F1 Dobradinha mostra armas da Ferrari- Julianne Cerasoli Skip to content

Sainz comanda dobradinha e mostra as armas da Ferrari contra a Red Bull

Carlos Sainz liderou a dobradinha da Ferrari e venceu o GP da Austrália 16 dias depois de retirar o apêndice. Onde estava Max Verstappen? Assistindo tudo dos boxes, depois de abandonar logo na terceira volta com problemas nos freios. Onde estava Sergio Perez? Largando em sexto após uma punição, ele não mostrou o ritmo que se esperava da Red Bull em uma corrida marcada pelo graining nos pneus.

Mas o quanto da vitória de Sainz tem a ver com o abandono de Verstappen, tendo em vista que o ritmo de Perez ficou tão abaixo das Ferrari, em um final de semana no qual a Red Bull sofreu para conseguir encontrar o melhor equilíbrio para o seu carro? Dá para dizer que Sainz teria vencido de qualquer maneira? “Absolutamente”, disse Perez. “Eles já mostraram em outras corridas em pistas front-limited e com superfície lisa que podem ser melhores do que a gente, como em Las Vegas.”

Verstappen venceu o GP de Las Vegas, mas ficou mesmo a dúvida sobre como seria a corrida sem o Safety Car que tirou a vantagem que Charles Leclerc tinha construído na ponta e recolocou Verstappen, com pneus mais novos, no páreo. E esse carro da Ferrari é claramente superior ao anterior. Mesmo assim, não é uma pergunta fácil de se responder.

Freio deixa Verstappen na mão

Até porque não tivemos nenhuma ideia do que seria o ritmo de Verstappen. Desde a largada, ele sentia como se estivesse correndo “com o freio de mão puxado”. Na verdade, a pinça de freio do traseiro direito ficou ativada, fazendo a temperatura aumentar até o freio pegar fogo.

Antes disso, ele escapou, Sainz aproveitou e o passou, ainda na segunda volta. Dá para arriscar que, se Verstappen tivesse seguido na corrida tendo perdido a primeira posição e se Sainz conseguisse sair da zona de DRS, as chances de bater a Red Bull seriam grandes. Isso porque a Red Bull não deu indicativos durante nenhum momento do fim de semana de que estava cuidando melhor dos pneus que a Ferrari. E, com o ar limpo, Sainz teria a vantagem que Verstappen teve tantas vezes, de escorregar menos sem turbulência e cuidar melhor dos pneus.

Se essa manobra não tivesse ocorrido, é bem possível que Sainz não conseguisse usar esse bom ritmo da Ferrari. Mas aí entram várias possibilidades, como o uso do undercut, tão poderoso devido à alta degradação, que nem faz sentido elucubrar.

Mesmo antes do abandono, Red Bull vinha sofrendo na Austrália

Dentro dos fatos que temos para avaliar, o graining nos pneus de Perez foi bem maior do que os ferraristas sofreram, e isso inclui Charles Leclerc, que andou no trânsito no começo da prova e também no início do segundo stint. E sabemos o quanto essas primeiras voltas afetam a longevidade dos pneus. Que o diga o próprio Perez, que foi abrindo caminho depois da primeira parada e logo se viu virando o mesmo tempo de Fernando Alonso com a Aston Martin.

A corrida de Perez foi comprometida por ele ter que forçar o pneu de uma maneira longe do ideal, algo que provavelmente Verstappen não teria que fazer se controlasse a prova da ponta. Mas o testemunho do mexicano é de que a Red Bull tentou aliviar tanto a carga nos pneus que afetou o equilíbrio, deixando a traseira com pouca aderência.

Isso veio de um final de semana desafiador para o time de Milton Keynes. Eles não começaram o primeiro treino livre com o acerto ideal e foram fazendo várias mudanças ao longo das sessões. Acertaram o carro para a classificação, fazendo o primeiro e terceiro melhores tempos, mas a corrida de Perez indica que não conseguiram encontrar a receita para controlar o graining, lembrando que ele gera desgaste mesmo, e não a degradação termal que costumamos ver. E é o controle da degradação termal a grande vantagem da Red Bull de 2022 para cá.

Por que Leclerc teve que se defender ao invés de brigar por vitória

Enquanto Sainz ficava livre para adotar seu ritmo, Lando Norris era o segundo, seguido de perto por Charles Leclerc que, por sua vez, tinha Oscar Piastri perto o suficiente para conseguir o undercut caso parasse antes. Leclerc disse ter sofrido com o graining desde a segunda volta, provavelmente por ter atacado demais no começo, então a estratégia da Ferrari com ele teve de ser defensiva. A parada foi antecipada, ainda na volta 9, e Piastri o seguiu.

Norris ficou na pista por mais cinco voltas, tentando criar um offset para a parte final da prova, sabendo que já tinha levado o undercut de Leclerc e de Piastri. As paradas deles, na verdade, tinham sido iniciadas por Hamilton, na parte final do top 10. Ele tinha largado com os macios, tentando algo diferente. Como ganhou terreno com a parada na volta 7, obrigou Stroll e Russell a anteciparem suas paradas também.

Hamilton, contudo, não iria muito longe, com uma quebra de unidade de potência que geraria um Safety Car Virtual na volta 17, um giro depois que Sainz havia parado. Isso acontece no momento perfeito para Fernando Alonso, que tinha largado com os duros, fazer sua parada e economizar tempo. O espanhol estava em primeiro quando parou, e voltou em quinto. Ou seja, os cinco primeiros estavam divididos por menos de 13s após 17 voltas.

Por que Perez sequer entrou na briga pelo pódio

A ordem foi restabelecida com Sainz, Leclerc, Piastri, Norris e Alonso. Tendo voltado atrás também de Stroll e Russell após retardar sua parada, Perez veio abrindo caminho, passou três carros, e não progrediu mais que isso, ficando em quinto até o final da corrida. Depois da prova, a Red Bull encontrou uma viseira presa na parte de baixo do assoalho do carro do mexicano, o que o fez perder pelo menos 0s2 por volta.

Na McLaren, Norris, com pneus mais novos, vinha mais rápido e Piastri abriu para que o companheiro tentasse pressionar Leclerc. Novamente com graining depois de ter saído do pitstop no meio do trânsito, Leclerc perde contato com Sainz, mas não chega a ser pressionado por Norris, mesmo com pneus mais velhos. Ele novamente para bem cedo, na volta 34, devido ao graining.

Seu último stint é mais forte e Leclerc até consegue diminuir a diferença para Sainz, que por sua vez começa a sentir o efeito de não ter conseguido treinar normalmente devido à cirurgia. Mas nada que ameace a vitória do espanhol.

A disputa Russell x Alonso não termina bem para ambos

Com as cinco primeiras posições consolidadas, as atenções se voltam para a briga entre Alonso e Russell, que tinha conseguido estender bastante seu segundo stint e vinha com pneus quatro voltas mais novos. Ele perdeu pressão aerodinâmica ao se aproximar demais da Aston Martin e bateu, causando um VSC que foi até a bandeirada. Alonso seria punido por ter tirado o pé antes da curva.

Isso deu ainda mais pontos para Yuki Tsunoda, sétimo na classificação final. O japonês já tinha se classificado dentro do top 10 e andou o tempo todo à frente de seu grupo. Era a corrida que Alex Albon planejava fazer, principalmente depois de se tornar a única Williams a largar, já que o time não tinha um chassi reserva e Albon destruiu o seu nos treinos livres. Como a equipe entendia que ele seria a melhor opção para pontuar, Logan Sargent ficou de fora.

Albon ficou muito perto de colocar o carro no top 10. Mas largou em 12º, perdeu posições nos primeiros metros, e depois antecipou bastante a primeira parada (ainda na volta 6!) para conseguir um undercut nas Haas. Deu certo, ele chegou a andar nos pontos, mas logo foi ultrapassado. Antecipou, também, a segunda parada, e não conseguiu segurar as Haas, mesmo cruzando perto de Magnussen, décimo colocado.

2 Comments

  1. Adoro como escreve e como entender muito do esporte. Obrigado por tudo

  2. A qualidade de Max como piloto venceria sim o GP da Austrália caso não houvesse acontecido o problema nos freios.
    Infelizmente as equipes ainda não estão à altura da RedBull.


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