F1 Quem será o piloto que mais ultrapassou no ano? - Julianne Cerasoli Skip to content

Quem será o piloto que mais ultrapassou no ano?

O número é bonito: tivemos 547 ultrapassagens nesse ano, maior número em absoluto e média (por piloto e por GP) desde 1991. Foram 28.8 manobras em média por prova e 22.8 por piloto, ou seja, cada um fez 1.20 ultrapassagens por corrida. Ainda longe dos números do início da década de 1980 (mais de 40 por evento), mas igualmente distanciando-se das marcas de 1994 a 2002, que flutuavam entre 8 e 12. Não que não haja beleza em corridas sem ultrapassagens, mas é óbvia a intenção da FIA em promovê-las.

Como era de se esperar, corridas afetadas pela chuva ou por desgaste excessivo de pneus (Canadá) resultaram nas provas mais agitadas. É impressionante que, em Mônaco, todas as manobras foram de Alonso e em cima de equipes novas. Não fosse o acidente nos treinos livres, ficaríamos zerados no Principado? Ao passo que as 28 ultrapassagens de Cingapura impressionam, mesmo que tudo se deva, novamente, à diferença de rendimento dos pneus dos pilotos que pararam logo no início, com a janela aberta pelo Safety Car, e se arrastaram até o final.

Essa foi bonita, em Mônaco, mas não valeu
Prova Ultrapassagens
Bahrein 21
Australia 41
Malásia 24
China 82
Espanha 11
Mônaco 4
Turquia 29
Canadá 65
Europa 15
Grã-Bretanha 29
Alemanha 16
Hungria 8
Bélgica 67
Itália 15
Cingapura 28
Japão 8
Coréia 37
Brasil 34
Abu Dhabi 13
TOTAL 547

Excluindo as sofridas pelos pilotos das equipes novas, o número cai para 267, chegando próximo das 244 de 2009 e 260 de 2008. No entanto, como descobriram Alonso em Mônaco e Webber, de maneira apoteótica, em Valência, em circuitos travados, nem mesmo o abismo de 3, 4s por volta não era o bastante para que a ultrapassagem fosse tão fácil como era de se esperar. Outro motivo pelo qual não vejo a necessidade de excluir os números do “fundão” é que as nanicas sempre existiram, entrando praticamente em extinção apenas nos últimos anos de encarecimento da categoria. Se a ideia é comparar com os anos 80 e o início dos 90, seria natural incluí-las.

O campeão das ultrapassagens acabou aparecendo mais pelas que não funcionaram. Adrian Sutil se deu bem em 47 manobras, 10 a mais que seus “rivais” mais próximos, Alonso e Alguersuari (40) – para quem ficou curioso (a), a da Alemanha em Massa não foi computada. Com 37, aparece justamente o brasileiro, seguido, com 33, por Hamilton. E o que dizer do “Mr. Passão” Kobayashi, que ganhou menos posições (em número e importância) que De la Rosa, mesmo fazendo 5 provas a mais?

Ultrapassagens feitas

Lógico que nada disso quer dizer que piloto A é melhor que B. Mas há várias leituras a serem feitas. Classificar-se fora de posição, se envolver em enroscos na 1ª volta, adotar estratégias diferentes dos rivais, todas essas variáveis levam à obrigação de se passar na pista. Sutil, com o melhor motor e o melhor duto do meio do pelotão, tinha mais que ir para cima mesmo, e isso não lhe rendeu muita coisa.

Ajudado pelo duto aerodinâmico e com a agressividade que não lhe falta, Hamilton deitou e rolou no início do ano

Mas há outro dado interessante, que explica a nossa impressão de que pouco mudou em relação ao que tínhamos nos últimos anos: foram apenas 14 as ultrapassagens valendo as 3 primeiras colocações – sendo 10 delas feitas pela dupla da McLaren (cinco para cada). Outro dado que fica claro é a verdade no argumento de que o campeão mundial ainda não nos mostrou suas habilidades em abrir caminho pelo pelotão ou decidir uma corrida naquela freada mais tardia: 26 manobras no ano, sendo que apenas uma por posição acima do 6º lugar.

Ultrapassagens sofridas

A comparação entre os companheiros de equipe também é interessante, como as disparidades entre Hamilton e Button (33 a 14) ou Rosberg e Schumacher (19 a 30), que dizem muito sobre os estilos dos pilotos. Contabilizando as ultrapassagens que sofreram, as diferenças são igualmente marcantes, com vários casos em que um levou mais que o dobro do companheiro (Schumacher x Rosberg, Massa x Alonso, Alguersuari x Buemi), mas nada se compara ao abismo entre Kubica e Petrov (7 a 23).

Dá para ficar um dia inteiro brincando com esses números, que contam apenas ultrapassagens de pista, depois da 1ª volta. O que vocês leem de tudo isso?

9 Comments

  1. guatdefac! que numeros legais. tenho que reconhecer que já tentei seguir dados assim, mais é precisso tempo, dedicação e sobretudo parámetros bem definidos antes de fevereiro

    primeira conclusão: as nanicas valeram a pena

    • os números são do cliptheapex.com. Lá eles explicam a metodologia. É um trabalho tão minucioso que leva até 2 semanas para eles postarem os números de cada GP.

  2. Minha leitura é que as ultrapassagens (as que realmente valem) ainda continuam escassas. O esforço para criar um pacote aero-mecânico que facilite as manobras (de 2008 para 2009) foi posto por terra por dois principais motivos: permissão do difusor duplo e total desinteresse da Bridgestone em se manter na categoria . Outros fatores foram a inadequação de vários circuitos e o horroroso limite de giro imposto aos motores.

    Espero algumas melhoras em 2011 com a entrada da Pirelli, retorno do KERS e banimento do difusor duplo; mas não acho que sequer chegaremos perto do patamar do fim dos anos 80 e início dos 90, em que era comum ver ultrapasagens entre os ponteiros.

  3. Tive a impressão durante a temporada inteira que os RB são especialmente instáveis atrás de outro carro, o que faz sentido se são otimizados para gerar downforce em curvas de alta.

    A otimização é tal que fora dos parâmetros de ar limpo eles são incontroláveis. Daí a batida do SV no JB, o vôo do MW, e a distância conservadora dos RB aos outros carros quando seguindo, mesmo quando eram bem mais rápidos. Com essa distância, fica difícil ultrapassar.

    • Isso faz muito sentido, lembro de ter escrito sobre isso na época da acidente da Bélgica – e explica por que eles estão em peso num dos posts que preparei para amanhã, sobre as melhores e piores ultrapassagens.

  4. Ju, avaliando os números como você mesma disse, há uma gama enorme de variedades e conclusões! para se chegar a uma dedução sensata, fica difícil pois, apesar de algumas disparidades, podemos ver que no decorrer do campeonato equipes e pilotos variaram muito! algum tempo atrás comentamos sobre a aerodinâmica/ultrapassagem, e prestando atenção no comentário do Leo me veio a dúvida novamente! será que além dos pneus e pista, como você acredita, a aerodinâmica, sendo limitada, e talvez simplificada, não poderia ajudar? me lembro, por volta de 1993, com o acabar do campeonato, a FIA, estava preocupada com a redução das ultrapassagens, e alterou para 1994, entre mudanças, a volta do reabastecimento! que podemos ver, tornou os carros mais rápidos, a velocidade alucinante, e nem assim aumentou as ultrapassagens pois, muitas corridas foram ganhas antes das trocas de pneus (mais ou menos 3 voltas antes), ou ultrapassagens sendo feitas nos boxes! não sei se a palavra certa seria retrocesso mas, não seria o caso dar uma olhada no passado (anos 80/90), para tentar achar saídas, mesmo sabendo que a f1 sempre foi uma escola de vanguarda e desenvolvimento para a indústria automobilistica? gosto das corridas sem reabastecimento, torna as pilotagens mais técnicas! voltando aos pneus, você não acha que a entrada de mais fornecedores, fim da obrigatoriedade de troca e um motor por corrida poderia ajudar?

    • Prometo fazer um post sobre isso mais tarde, mas acho que faz sentido o que o Schumacher falou logo depois do GP do Bahrein: não adianta tentar, por regulamento, forçar retrocessos, porque hoje os engenheiros já têm o know-how e encontrarão uma maneira de ter o mesmo resultado, mas adotando uma brecha no regulamento. E o difusor duplo é prova clara disso. Tentaram limitar ao máximo a área de atuação do pessoal da aerodinâmica (lembra dos carros até 2008, cheios de penduricalhos?) e eles começaram a trabalhar no assoalho…
      Por isso não acredito muito em mudanças técnicas, mas sim em uma nova guerra de pneus e circuitos mais bem desenhados, talvez com curvas mais inclinadas ou algo do tipo.

  5. EM RELAÇÃO AO SEU POST ÉRICO, REALMENTE É MEDONHO O MOVIMENTO DA ASA! PARECE QUE ELA VAI SE QUEBRAR!!! FAZ SENTIDO! NÃO TEM COMO NÃO PERDER A FRENTE DO CARRO! E OS PROFISSIONAIS DA GLOBO FALANDO AS ABOBRINHAS DE SEMPRE, “ELE TEM QUE AMADURECER, ELE FOI PRECIPITADO,…BLÁ, BLÁ, BLÁ,…… HAJA PACIÊNCIA!


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