Foi-se o tempo em que a grande preocupação em termos de segurança era com possíveis explosões do tanque de gasolina, comuns especialmente em colisões nos anos 70. Com a adoção das baterias elétricas, foi necessário adotar um sistema de luzes para garantir que todos saibam qual o status das baterias: comissários de pista, mecânicos e, claro, os próprios pilotos.
Isso é necessário porque a fibra de carbono, material com que a carenagem dos carros de Fórmula 1 é feita, é condutora de energia. Portanto, se houver qualquer falha no sistema e ocorrer um escape de energia, é extremamente perigoso sofrer um choque: estamos falando de algo em torno de 120kW.
O sistema informa sobre o status do ERS (sistema de recuperação de energia), que é composto pelo ERS-K (que recupera energia cinética da freada, que é armazenada na MGU-K) e pelo ERS-H (que capta energia calorífica gerada pelo turbo) e está localizado logo abaixo da câmera posicionada no topo do carro.
São sete luzes instaladas de maneira a dar 360º de visibilidade e que pesam, combinadas, apenas 35g. Todas as equipes usam o mesmo sistema, fornecido pela empresa Melectronics e desenvolvido de maneira que funcione mesmo se todos os outros sistemas do carro falharem. De acordo com as regras, elas devem manter-se acesas por 15 minutos depois da unidade de potência ter sido desligada, além de aparecerem sempre que os carros param e no pit lane (o sistema é acionado quando o piloto aperta o botão que limita a velocidade nos boxes).
Luz verde: carro está seguro para ser tocado.
Luz vermelha: carro não está segundo para ser tocado.
Luz laranja: carro está utilizando a energia elétrica (ou seja, não está funcionando apenas como o motor de combustão). Vê-la piscando é bastante comum durante o procedimento de largada.
Há outro sistema de luzes implementado neste ano e que também é produto da nova unidade de potência: a luz vermelha que pisca na traseira do carro. Isso serve para alertar os pilotos que vêm atrás que o carro que vai à frente está usando um mapa de torque de economia de combustível.
Essa economia pode ser feita pelo próprio piloto, tirando o pé do acelerador antes da freada, mas também pode ser obtida limitando-se o torque por configurações que o piloto tem à disposição no volante – e usa em determinado momento em todas as provas. Chamou a atenção, por exemplo, como a luz vermelha traseira do carro de Alonso piscava enquanto o espanhol tinha uma verdadeira luta de foice com Vettel no GP da Grã-Bretanha.
Isso significa que a Ferrari estava funcionando com uma redução de torque de pelo menos 120kW, como informa a normativa técnica da FIA. “Se o sistema de administração de torque do carro decide entrar em modo de economia de combustível, a luz traseira vai piscar por um segundo para avisar o piloto que vem atrás. Isso é configurado para um carro que, quando está com 95% de acelerador aberto por mais de um segundo, mais rápido que 180km/h e sofre uma redução de torque de 120kW ou mais. O sistema foi criado porque são eventos controlados pela eletrônica, e não pelo piloto.”
São mais alguns detalhes desta complexa nova Fórmula 1 que passar despercebidos durante as corridas, mas que nos ajudam a entender um pouco mais sobre seu desenrolar.
8 Comments
parabéns pelo post pequenos detalhes mas muito importante
Excelente. Obrigado e parabéns.
Oi Ju,
Me chamou atenção a foto deste post. O salto do Kobayashi seria para não sofrer uma descarga elétrica, ou seja, saltando para aterrizar com os dois pés no chão?
E em caso de acidente, com um impacto forte que porventura possa gerar uma pane neste sistema de luzes? Como os fiscais de pistas, pessoal de socorro procedem para evitar uma descarga?
Um abraço!
Usando calcado nao condutor de eletricidade.
So occorre o choque elétrico se hover condução de energia.
Mas se estiver chovendo, esqueça! a agua vai conduzir a eletricidade por um curto espaço de tempo. Ah! e lembrem-se do “velho e bom” Faraday! A corrente elétrica vai sempre para a superfície externa do condutor (de eletricidade, não do veiculo! 🙂 ).
Exatamente. O que não pode acontecer quando a luz vermelha acende é estar em contato com o carro e o chão ao mesmo tempo.
Os fiscais de pista não podem tocar no carro se a luz estiver vermelha.
Valeu Ju, que bom que vc mantém uma rotina de posts sobre a parte técnica.
Acho que o sistema tem funcionado direito, porque não me lembro de ver cenas em que os mecanicos tiveram que esperar para poder mexer no carro, então a tal da luz vermelha não tem acendido.
Não tenho reparado muito quando o carro para para a troca ou nos treinos livres, acho que a tv não tem mostrado muito essas luzes do santantonio.
Parabéns pelo post, em poucas palavras explicou bastante
isso é bom e ruim, o carro com turbo, recuperação de energia, tudo para dar muita potência ao motor, para continuar forte, mesmo mais leve. no caso dos V6, e economia de combustível, ou seja, limitado a x valor.. aquela parada de 100 sei lá o que de vazão.. ou seja… o piloto tem um limite de combustível.
eu andei observando nas câmeras onboard, ou quando aparecem os gráficos de RPM laterais… os carros raramente passam dos 12000 RPM… geralmente as mudanças de marchas estão em 10 e 11000 RPM. por isso o barulho irritante e baixo dos carros…. se afia aumentasse o limite de combustível de 100 para 130, os carros fariam os 15000 rpm e os barulhos melhorariam muito. vi no carro no VETTEL em Barcelona.. trocando de 6a para 7a a 12000RPM e da 7a para a 8a na reta a 11000RPM…
ou seja, os motores estão trabalhando com muita margem de folga… de 3 a 4000 RPM é muita coisa, isso quando os pilotos não trocam de marcha dentro de uma curva… a 8000RPM…. aí num faz barulho mesmo…. aí tem que ficar com a luizinha piscando,,, deixa consumir um pouco mais… muda para alcohol… sei lá…. faz um combustível flex…65% gasolina 35% alcohol que fica bom. terão os motores 3% a mais de potência.. e aumenta para 130 o limite de combustível e isso serão mais uns 5% de potência pela alta RPM dos carros a 14500RPM.. isso melhora.