Raio-X do GP da Itália e como a McLaren construiu a dobradinha

A McLaren tinha duas vantagens importantes: a configuração de utilização da UP usada pelo time inglês fazia com que o motor recuperasse energia no meio da reta e depois a entrega voltava, e o motor Mercedes esteve mais forte que o Honda em Monza. Para completar, como disse Norris, o carro parecia “ganhar vida” toda vez que estava sem trânsito à frente

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Vídeo: Ju Responde sobre mais uma treta de Max e Lewis, a dobradinha da McLaren e o futuro da sprint

Aqui as respostas das perguntas enviadas no instagram @myf1life sobre o GP da Itália e mais um acidente entre Hamilton e Verstappen. Tem a explicação para a punição (e o pitstop ruim) de Verstappen e o que ela significa para a próxima corrida do holandês, por que a McLaren andou tão bem, o que explica a dificuldade em se ultrapassar em Monza e o que a Fórmula 1 planeja fazer com o formato sprint para o ano que vem.

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Raio-X do GP da Holanda e as três missões que Verstappen cumpriu

Verstappen tinha três missões: para vencer o GP da Holanda: escapar logo do DRS, pois a velocidade no final da reta da Mercedes era superior, evitar ficar exposto a um undercut (o que em Zandvoort significava algo em torno dos 2s5) e, ao mesmo tempo, cuidar dos pneus, já que as interrupções nos treinos livres significaram que os times foram no escuro em termos de simulações de corrida.

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Drops dos bastidores da balada holandesa (quer dizer, do GP)

Até porque os festivais, tão famosos na Holanda, não estão acontecendo devido às restrições feitas pelo governo, permitindo festas de até 750 pessoas, ao mesmo tempo em que eventos esportivos do tamanho do GP em Zandvoort, com 70 mil pessoas por dia, possam acontecer. E por isso o evento foi muito questionado na Holanda – e muita gente vai ficar de olho nos dados de covid após a bonança.

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Como assim teve pódio, mas não teve corrida?

O GP da Bélgica não teve nenhuma volta de corrida de verdade, mas mesmo assim Max Verstappen estourou a champanhe na comemoração pela vitória e diminuiu a vantagem de Lewis Hamilton na liderança do campeonato de oito para três pontos, com dez etapas para o final da temporada. Mas por que a Fórmula 1 acabou ficando nesta situação de simplesmente não conseguir correr debaixo de chuva em Spa-Francorchamps neste domingo?

Primeiramente, tem chovido muito na região do circuito desde quinta-feira. E, neste domingo, a água começou a cair de forma intermitente por volta do meio-dia. A largada seria às 15h. “Provavelmente, o horário da melhor condição de pista foi justamente quando estávamos indo para o grid, então lá pelas 14h30”, disse Daniel Ricciardo, quarto colocado na classficação final, que acabou sendo a mesma do grid de largada na prática.

De fato, os carros não pareciam levantar muito spray, o que é a grande dificuldade neste tipo de condição, indo para o grid. E, mesmo assim, Sergio Perez perdeu o controle de sua Red Bull e bateu na volta de instalação.

Isso porque a a aquaplanagem é outro problema, especialmente com os carros tão baixos como aqueles com que a F1 corre atualmente. E o spray levantado é maior porque os pneus traseiros foram aumentados nos últimos anos. Esses dois fatores, juntamente com a situação da pista de Spa contribuíram para que a direção de prova considerasse inviável retirar o Safety Car da pista.

A grande preocupação era com a baixa visibilidade e a possibilidade de aquaplanagem na sequência das curvas Eau Rouge e Raidillon, palco de acidentes graves nos últimos anos, e que já tinha feito uma vítima na F1 neste fim de semana, Lando Norris, que bateu forte na classificação. O acidente ocorreu depois que vários pilotos pediram que a sessão fosse paralisada, mas não foram ouvidos pelo diretor de prova, Michael Masi. Descontente com a atuação do australiano, um dos diretores da associação de pilotos, Sebastian Vettel, foi pessoalmente cobrar que Masi ouvisse mais os pilotos.

E foi isso o que ele fez neste domingo. Como a chuva apertou perto do horário de largada, a opção foi por fazer duas voltas de apresentação atrás do Safety Car, e após ouvir de vários pilotos que a visibilidade era muito baixa, Masi decidiu interromper a prova.

Foram horas de espera até que ficou claro que a chuva não pararia – ela só cedeu às 21h, quando já estava escuro em Spa-Francorchamps – então a F1 passou a buscar soluções factíveis. Segundo Masi, há “uma lista de motivos” pelos quais não seria possível fazer uma corrida na segunda-feira, passando por questões relacionadas à organização, como os fiscais de pista, público e o próprio ‘circo’ da F1, que já começara a ser desmontado para ir para a próxima etapa, já no próximo final de semana, na Holanda.

Então a decisão foi por garantir que os pontos seriam dados, mesmo que pela metade. O regulamento prevê que é possível dar pontos aos pilotos assim que o líder completar pelo menos duas voltas, não importando como isso foi feito. E por conta disso Verstappen marcou 12.5 pontos, o segundo colocado George Russell fez 9 e o terceiro, Hamilton, conquistou 7.5. “Três voltas foram completadas porque, assim que os carros entraram de volta no pitlane após a bandeira vermelha, eles cruzaram a linha de chegada”, explicou Masi.

Embora os pilotos tenham concordado que não era aconselhável correr sob condições tão ruins, por falta de segurança, nem todos concordaram com a pontuação. “É meio que uma piada né?”, disse Sebastian Vettel, quinto na corrida. “Se você quiser dar pontos para a classificação, que dê”. Para Hamilton, “a maneira como as coisas foram feitas provam que o dinheiro comanda” a categoria.

Quem não teve motivos para reclamar foi Russell, que acabou subindo ao pódio e comemorando, efetivamente, uma excelente classificação, quando colocou a Williams na segunda colocação no grid sob chuva. “Honestamente, era muito difícil. Mesmo estando em segundo, às vezes eu não conseguia nem ver Max à minha frente. Sinto muito por quem estava assistindo, mas a segurança tem de vir em primeiro lugar. Mas um pódio é um pódio e, em duas semanas, eu provavelmente nem vou lembrar como ele foi conquistado. Claro que é uma sensação estranha. Nunca vivi isso na minha carreira, mas acabamos sendo recompensados por um trabalho incrível que fizemos na classificação.”

Sem previsão de chuva, o GP da Holanda será a próxima etapa da Fórmula 1, dia 5 de setembro.

Podcast No Paddock da F1 com a Ju: Um papo com Castilho de Andrade

A história de Castilho de Andrade se confunde com a da Fórmula 1 no Brasil. Mas ele caiu de pára-quedas na primeira cobertura, indo receber Emerson Fittipaldi no aeroporto após sua primeira vitória, em 1970. O hoje diretor de imprensa do GP de SP conta essa e outras histórias no podcast exclusivo do No Paddock da F1 com a Ju.

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GP da França ao vivo: Turistando na F1

Como é curtir o GP da França ao vivo: as vistas serão deslumbrantes e o vinho também
Foto: Julianne Cerasoli

A organização está trabalhando duro para tornar a experiência de ver o GP da França ao vivo melhor, mas eles têm um problema crônico de acesso. Então, aquela ideia de ver uma sessão na pista e voltar para uma casa alugada com vista para vinhedos consumindo produtos locais pode virar algumas horas de trânsito parando para comer o que der no meio do caminho, até porque tudo fecha cedo. E francês que é francês não vai alterar sua rotina só porque há algumas milhares de pessoas famintas em um evento por perto.

Por isso, é importante saber os macetes de Paul Ricard antes de cair em uma cilada do tipo hospedar-se em Marselha, que é longe, e torcer pelo melhor.

Compre ingresso para: general admission

Como não há nenhuma arquibancada que se destaque e o ingresso de general adminission dá direito a optar por várias áreas, inclusive na chicane da mistral e na entrada da reta principal, este ingresso mais barato pode ser uma boa opção. Assim como em Silverstone, as arquibancadas acabam ficando distantes da pista, a não ser na reta principal, cujos ingressos, é claro, são mais caros.

Hospede-se: na costa

Sanary-sur-Mer Foto: Julianne Cerasoli

Toulon é a cidade maiorzinha mais próxima, mas há várias opções de lugares menores e bem mais charmosos. A dica é ficar na direção da rodovia DN8, pois é ela que será aberta ao público. A que chega a oeste do circuito é reservada para carros credenciados.

Vá de: transporte da organização

A grande preocupação da volta do GP da França especificamente em Paul Ricard é o trânsito, pois existe apenas uma única via de acesso. Então o ideal é utilizar o sistema de vans da própria organização, com paradas nas principais cidades das redondezas. É melhor do que ser um carro a mais aumentando o trânsito, lembrando que a estação de trem mais próxima fica a 20km da pista.

Não perca: as praias

Você estará em uma região conhecida pelo belo visual do mar em pleno verão europeu. Não precisa falar mais nada, não? Tudo bem que às vezes as praias dessa região desapontam brasileiros porque nem sempre são de areia, mas o azul do mar compensa. Um lugar que recomendo fortemente é Cassis, onde dá para fazer trilhas por penhascos e piscinas naturais.

Não é por acaso que Cassis é famosa. Foto: Julianne Cerasoli

Combine com: Mônaco

Para a viagem de F1 ficar completa, por que não dar um pulinho no Principado? Há outras opções interessantes também, como visitar o deslumbrante Parque Nacional do Verdon ou mesmo aproveitar um stopover em Paris. Opções na Provance mesmo, é claro, também não faltam.

Quanto fica ver o GP da França ao vivo?

São 185 dólares do ingresso para o general admission. Na hospedagem, para dá gastar menos de 350 (lembrando que economizar para ficar em um lugar fora de mão ou longe vai sair caro em termos de curtir a experiência. E as passagens saindo de São Paulo em julho, ou seja, em pleno verão europeu, o que encarece bastante, por volta de 900 dólares (havendo a opção de ir a Paris e pegar um trem ou voar para Marselha, Toulon ou mesmo Nice). É um GP que vai ficar acima de 1500 dólares.

Vale a pena ver o GP da França ao vivo?

Ninguém precisa de uma desculpa para visitar esta parte do mundo. Dito isso, a Fórmula 1 é uma ótima desculpa para visitar esta parte do mundo. É só se atentar para a questão do transporte que certamente será uma experiência positiva.

Raio-X do GP da Grã-Bretanha e o líder supresa (por 49 voltas)

Depois que Hamilton fez sua parada, na volta 27, a vantagem em relação ao ritmo da Ferrari ficou clara: era de pelo menos 0s7 por volta, ou seja, mesmo tendo Lando Norris e Valtteri Bottas pelo caminho antes de chegar de novo em Leclerc, os 10s da punição seriam tirados certamente em menos de 20 voltas, e havia 22 para o fim

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Uma batida com cara de aviso

A batida entre Lewis Hamilton e Max Verstappen logo na primeira volta do GP da Grã-Bretanha deu o que falar no paddock da F1 neste domingo em Silverstone. De um lado, o holandês, que teve até que passar pelo hospital após o choque, acusou o rival de “antidesportividade”. De outro, o inglês, que acabou vencendo a prova, citou Ayrton Senna para justificar sua manobra. Pelo discurso do heptacampeão, ficou a impressão de que ele sentiu que esse não era o momento de aliviar contra um piloto conhecido pela agressividade nas lutas por posição após ter tirado o pé nas largadas na Emilia Romagna e na Espanha.

Em termos de campeonato, era o momento propício para uma reação mais forte: o sprint deixou claro que a vantagem da Red Bull na Áustria não se repetiria, e a opção de Hamilton por um acerto com menos asa lhe dava, ao contrário do que acontecera em todas as provas desde a Espanha, mais velocidade de reta, que ele tinha de aproveitar antes que a prova entrasse na fase de administração de pneus, importante debaixo de um calor de 30ºC em Silverstone.

A Verstappen, parece ter faltado calcular justamente isso: ao fazer a tomada normal da Copse, ele provavelmente imaginou que, como das outras vezes, Hamilton recolheria o carro. Mas desta vez seria diferente.

O lance aconteceu ainda na primeira volta da prova: Verstappen largou na pole, mas vinha sofrendo forte pressão de Hamilton até que os dois entraram colados na curva Copse, feita a 280km/h, com Verstappen ainda à frente e Hamilton por dentro. O holandês fez a trajetória da curva deixando o espaço de mais de um carro entre ele e a linha que delimita a pista, como manda a regra, mas Hamilton o tocou com sua roda dianteira esquerda na traseira direita do carro da Red Bull, que rodou e bateu com violência no muro. Com dores nas pernas, Verstappen passou por checagens preventivas no hospital, mas está bem.

Verstappen and Hamilton collide!

The title rivals come together at Copse, pitching Verstappen into a high-speed crash.

The Dutchman was able to walk away but he has been taken to hospital for precautionary checks#BritishGP #F1 pic.twitter.com/ol1s9dRJoa— Formula 1 (@F1) July 18, 2021

A corrida foi paralisada e Hamilton foi punido com 10s, pagos em sua parada nos boxes. Segundo na relargada, ele caiu para quinto após pagar a pena, passou Lando Norris, viu o companheiro Valtteri Bottas abrir passagem e superou Charles Leclerc com duas voltas para o final (com uma manobra na mesma curva em que tentara passar Verstappen na primeira volta) para vencer a corrida, e tirar 25 dos 33 pontos da vantagem de Verstappen no campeonato.

“Não quero vencer batendo com alguém, nunca é minha intenção. Mas estamos em uma corrida e temos de ser agressivos. E, como Ayrton disse, se você não aproveitar o espaço, o que você está fazendo? É melhor nem correr mais. Ele criou um espaço e eu fui, coloquei de lado, e ele não tirou o pé. Corridas são assim. Depois eu segui adiante e aproveitei a oportunidade que eu tive”, disse Hamilton em entrevista à TV Bandeirantes.

O vice-líder do campeonato disse ainda que, em sua opinião, Verstappen “é um dos pilotos mais agressivos do grid, e acho que todos nós temos de equilibrar o espaço que damos e o respeito um com o outro para que possamos continuar disputando sem bater.”

A principal testemunha ocular do acidente foi Valtteri Bottas, que vinha logo atrás dos dois: “Saindo da curva 7, eu tive a sensação de que aquilo iria acontecer. Dava para ver que a disputa? que não acabaria bem. Então eu decidi ficar um pouco distante.”

De fato, Hamilton e Verstappen vinham brigando de maneira forte em um circuito de curvas de alta velocidade. E, pelas palavras do inglês, parecia estar claro em sua cabeça que, desta vez, ele não aliviaria, mesmo sabendo que o rival é famoso pela agressividade nas lutas por posição. A frase de Senna citada por ele é “se você não aproveitar um espaço, não é mais um piloto de corrida”. O espaço havia e, embora Verstappen tenha feito a tomada da curva normalmente, nunca desapareceu totalmente.

É por isso que, no paddock da F1, muitos julgaram a batida como um incidente de corrida, ou seja, um acidente sem necessidade de punição, mas Hamilton foi punido porque havia espaço para ele à sua direita.

Os chefes de Mercedes e Red Bull, como era de se esperar, ficaram do lado de seus pilotos. “É uma situação que todos vimos no passado quando grandes pilotos estão numa disputa. Quando nenhum deles está preparado para ceder, esse tipo de situação acontece”, disse Toto Wolff, enquanto Christian Horner acredita que a punição de 10 segundos saiu barato para Hamilton.

“Eu revi a cena várias vezes e ainda não posso deixar de sentir que colocar uma roda por dentro na Copse, uma das curvas mais rápidas do campeonato, foi uma manobra que Lewis não julgou bem. Ele não estava significativamente do lado de Max, como dá para ver por onde eles bateram, a roda dianteira de Hamilton e traseira de Max. É uma manobra que nunca daria certo e que resultou em um impacto de 51G para Max.”

O holandês, por sua vez, se disse decepcionado com as comemorações de Hamilton. “Estou muito desapontado em ter sido tirado da corrida desta forma. A punição que foi dada não nos ajuda e não é suficiente para a manobra perigosa que Lewis fez na pista. Assistir a comemoração enquanto eu ainda estou no hospital é uma falta de respeito e um comportamento antidesportivo, mas seguimos adiante.”

‘Seguir adiante’ também é uma frase repetida por Hamilton, mas este “adiante” será em um cenário diferente no campeonato: Verstappen chegou a abrir 33 pontos na liderança, mas agora tem apenas oito após o resultado de Silverstone. E isso ajuda a explicar por que Hamilton sentiu que esse era o momento do campeonato para endurecer o jogo para cima do rival. E é difícil imaginar que essa será a última vez que os dois vão se encontrar na pista.

Vídeo: Os erros (Mercedes, Ferrari, Ricciardo) e os acertos (Vettel, Norris) de Mônaco

No vídeo gravado na segunda à tarde em Mônaco (portanto antes de a Ferrari admitir que não checou mesmo o lado esquerdo do carro de Leclerc e que a peça estava quebrada por conta do acidente, e antes de ficar mais claro que o que rolou no pitstop da Mercedes está mais para falha humana do que do equipamento), respondi perguntas vindas lá do Instagram @myf1life sobre o fim de semana ruim da Mercedes e de #Hamilton, a guinada (e o que deu errado também) na #Ferrari, os pontos de #Vettel, o abismo na #McLaren e onde ficam os carros das outras categorias que correm junto com a #F1 em Mônaco

Ah, vira e mexe tem gente que pergunta por que eu não comento muita coisa sobre o vencedor, seja quem for. É porque não teve pergunta mesmo! As únicas no caso do Max nesse GP foram questionando o posicionamento dele na largada, que foi normal.