F1 Audiência no Brasil cai junto dos pilotos brasileiros - Julianne Cerasoli Skip to content

Audiência no Brasil cai junto dos pilotos brasileiros

Na contramão da média mundial e mesmo tratando as transmissões com mais “carinho” nesta temporada, a Globo vem perdendo público na F-1. Nos últimos 10 anos, a audiência caiu em 55%, de acordo com dados do Ibope publicados hoje na coluna de Ricardo Feltrin, na Folha de S. Paulo.

Curiosamente, os dados apontam que, neste período, o share da emissora manteve-se estável, ou seja, o público não foi atraído para outros programas, apenas deixou de se animar para ligar a TV no domingão de manhã.

Apesar do Ibope calcular os números da Grande São Paulo, a média nacional tem níveis bem próximos, de 8,5 pontos, calculados pelo Painel Nacional de Televisão.

Audiência da F-1 na Globo

Cada ponto vale por 60 mil domicílios sintonizados

Fica bem claro nos dados que os picos estão diretamente ligados ao fato de brasileiros lutarem por vitórias e campeonatos – ainda que, na época de Barrichello na Ferrari, isso fosse mais uma propaganda do que realidade.

A audiência se mantém alta quando a Ferrari está bem no início da última década, com um pico no mais disputado dos campeonatos entre 2002 e 2004. Os números caem junto do rendimento do time italiano e só voltam a subir quando é Felipe Massa quem luta pelo título. Dali em diante, mesmo com Barrichello tentando um ataque final a Button em 2009, a audiência desce ladeira abaixo.

E pensar que a categoria se tornou muito mais atraente em termos de disputas e qualidade de pilotagem justamente nas últimas temporadas, algo que não aumentou a empatia dos brasileiros. É o preço de anos sem expandir os horizontes de um público conquistado facilmente na época das vitórias.

Será que é tarde demais para salvar o barco? Será que os anos de apelação, fazendo de Rubens e Felipe maiores do que de verdade são, farão com que qualquer um que apareça daqui em diante seja olhado com desconfiança ou seria possível massificar um esporte no Brasil sem a necessidade de construir heróis nacionais?

14 Comments

  1. E agora a bola da vez é o Felipe Nasr, que a Globo quer transformar em herói, Inclusive o Reginaldo Leme disse no programa do Jô que ele será o nosso próximo campeão mundial de F1. ACho ue o Bruno não fica na F1 em 2013 e o Massa vai ficar na Ferrari como escudeiro de Alonso, o que não agrada o torcedor brasileiro….

    Só o tempo vai dizer…

  2. O público fiel é o que gosta realmente de corridas, o boom se dá aos torcedores que assistem porque tem um brasileiro ganhando. Eu amo corridas, independente de ter brasileiro ganhando ou não.

  3. Olha, Julianne… Me diga um só esporte massificado sem um “herói”??? Ginástica teve a Daiane dos Santos, o público via a menina o horário que fosse, ela caiu, a ginástica caiu… Tênis teve o Guga… Ele saiu, o tênis mal e mal é mencionado… Vôlei só é mostrado quando da possibilidade de título… Então… pro pessoal que curte F1, é ficar de olho que daqui a pouco só numa SporTV mesmo… o brasileiro gosta do esportista, desde que bem sucedido. Não do esporte em si.

    Ótima análise, mais uma vez…

  4. A Globo formou um publico que não entende de F1 e quer apenas resolver seu complexo de inferioridade.

    Pro Galvão o piloto é um produto a ser vendido, essa visão puramente comercial e rasa acabou por fazer que, mesmo numa época em que a F1 está super interessante, ninguém se interessa, pois não há um bendito conterrâneo com chances de vitória.

    Não há possibilidade de mudança nesse cenário a nao ser que outro brasileiro esteja na posição de disputar os primeiros lugares.

    Por isso assisto corridas com a TV sem som. E acho que daqui a pouco é bem provável que a F1 saia da grade.

  5. Ju, irretocável seu texto. Posso dizer por mim, amante da F-1, que aprendi, e muito visitando os blogs especializados, pois o conteúdo é profundo… Pra mim, a disputa, o talento, o arrojo são o diferencial. Às vezes converso com amigos, e me perguntam: “que graça tem ver esses “carrinhos” correndo pela pista”, bem, em parte, a emissora global tem culpa, pois não expõe as nuances do esporte. É uma transmissão muito rasa e barata essa história de nacionalismo exacerbado. Ficava exultante com o tema da vitória, mas tendo uma visão mais crítica do assunto, penso no desserviço dessas apelações patrióticas, pois a F-1 é muito maior que qualquer piloto, de qualquer nacionalidade! Ju, quando passei à visitar seu blog, comecei à enxergar que essa história de herói e vilão eram deturpações tendenciosas e midiáticas. Pra mim, os pilotos brasileiros eram Deuses, kkkk. DÉ, concordo em gênero, número e grau com seu comentário.

  6. Esse tema é tão forte e profundo, que demonstra o quanto uma “lavagem cerebral” causada pelo meio de comunicação oficial é massacrante. Me lembro que na manhã de 1 de maio de 1994, eu tinha 17 anos, e com a notícia da morte de Senna, conversava com um amigo meu e num dado momento eu disse assim: “poxa, cara, e agora, como vai ser a F-1”. Pra mim, hoje minhas palavras fazem sentido, mostrando a desorientação causada pelo perda do herói. Onde quero chegar? Não que a perda de Senna não seja importante, mas o baque criado por essa tranmissão distorcida afunila o caminho…Meu amigo com quem discutia as corridas, sei que parou de assistir, pois ficou bitolado no “pilotocêntrismo”…Volto a repetir: a F-1 é muito maior e interessante que qualquer piloto, afinal é formada por um emaranhado de grandes histórias, equipes, acontecimentos, enfim, “um capítulo não pode ser maior que o livro”!

  7. faço minhas as palavras do Américo, Dé e Wagner.

    “brasileiro gosta do esportista bem sucedido, não do esporte” – também vivo repetindo isso

    “complexo de inferioridade” do brasileiro: Dé, um colega seu de geração e “cozinha”, o André Jung (do Ira!) usou um termo muito parecido numa coluna antiga dele, na época que o Bruno Senna fez aquele final de temporada com a Renault/Lotus: “Passional e irritadiço, o torcedor brasileiro está com a paciência curta. O sucesso ou é total ou é apenas fracasso, somos arrogantes sem auto-estima, um tipo de “esquizofrenia brazuca”. ”

    “pilôtocentrismo”!!! genial, wagner!

    pra fechar: na minha opinião, é sim tarde demais. a globo não vai conseguir formar um público mais esclarecido de F1, ela estragou o público médio ao longo desses anos todos. Até porque mesmo quando a globo resolve entregar uma informação com um pouco mais de qualidade, ainda é muuuuito pior do que a informação que encontramos em sites e blogs sérios aqui na rede.

  8. Olá Julianne, eu acho que a Globo demorou demais para acordar, mas ainda bem que acordou em tempo.

    Claro que é bom quando tem um brasileiro para torcer, mas isso pra mim não é tudo. Eu gosto de corridas, de carros de corridas, da técnologia que fazem esses bólidos voar, dos grandes pilotos, das grandes ultrapassagens, etc.

    Eu nunca assisti corridas só por causa de pilotos brasileiros, e era isso que a Globo deveria ter feito desde a morte de Senna. Mas não, ficaram alimentando os menos aficionados com sonhos de vitórias, de que todos os pilotos brasileiros são os melhores do mundo, e isso não é verdade.

    Tivemos, sim, os melhores do mundo, por sorte ou coincidência dentro de uma mesma época um dando sequência à carreira do outro, Emerson, Piquet e Senna, que de certa forma nos deixou mal acostumado e passou a impressão de sermos imbatíveis seja lá com qual piloto fosse depois destes três primeiro.

    E isso foi um erro. Eu sou fã do Rubinho, se fosse chefe de equipe o teria como um de meus pilotos, mas ele sempre teve suas limitações, assim como Massa. Não somos mais os melhores, e ainda dá tempo de corrigir esse erro que só agora a Globo sentiu a necessidade.

    Acredito que fazendo as chamadas para uma grande corrida, para um duelo entre os melhores pilotos do mundo, e não do tipo: “vamos torcer por Felipe Massa e Bruno Senna”, aos poucos a Globo vai resgatar novamente o público.

    Um abraço, Julianne.

  9. Pessoal, esse negócio de que o piloto brasileiro é o melhor de todos os tempos, é muito limitador e arrogante, afinal, foram tantas feras que passaram nesses 60 anos de categoria, que quando a gente passa a enxergar a escência da categoria- habilidade, arrojo, tecnologia, velocidade, perícia, disputas, paixão, enfim, toda a categoria- vemos que seria injusto com os “outros”, dizer quem é o melhor! Imaginemos um assunto muito falado na imprensa brasileira, mas que me cheira a patriotismo puro: respeito muito o que fizeram Senna e Piquet, mas dizer por exemplo, que aquela ultrapassagem de Piquet sobre Senna em Hungaroring 1986, foi a “maior” ultrapassagem da “história” da categoria, me parece uma forçação de barra gigantesca!!! Cá entre nós, já tivemos tantas batalhas memoráveis, que seria injusto com a história da categoria cravar “a melhor” ultrapassagem…Foram tantos ases do volante, tais como: Fangio, Farina, Moss, Clark, Brabham, Hill, Stewart, Peterson, Lauda, Villeneuve, Prost…hehe, podemos ver que falta muita gente…Por isso imagino ser desleal julgar “apenas” como bons, os feitos brasileiros. Penso que Massa e Rubens poderiam ter mais respeito no país se não fossem alçados à hérois pela mídia nacional. A F-1 é uma categoria fantástica e rica em detalhes, pronta para ser degustada, mas sem conhecimento técnico, torna-se um livro alienígina…Reitero: a categoria é subaproveitada no país.

  10. Perfeito que Dé, Americo e Wagner falaram.

    Ju, o que acha do argumento do Capelli de que as corridas asiáticas na madrugada mascaram um pouco esses números. Pois diminuem a audiência mas não tanto o interesse.

    • Fábio, para afirmar isso, seria necessário ter os dados de audiência destes GPs de madrugada ao longo dos anos. Porém, observando a queda entre 2004 e 2010, quando o calendário se manteve com o mesmo número de provas neste horário (4), dá para dizer que, se o fato delas terem aumentado (são 6 desde 2011) não explica a redução nos números absolutos.

  11. Realmente tudo q. foi falado aqui é mais q. verdade. O brasileiro só gosta qdo tem alguem ganhando. Caso contrário ele nao se interessa.
    Eu comparo aqui com o Canadá, pra começar o canadá nao tem um representante na F1 desde o J. Villeneve, mas aqui existe a cultura do esporte a motor.
    Em Montreal o autodromo é somente para duas corridas no ano a F1 e a Nascar, o resto do ano ela fica aberta ao publico para andar de bike, fazer caminhada jogging etc.
    Entao qdo tem corrida de Formula 1 e Nascar a cidade “ferve”, a regiao das “baladas” ficam fechadas para exposiçao de Ferraris, Porsche, Lambo etc…na quinta de manha, a entrada no autodromo é livre na área dos boxes, onde podemos ver os carros de perto, acompanhar os primeiros preparativos e os pilotos estao lá para dar autografos etc. Entao tem muitos pais q. levam os filhos, para q. eles já comecem desde cedo a criar um amor pela categoria.
    Fora o preço dos ingreços, que apesar de caro nao sao nada impossivel de se comprar…fora q. tem os bilhetes da Geral…q. custa uns 120$ os 03 dias e vc tem acesso ao padock e se criancas até 11 anos acompanhanda de um adulto nao pagam…entao é comum vc ver a familia inteira lá com a sua malatermica para passar o dia…vendo todas as corridas (GT, Marcas etc).
    E a televisao aqui (RDS-CND), eles tem um programa q. passa antes de começar a corrida, q. mostra como funciona (tecnicamente) as novidades dos carros, as diferenças etc. Entrevistas com pilotos, engenheiros, visitas as fabricas etc.
    Resumindo…tudo isso faz com que tenhamos uma cultura de esporte a motor aqui, uma verdadeira paixao.
    Eu gostaria q. no Brasil tbem tivessem td este acesso e informaçao técnica…mas precisaria uma verdadeira mudança cultural.
    Abrçs (já escrevi demais…kkkk)

    • Ops Villeneve = Villeneuve

  12. A TV brasileira, desde os primórdios, sempre usou um tipo de estratégia. Alavancar audiência através de manipulações e fomentando amor e ódio do espectador por seus personagens.
    Foi assim nos festivais de música nos anos 60/70, nas telenovelas, nas lutas de telecath nos anos 50/60… enfim, em tudo.

    Com um ‘esporte’ como esse, era natural que a TV se valesse do mesmo recurso.

    O sucesso dos pilotos brasileiros na categoria, principalmente com um piloto carismático como Ayrton Senna fez com que isso fosse levado às últimas conseqüências, e no fim das contas criou-se um púbico ignorante e ainda assim hiper exigente. Que não aceita nada além da vitória.

    Essa mesma TV e seu público transformaram Barrichelo no ‘palhaço’ do país (com a ajuda do próprio) e depois da morte de Senna, o Brasil, como herança de um Portugal sebastianista, espera em vão a volta do herói morto.


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