F1 GP da Itália por brasileiros, espanhóis e britânicos: “Não sei como falar do campeonato positivamente” - Julianne Cerasoli Skip to content

GP da Itália por brasileiros, espanhóis e britânicos: “Não sei como falar do campeonato positivamente”

Uma leve pancada de chuva chegou a dar uma animada nas transmissões para o que parecia ser mais um passeio no parque de Sebastian Vettel, mas à medida que o início da prova foi se aproximando, ficava claro que a única possível rival do alemão não apareceria. Com pista seca, o líder do campeonato chegou a dar uma bela travada, mas se manteve na frente na largada. “Massa é segundo depois de uma grande saída, mas Vettel escapa. Ele tem que ir para cima dele!”, torce o narrador espanhol Antonio Lobato, na Antena 3. “Massa deu um chega pra lá no Alonso e pulou para segundo”, vibra Galvão Bueno na Globo.

Para os ingleses da Sky, contudo, o ferrarista só se aproveitou da chance dada pelos dois da primeira fila. “A largada de Webber foi muito boa e as Red Bull ficaram tão ocupadas lutando uma com a outra que as Ferrari vieram por cima. Uma largada dos sonhos para Massa”, diz Martin Brundle.

Mesmo antes de começarem as mensagens para Vettel cuidar do pneu dianteiro direito, o comentarista espanhol Pedro de la Rosa já chama a atenção. “Cuidado com a fritada que o Vettel deu na largada. Neste circuito, com essas retas, isso vai vibrar muito.”

A secada em Vettel cessa quando, na terceira volta, Alonso faz uma ultrapassagem milimétrica em Webber e sobe para terceiro. “Ele conseguiu! Como ele fez isso? Ele não desistiu, como sempre!”, elogia Brundle. “Como havia espaço para a ultrapassagem acontecer sem ambos saírem da pista ou baterem? Grande controle de ambos”, destaca o narrador David Croft, enquanto seu colega brasileiro chama o bicampeão de “cirúrgico”.

Mas nem a bela manobra anima muito os espanhóis. “Que risco. Até porque Fernando não pode ter um zero agora. Mas o problema é que Vettel escapa, tem uma corrida tranquila, como sempre, e Fernando está lutando para ganhar posições”, lamenta Lobato, mais focado no pneu de Vettel. “O problema dessa fritada é que não é uma corrida normal, eles vão parar só depois da volta 20. Se fosse outra corrida, se livraria rapidamente desses pneus.”

Entre os brasileiros, o que preocupa é outra coisa: a iminência de uma ordem de equipe para Massa deixar Alonso passar. “Tem aquela regrinha da Ferrari que a gente não gosta. Essa é a hora em que você já começa a esperar a mensagem no rádio”, relembra Rubens Barrichello. A ultrapassagem, que “pareceu muito fácil” para Brundle, logo acontece. “Isso é normal, o importante é seguir na balada”, Galvão coloca panos quentes. Os espanhóis estavam nos comerciais durante a ultrapassagem e só registraram que “Felipe tem menos ritmo e está ficando para trás e agora está se preocupando mais com Webber.”

Depois de algumas voltas, o impensável acontece e Alonso começa a andar mais rápido que Vettel. “É claro que a fritada está atrapalhando, porque pelo ritmo da sexta-feira deveria estar 0s5 mais rápido. Veremos se isso vai obrigá-lo a mudar sua estratégia e fazer duas paradas, mas uma é melhor. A questão para ele é que teria de levar esse pneu até a volta 23. Se você está lutando pelo campeonato, não deveria fazer besteiras e evitar um furo. Imagine as discussões entre os engenheiros no momento”, raciocina De la Rosa, indo na mesma linha do repórter inglês Ted Kravitz. “Imagino se a Red Bull terá de fazer duas paradas. Não é o fim do mundo para eles mas, ainda assim, é 9s mais lento. Se for isso, a janela abre na volta 17.”

Para os brasileiros, a possibilidade de fazer duas paradas é real, ainda mais porque o ritmo de Raikkonen, obrigado a fazer uma troca após um toque na largada, é muito bom. “Vão usar o ritmo de Kimi para analisar, mas duas paradas parece mais vantajoso. Massa disse que era a estratégia mais rápida nos treinos de sexta-feira”, afirma Luciano Burti.

Essa é a única chance de Alonso, explica De la Rosa. “Alonso precisa que Vettel entre o quanto antes e aguentar mais na pista para aproveitar porque os pneus vão se desgastar no final e ele não vai ganhar décimos, e sim segundos. Ele teria que aguentar até as voltas 26, 27. Mas não esqueçamos que agora vamos ver o ritmo dele sem o pneu fritado.”

O alemão entra nos boxes no início da janela para uma parada e o espanhol segue na pista, decisão criticada por todos. “Acho que Alonso errou em não parar. Eles tinham de reagir. Estou impressionado. Eles precisam tomar cuidado com a outra Red Bull”, teme Brundle. “A Ferrari só foi rainha das estratégias com Brawn, Schumacher, Rubinho…”, relembra Galvão, enquanto Lobato destaca que “é a primeira vez que Alonso lidera uma corrida desde Barcelona. Não vai durar muito, claro.”

De fato, a estratégia faz o espanhol perder 5s em relação ao líder e ficar na mira de Webber, que superara Massa no box. “Temos de lembrar que menos mal que o pobre Webber está com a asa dianteira danificada. Não poderemos ver seu ritmo real”, lembra De la Rosa.

Mesmo próximo, o australiano não consegue se aproximar o suficiente de Alonso e ainda ouve via rádio que tem de trocar as marchas mais rapidamente. “Isso não vai atrapalhar muito em um circuito como esse”, acredita Burti, enquanto Kravitz e De la Rosa explicam que os problemas de câmbio não são uma surpresa. “Depois da classificação, os dois Red Bull trocaram a carcaça do câmbio. Podem estar com algum problema novamente”, diz o espanhol. “Esse câmbio está em sua quarta corrida, então no final de sua vida útil”, emenda o inglês.

Brundle se mostra impaciente com a falta de ação nas primeiras posições. Primeiro, reclama dos rádios de Alonso em italiano. “É o GP da Itália, então vamos falar italiano! Imagino como será na Coreia”, ironiza. O comentarista e Croft elucubram sobre como teria sido a corrida com uma classificação distinta. “E se Raikkonen tivesse se classificado ao lado de Vettel na primeira fila…”, sonha o narrador. “Hamilton é outro carro que está muito rápido e estaria na disputa”, completa o ex-piloto, que pede a Webber que ataque Alonso. “Vamos lá, nos deem uma corrida! Coloca esse carro por dentro!”

Mas as posições não se alteram e, mesmo com uma preocupação com câmbio e pneus, Vettel vence tranquilo. “Suas mensagens já não nos importam. Façam o que quiserem”, De la Rosa perde a paciência com mais uma intervenção alarmante do engenheiro de Vettel a poucas voltas do fim.

Após a bandeirada, Vettel lembra que a fritada no pneu na largada complicou seu primeiro stint. “Depois que tiraram aquele pneu, foi uma tarde tranquila. Será que aquelas voltas que Alonso ficou na pista tiraram a chance dele lutar?”, questiona Croft.  “Tentaram uma estratégia um pouco diferente para ver se os pneus dele se acabavam, mas tenho de dizer que, dessa maneira, permitiram que ele escapasse e cuidasse dos pneus”, De la Rosa responde reconhecendo o erro.

Galvão destaca que os esforços de Alonso, que “largou em nono para ser segundo na Bélgica e em quinto para ser novamente segundo na Itália”, estão sendo em vão. “Os jornais italianos vão falar em rimonta, mas Alonso sabe que Vettel está escapando. A diferença é muito grande.”

Até os espanhóis já jogam a toalha. “Esse domínio em Monza é um golpe psicológico importante. Mas em Cingapura muda tudo e veremos se a Ferrari reage. Vou dar a classificação do mundial e não sei como fazer isso positivamente”, diz Lobato. “É a 32ª vitória de Vettel, o que significa que ele igualou Alonso e… o que mais podemos dizer? Este senhor está fazendo uma baita temporada e isso dificulta ainda mais o trabalho de Fernando.”

De la Rosa se conforma. “Não dá para tirar o carro de Vettel. Não dá para pedir mais de Fernando. Ele acaba em segundo e achamos pouco.”

Os espanhóis gostam de ouvir a massa dos tifosi berrando “Alonso, Alonso” e Lobato espera que isso sirva para “mudar os momentos duros que têm acontecido entre Fernando e a Ferrari”, mas reprova as vaias para Vettel, dizendo que ele “não merece”, mas não ganha o apoio de De la Rosa. “É normal. E, se você estivesse lá embaixo, faria o mesmo.”

17 Comments

  1. Eu não tenho a menor duvida de que Vettel na Ferrari e o Chiliquento na RBR o resultado sería o mesmo… Vettel tirando tudo do excelente Ferrari e ficando na frente, o espanhol sempre foi fraco de volta lanzada. Vettel sempre corre com a faca nos dentes e sempre se diverte, muito contrario do Alonso que sofre com o ego. O Massacrado já vai tarde, seria baita sacanagem da F1 deixar sem assento o Hulk em beneficio do Massa.
    Este campeonato já deu…. Que venha logo 2014.

    • Que nada, Bruz. Tirando a decisão do campeonato – tá mesmo mais pro Vettel – vai ser interessante a postura em pista do Massa.

      Agora que ele tá de “aviso prévio”, vai ser interessante a postura dele nas próximas corridas, já que ele tem as 7 corridas pra tentar elevar seu cacife pra tentar um assento minimamente competitivo pro ano que vem.

      E vai ser interessante a postura da Ferrari em relação ao Felipe, também. Não dá pra gente perceber de fora se acontecer, mas será que vai haver corpo mole em relação a acerto de carro, peças novas, essas coisas? O mundial de construtoras ainda está em aberto…

      • Massa precisa mostrar serviço agora para abrir os olhos das outras equipes… quem sabe não vem coisa boa para 2014. O brasileiro é bom, mas é limitado pela equipe. Alonso não tem mais chances e todos sabem disso, tá na hora da Ferrari abrir mão de trabalhar para um piloto só e começar a pensar no campeonato de construtores, que é a única coisa pela qual a equipe ainda pode lutar. Vamos aguardar…

      • Bruz e Pedro, como zilhões de outros aficionados por F 1, também estou curioso para saber como mamãe Ferrari cuidará de seus dois atuais rebentos nessas 7 etapas finais. Se continuará sendo superprotetora com o galináceo-mor ou se, curvando-se ao que pretende agora papai Montezemolo, vai deixar Fernandito descer para brincar sozinho no play ground, sem a ajuda do irmãozinho agora renegado, agora que o outro menininho bamba parece mesmo já ter tomado conta do pedaço TODO este ano. Será que vai exercer seu lado maternal com o menino enjeitado – que agora precisará sobreviver sozinho fora de casa – permitindo-lhe que mostre a quem queira adotá-lo que ainda poderia ter condições de entregar um boletim com boas notas, ou vai de novo agir como madrasta malvada, tipo assim quebrando lacre, usando-o para testar coisas que não tem certeza que funcionam, mandando entregar a posição etc. etc. etc. para o pimpolho que é muito mais forte, genial, que em absoluto não precisa disso mas, mal acostumado, vivia sempre chorando e pedindo mais e mais. O que você acha, hein Julianne? Qual é o seu feeling?

        • Hehe, Aucam impagável, kkkk

          • E você, amigo Wagner, qual é o seu feeling? Penso que a Ferrari deveria começar esse choque de competição imediatamente, até para tentar elucidar esse misterioso apagão do Massa, que se não é genial como HAM/VET/ALO era um bom piloto, não se justificando uma queda tão grande de performance. Talvez ficasse mais claro se sucumbiu ao talento excepcional e aos jogos de Alonso ou se ficou mesmo sequelado pela molada, como muitos pensam. Se foi apenas a primeira hipótese, ele teria tempo – nas 3 próximas das 7 etapas finais – para demonstrar à Lotus que ainda poderia competir em alto nível. Veja que ao “soltar o cabo de rebocamento” do Alonso ele conseguiu ser mais rápido que o asturiano. E um fator adicional para liberar a competição entre Massa e Alonso é que – a meu ver e de muita gente – Vettel já ganhou este campeonato, já pode se considerar TETRA. Restaria a nós, aficionados, mais emoção para presenciar a luta pelo VICE (entre Alonso, Hamilton e Kimi, com Massa – se não estiver mesmo sequelado pela molada – eventualmente roubando pontos do espanhol, quem sabe?).

            Quanto à dupla Alonso & Raikkonen, estou aguardando um post sobre o assunto da nossa indispensável blogueira para mandar um pitaco mais prolixo, mas, se tivesse 10 fichas para apostar, apostaria 6 em favor de Alonso e 4 em favor de Kimi, que pode desestabilizar Fernando emocionalmente.

        • Cingapura será importante. Se o carro voltar a render no nível da Hungria, o foco muda para 2014 e a Ferrari só vai lutar pelo vice nos construtores. Aí voltamos ao que foi a segunda metade de 2011.

        • Caro, Aucam, imagino que essa jogo de equipe deixou Alonso mais chorão, deixando de lado aquela pilotagem aguerrida da Renault…Por mais que Alonso seja bom, essa história de quebra de lacre, esperar vácuo em Monza, cria uma pilotagem dependente, e acredito que o espanhol não precisa disso. Em 2014, acredito que se o carro for bom, pela dupla, poderemos ter a Ferrari sendo favorita nos pilotos e construtores, mas depende do quão bom será o carro…Lembrando que em 2007 a Mclaren só não foi campeã de construtores(com uma forte dupla) pela espionagem, pois imagino que os ingleses possuiam uma ligeira vantagem técnica sobre os italianos.

  2. Mto bacana essa série, me divirto, parabéns!
    PS: a matéria da entrevista do Button vai sair qndo será?

    • Acredito que na semana pós-Cingapura no máximo.

  3. Hehe, o humor britânco de Brundle, kkkkk. Ju, no campo hipotético: falou-se em um problema na sexta marcha de Vettel, sendo assim, um ataque mais próximo poderia forçar o carro do alemão…O não prolongamento da primeira parada de Alonso poderia até mesmo provocar um abandono do alemão, o quê vc acha?

    • É possível, mas será que ele andou no ritmo que o carro permitia antes dos problemas?

      • Hehe, 50/50, nesse caso, os estrategistas da Ferrari vêm colecionando erros nessa temporada. Com um carro inferior e errando tanto assim fica difícil.

    • Também aposto nisso. Eram 5 segundos e estava caindo antes da parada. Alonso voltou 10 segundos atrás de Vettel.

      E no final da corrida eram de novo 5 segundos (pelo Vettel estar poupando).

  4. “Depois da classificação, os dois Red Bull trocaram a carcaça do câmbio. Podem estar com algum problema novamente”, diz o espanhol. “Esse câmbio está em sua quarta corrida, então no final de sua vida útil”, emenda o inglês. Hehe, quanta informação útil na tv inlgesa/espanhola…Realmente estamos mt longe de uma transmissão de nível…Enquanto isso na globo os caras se fixam em ufanismos…

    • O problema da Globo é que o cara que devia falar da parte técnica por ser piloto (Rubinho) só diz asneiras. Até as apostas dele para a pole são viajadas.


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