiros da Ferrari..

    Julianne, parabéns pela iniciativa de abordar um assunto tão inóspito para a maioria dos jornalistas e leitores.

    Abs.

  7. Se o Newey, que foi quem trouxe de volta a utilização do Pull Rod na traseira, não utilizou essa solução na suspensão dianteira dos seus carros até hoje, deve ser porque não vale a pena. Boa sorte a Ferrari, e ao Alonso, que poderá ter uma temporada que relembre os seus tempos de Minardi.

    • Simples assim, muito bom! Quanto a Massa, eh melhor seriamente ir pensando como é andar numa “Minardi” ano que vem – aliás, prefiro um milhão de vezes uma Minardi ou uma Arrows com todo carisma e tradição, a um protótipo de GP2… e … valeria mesmo a pena entrar numa F1 com tantas restrições a testes e dependência financeira crucial , sabendo que nunca (!) vai ganhar um campeonato? Mas isso não tem nada a ver com o assunto do post.
      Abr a todos.

  8. Tendo em vista a “novidade” da Ferrari, e a leitura necessária dos parâmetros de acerto, poderiam os italianos estar blefando nos testes ou veremos uma Ferrari forte apenas por volta da quinta, sexta corrida? Seria esse o motivo dos italianos se focarem apenas em stints longos? Ju, vc acredita em tentativa de pulo do gato, ou seria uma aposta mt arriscada?

    • Não acredito, Wagner. Eles têm problemas de estabilidade na saída das curvas e esse é um sintoma de falha aerodinâmica. Os tempos são os de menos e, quanto aos stints longos, na verdade a Ferrari é a que conseguiu fazer isso menos vezes em relação aos rivais.
      Newey recentemente falou que a adoção da pull rod dianteira era apenas para dizer que estavam inovando, não é algo que vai revolucionar o rendimento do carro. Não acredito que, se a Ferrari for muito bem ou muito mal, esta será a causa.

  9. Julianne, seria possivel fazer a mesma montagem da foto mas com a ferrari do ano passado e a desse ano?

  10. Po galera, que papo mais chato! Até gerou briga!!!kkkkk parabens a menina pelo texto, mas como sou semi analfabeto e não quis cursar engenharia, a univa coisa que me fala alto e vibra no meu coração na F1 são os Ronco dos Motores e as Ultrapassagens “fantasmas”, aquelas que vc só acredita se os irmãos Winchester , poderem dar uma explicação lógica! No mais não entendi e nem quero. O que me resta é acreditar que, na força do pé no pedal do acelerador, o Alonso é mais piloto que o Vettel!!!! kkk Fica aqui aberto o espaço, que para outros como eu, semi analfabetos, queiram se manifestar apenas em favor da Velocidade, Ferocidade e Arrojo dos Pilotos! Valeu! P.S sem querer criticar nem defender NADA! Apenas livre para se expressar!!! É noixxxxx


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