F1 Muito cacique e pouca mão na massa - Julianne Cerasoli Skip to content

Muito cacique e pouca mão na massa

O movimento político quando a coisa apertou, em 2009, hoje é uma vaga lembrança

A discussão está longe de ser nova, mas a atitude chama a atenção e mostra o tamanho do desafio de cortar os gastos na F-1: o presidente da FIA, Jean Todt, vem lutando contra o tempo para que as equipes permitam que a própria entidade assuma uma responsabilidade que elas falharam em levar adiante na velocidade e profundidade que a situação econômica mundial pedia.

Não faz muito tempo que a categoria esbanjava saúde financeira e transbordava montadoras. Honda, BWM, Toyota, Renault, todas em dado momento nos últimos quatro anos fecharam a torneira de uma gastança que na combinava com o novo cenário mundial. A própria F-1 tomou suas medidas para se adequar à nova moda da sustentabilidade, cortando excessos e indo em direção dos motores mais verdes de 2014.

Para ajudar nessa tarefa, os construtores criaram a FOTA, cujo grande propósito era diminuir os gastos por meio de uma série de medidas restritivas regidas pelo RRA (Acordo de Restrição de Investimento, em inglês). Seguindo este documento, um time não pode trabalhar por mais de 40 horas semanais no túnel de vento, pode levar apenas 47 integrantes da área técnica aos GPs e o número de funcionários na fábrica se relaciona ao investimento (quanto mais elevado, menor o quadro). Isso se juntou a medidas regulamentares, como o toque de recolher obrigatório durante finais de semana de GP, a proibição de um terceiro chassi e os limites em testes, motores e câmbio.

Parece bastante, mas são medidas que, para se ter uma ideia, nem chegam a fazer diferença para equipes como a Sauber ou a Williams. Eles continuam gastando o máximo que podem tendo em vista sua arrecadação. Enquanto isso, na outra ponta, há discordâncias em relação ao policiamento dos cortes.

Uma montadora como a Ferrari, por exemplo, ou uma empresa que vende tecnologia para uma série de setores, como a McLaren, pode muito bem declarar que está investindo X na equipe de F-1 quando, ao mesmo tempo, usa outras partes de sua infra-estrutura para desenvolver os carros de corrida. Até gastos declarados como destinados à promoção das marcas é visto com desconfiança por dirigentes com discurso bonito, mas sem vontade política de adotar sistemas confiáveis e práticos de policiamento de gastos.

As brigas internas acabaram por implodir a FOTA, com a evasão das descontentes Red Bull, que não aceita os atuais termos da RRA, e Ferrari. A exemplo do que fez nos anos 1970, Bernie Ecclestone se aproveitou dessa união para fechar seus contratos à parte – e dar, de certa forma, prêmios em forma de dinheiro e poder às dissidentes. E, antes que tudo voltasse à estaca zero, Todt teve de intervir.

Não é por acaso que as grandes restrições de gastos recentes vieram do regulamento. Não adianta inventar moda, de tetos orçamentários a fórmulas de gasto/quilômetro rodado, quando o problema é o policiamento.

É aí que a FIA tenta entrar. E Todt tem pressa: para mudar uma regra para o próximo ano com maioria simples, e não unanimidade, precisa da definição até 30 de junho. De acordo com o anúncio feito pela entidade, o pedido para o controle centralizado dos gastos partiu das próprias equipes, convencidas de que não deram conta de fazê-lo sozinhas. Mas por que será que esse não parece ser o último capítulo?

2 Comments

  1. Uma das sugestões é permitirem o carro de segunda mão. Os carros usados na temporada anterior teriam que serem postos a venda, caso não fossem reutilizados pelo próprio fabricante (as equipes grandes) em duas temporadas seguidas, quero crer, e as equipes menores da Sauber para baixo, no atual momento, comprariam pagando menos do que pagariam para ter um carro próprio de qualidade inferior ao usado em bom estado. Acredito que ao longo do tempo haveria uma equalização como ocorre na Indy e haveria um barateamento de custos.

    Em um mundo ideal a categoria máxima do automobilismo deveria ser uma briga de cachorro grande e os carros todos eles pertencentes a equipes oficiais de fabricantes de motores e carros comerciais. Em função da enorme concorrência de prestígio, grandes investimentos originais, surgiriam muito mais inovações e as disputas seriam acirradíssimas. Mas, a única equipe/fábrica que durante décadas não tem tido medo do desprestigio de eventualmente não ganhar sempre, o que obviamente afugenta a todos os grandes fabricantes (por exemplo, os acionistas da Mercedes, esse ano mesmo, estavam querendo acabar com esse negócio de equipe de F1 e fazer o mesmo que a BMW fez… aí fizeram um ”truque Pirelli” e o Rosberg ganhou uma, abafando a bronca por enquanto…) é a Ferrari… temos que reconhecer, por mais que torçamos pelos usuários de motor Cosworth (que tantas alegrias já deram aos brasileiros) que um dia haverá de acordar elétrico…

  2. O grande problema, é colocar na cabeça de quem tem muito, não utilizar todo potencial existente para ganhar. Vai contra as leis do capitalismo: lutar com todas as armas disponíveis. Vc tocou em um ponto mt importante, afinal como controlar o trabalho de uma empresa privada? Como não provar que RBR, Mclaren, Ferrari, Mercedes, não possuem outros centros de funcionamento, talvez até secretos, sei lá, subterrâneos, longe dos olhos da FIA. Pode parecer uma idéia mirabolante, mas em se tratando de disputa industrial de ponta, nada impossível.


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