Podcast No Paddock da F1 com a Ju: Um papo com Castilho de Andrade

A história de Castilho de Andrade se confunde com a da Fórmula 1 no Brasil. Mas ele caiu de pára-quedas na primeira cobertura, indo receber Emerson Fittipaldi no aeroporto após sua primeira vitória, em 1970. O hoje diretor de imprensa do GP de SP conta essa e outras histórias no podcast exclusivo do No Paddock da F1 com a Ju.

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GP da França ao vivo: Turistando na F1

Como é curtir o GP da França ao vivo: as vistas serão deslumbrantes e o vinho também
Foto: Julianne Cerasoli

A organização está trabalhando duro para tornar a experiência de ver o GP da França ao vivo melhor, mas eles têm um problema crônico de acesso. Então, aquela ideia de ver uma sessão na pista e voltar para uma casa alugada com vista para vinhedos consumindo produtos locais pode virar algumas horas de trânsito parando para comer o que der no meio do caminho, até porque tudo fecha cedo. E francês que é francês não vai alterar sua rotina só porque há algumas milhares de pessoas famintas em um evento por perto.

Por isso, é importante saber os macetes de Paul Ricard antes de cair em uma cilada do tipo hospedar-se em Marselha, que é longe, e torcer pelo melhor.

Compre ingresso para: general admission

Como não há nenhuma arquibancada que se destaque e o ingresso de general adminission dá direito a optar por várias áreas, inclusive na chicane da mistral e na entrada da reta principal, este ingresso mais barato pode ser uma boa opção. Assim como em Silverstone, as arquibancadas acabam ficando distantes da pista, a não ser na reta principal, cujos ingressos, é claro, são mais caros.

Hospede-se: na costa

Sanary-sur-Mer Foto: Julianne Cerasoli

Toulon é a cidade maiorzinha mais próxima, mas há várias opções de lugares menores e bem mais charmosos. A dica é ficar na direção da rodovia DN8, pois é ela que será aberta ao público. A que chega a oeste do circuito é reservada para carros credenciados.

Vá de: transporte da organização

A grande preocupação da volta do GP da França especificamente em Paul Ricard é o trânsito, pois existe apenas uma única via de acesso. Então o ideal é utilizar o sistema de vans da própria organização, com paradas nas principais cidades das redondezas. É melhor do que ser um carro a mais aumentando o trânsito, lembrando que a estação de trem mais próxima fica a 20km da pista.

Não perca: as praias

Você estará em uma região conhecida pelo belo visual do mar em pleno verão europeu. Não precisa falar mais nada, não? Tudo bem que às vezes as praias dessa região desapontam brasileiros porque nem sempre são de areia, mas o azul do mar compensa. Um lugar que recomendo fortemente é Cassis, onde dá para fazer trilhas por penhascos e piscinas naturais.

Não é por acaso que Cassis é famosa. Foto: Julianne Cerasoli

Combine com: Mônaco

Para a viagem de F1 ficar completa, por que não dar um pulinho no Principado? Há outras opções interessantes também, como visitar o deslumbrante Parque Nacional do Verdon ou mesmo aproveitar um stopover em Paris. Opções na Provance mesmo, é claro, também não faltam.

Quanto fica ver o GP da França ao vivo?

São 185 dólares do ingresso para o general admission. Na hospedagem, para dá gastar menos de 350 (lembrando que economizar para ficar em um lugar fora de mão ou longe vai sair caro em termos de curtir a experiência. E as passagens saindo de São Paulo em julho, ou seja, em pleno verão europeu, o que encarece bastante, por volta de 900 dólares (havendo a opção de ir a Paris e pegar um trem ou voar para Marselha, Toulon ou mesmo Nice). É um GP que vai ficar acima de 1500 dólares.

Vale a pena ver o GP da França ao vivo?

Ninguém precisa de uma desculpa para visitar esta parte do mundo. Dito isso, a Fórmula 1 é uma ótima desculpa para visitar esta parte do mundo. É só se atentar para a questão do transporte que certamente será uma experiência positiva.

Raio-X do GP da Grã-Bretanha e o líder supresa (por 49 voltas)

Depois que Hamilton fez sua parada, na volta 27, a vantagem em relação ao ritmo da Ferrari ficou clara: era de pelo menos 0s7 por volta, ou seja, mesmo tendo Lando Norris e Valtteri Bottas pelo caminho antes de chegar de novo em Leclerc, os 10s da punição seriam tirados certamente em menos de 20 voltas, e havia 22 para o fim

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Uma batida com cara de aviso

A batida entre Lewis Hamilton e Max Verstappen logo na primeira volta do GP da Grã-Bretanha deu o que falar no paddock da F1 neste domingo em Silverstone. De um lado, o holandês, que teve até que passar pelo hospital após o choque, acusou o rival de “antidesportividade”. De outro, o inglês, que acabou vencendo a prova, citou Ayrton Senna para justificar sua manobra. Pelo discurso do heptacampeão, ficou a impressão de que ele sentiu que esse não era o momento de aliviar contra um piloto conhecido pela agressividade nas lutas por posição após ter tirado o pé nas largadas na Emilia Romagna e na Espanha.

Em termos de campeonato, era o momento propício para uma reação mais forte: o sprint deixou claro que a vantagem da Red Bull na Áustria não se repetiria, e a opção de Hamilton por um acerto com menos asa lhe dava, ao contrário do que acontecera em todas as provas desde a Espanha, mais velocidade de reta, que ele tinha de aproveitar antes que a prova entrasse na fase de administração de pneus, importante debaixo de um calor de 30ºC em Silverstone.

A Verstappen, parece ter faltado calcular justamente isso: ao fazer a tomada normal da Copse, ele provavelmente imaginou que, como das outras vezes, Hamilton recolheria o carro. Mas desta vez seria diferente.

O lance aconteceu ainda na primeira volta da prova: Verstappen largou na pole, mas vinha sofrendo forte pressão de Hamilton até que os dois entraram colados na curva Copse, feita a 280km/h, com Verstappen ainda à frente e Hamilton por dentro. O holandês fez a trajetória da curva deixando o espaço de mais de um carro entre ele e a linha que delimita a pista, como manda a regra, mas Hamilton o tocou com sua roda dianteira esquerda na traseira direita do carro da Red Bull, que rodou e bateu com violência no muro. Com dores nas pernas, Verstappen passou por checagens preventivas no hospital, mas está bem.

Verstappen and Hamilton collide!

The title rivals come together at Copse, pitching Verstappen into a high-speed crash.

The Dutchman was able to walk away but he has been taken to hospital for precautionary checks#BritishGP #F1 pic.twitter.com/ol1s9dRJoa— Formula 1 (@F1) July 18, 2021

A corrida foi paralisada e Hamilton foi punido com 10s, pagos em sua parada nos boxes. Segundo na relargada, ele caiu para quinto após pagar a pena, passou Lando Norris, viu o companheiro Valtteri Bottas abrir passagem e superou Charles Leclerc com duas voltas para o final (com uma manobra na mesma curva em que tentara passar Verstappen na primeira volta) para vencer a corrida, e tirar 25 dos 33 pontos da vantagem de Verstappen no campeonato.

“Não quero vencer batendo com alguém, nunca é minha intenção. Mas estamos em uma corrida e temos de ser agressivos. E, como Ayrton disse, se você não aproveitar o espaço, o que você está fazendo? É melhor nem correr mais. Ele criou um espaço e eu fui, coloquei de lado, e ele não tirou o pé. Corridas são assim. Depois eu segui adiante e aproveitei a oportunidade que eu tive”, disse Hamilton em entrevista à TV Bandeirantes.

O vice-líder do campeonato disse ainda que, em sua opinião, Verstappen “é um dos pilotos mais agressivos do grid, e acho que todos nós temos de equilibrar o espaço que damos e o respeito um com o outro para que possamos continuar disputando sem bater.”

A principal testemunha ocular do acidente foi Valtteri Bottas, que vinha logo atrás dos dois: “Saindo da curva 7, eu tive a sensação de que aquilo iria acontecer. Dava para ver que a disputa? que não acabaria bem. Então eu decidi ficar um pouco distante.”

De fato, Hamilton e Verstappen vinham brigando de maneira forte em um circuito de curvas de alta velocidade. E, pelas palavras do inglês, parecia estar claro em sua cabeça que, desta vez, ele não aliviaria, mesmo sabendo que o rival é famoso pela agressividade nas lutas por posição. A frase de Senna citada por ele é “se você não aproveitar um espaço, não é mais um piloto de corrida”. O espaço havia e, embora Verstappen tenha feito a tomada da curva normalmente, nunca desapareceu totalmente.

É por isso que, no paddock da F1, muitos julgaram a batida como um incidente de corrida, ou seja, um acidente sem necessidade de punição, mas Hamilton foi punido porque havia espaço para ele à sua direita.

Os chefes de Mercedes e Red Bull, como era de se esperar, ficaram do lado de seus pilotos. “É uma situação que todos vimos no passado quando grandes pilotos estão numa disputa. Quando nenhum deles está preparado para ceder, esse tipo de situação acontece”, disse Toto Wolff, enquanto Christian Horner acredita que a punição de 10 segundos saiu barato para Hamilton.

“Eu revi a cena várias vezes e ainda não posso deixar de sentir que colocar uma roda por dentro na Copse, uma das curvas mais rápidas do campeonato, foi uma manobra que Lewis não julgou bem. Ele não estava significativamente do lado de Max, como dá para ver por onde eles bateram, a roda dianteira de Hamilton e traseira de Max. É uma manobra que nunca daria certo e que resultou em um impacto de 51G para Max.”

O holandês, por sua vez, se disse decepcionado com as comemorações de Hamilton. “Estou muito desapontado em ter sido tirado da corrida desta forma. A punição que foi dada não nos ajuda e não é suficiente para a manobra perigosa que Lewis fez na pista. Assistir a comemoração enquanto eu ainda estou no hospital é uma falta de respeito e um comportamento antidesportivo, mas seguimos adiante.”

‘Seguir adiante’ também é uma frase repetida por Hamilton, mas este “adiante” será em um cenário diferente no campeonato: Verstappen chegou a abrir 33 pontos na liderança, mas agora tem apenas oito após o resultado de Silverstone. E isso ajuda a explicar por que Hamilton sentiu que esse era o momento do campeonato para endurecer o jogo para cima do rival. E é difícil imaginar que essa será a última vez que os dois vão se encontrar na pista.

Vídeo: Os erros (Mercedes, Ferrari, Ricciardo) e os acertos (Vettel, Norris) de Mônaco

No vídeo gravado na segunda à tarde em Mônaco (portanto antes de a Ferrari admitir que não checou mesmo o lado esquerdo do carro de Leclerc e que a peça estava quebrada por conta do acidente, e antes de ficar mais claro que o que rolou no pitstop da Mercedes está mais para falha humana do que do equipamento), respondi perguntas vindas lá do Instagram @myf1life sobre o fim de semana ruim da Mercedes e de #Hamilton, a guinada (e o que deu errado também) na #Ferrari, os pontos de #Vettel, o abismo na #McLaren e onde ficam os carros das outras categorias que correm junto com a #F1 em Mônaco

Ah, vira e mexe tem gente que pergunta por que eu não comento muita coisa sobre o vencedor, seja quem for. É porque não teve pergunta mesmo! As únicas no caso do Max nesse GP foram questionando o posicionamento dele na largada, que foi normal.

O papel da asa da Red Bull na estratégia do GP da Espanha

Sabe-se algumas coisas sobre o Circuito da Catalunha: é preciso uma diferença de pelo menos 1s2 entre dois carros para haver uma ultrapassagem – mais do que o normal – e é muito difícil seguir um rival de perto sem perder rendimento. Então, se o piloto permanece, volta após volta, a menos de 3s de você, é indicativo de que ele tem mais ritmo

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Estratégia do GP de Portugal e por que ele foi uma prova rara na F1

Há basicamente três tipos de corrida em pista seca na F1. Aquelas provas estratégicas, em que você tem de esperar até o final para ter alguma emoção. Aquelas provas (que andam raras na F1) em que o desgaste de pneus não é uma preocupação tão grande e os pilotos podem ter lutar mais francas até que as posições se acomodem respeitando o ritmo de cada carro. E as procissões em que nada disso acontece

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Drops do GP de Portugal e as lombares dos ‘senhores’

Foto: Julianne Cerasoli

O roteiro do GP de Portugal foi muito parecido com o do ano passado. Quando chegaram, os pilotos estavam animados pelo ar de montanha-russa da pista. Depois de andarem nela, começaram a reclamar da falta de aderência (como se estivessem surpreendidos por ela). Mas, no final, o saldo é muito positivo, principalmente para nós, pois poucas vezes no campeonato vemos os pilotos sendo tão desafiados como principalmente na classificação. 

A Fórmula 1 já percebeu isso, mas há um obstáculo importante para Portugal fazer parte do calendário de vez: o acesso. O trânsito foi um grande problema ano passado – para quem trabalha na categoria e também para quem veio assistir, claro – e seria um entrave pensando no futuro. Isso, é claro, se o promotor tiver uns 20 milhões de dólares para investir em anos normais.

Já a pista parece ser um desafio também físico. Notei que vários pilotos estavam com a mão na lombar e tentavam alongar as costas no cercadinho após a corrida. Fui perguntar ao Lando, que é um cara que dá para você abordar fora de entrevista mais de boa, e ele disse que tem um ponto de baixada forte no terceiro setor em que você sente bastante a compressão na lombar, mas para ele não era um problema. “Tinha gente sentindo as costas?”, perguntou ele. Eu disse que eram os mais velhos, tipo o companheiro dele. Ele achou graça, claro.

Lembra que falei da minha vida de quarentena, já que é preciso isolar-se por 10 dias (para equipes e quem trabalha para a Liberty e tem uma situação especial, são cinco) quando se volta para a Inglaterra? Bom, o que a gente apelidou de ‘polícia da covid’ te liga todo dia para checar se você está em casa. Se você não atende por três vezes, eles batem na sua porta (ainda que eu imagine que eles também façam rondas aleatórias). Adivinha quem recebeu uma visitinha da polícia em casa? Ninguém menos que Ross Brawn.

Falando em covid, não tem um GP que alguém não venha perguntar para nós sobre a situação do Brasil. Desta vez foi Valtteri Bottas, querendo saber se tínhamos voltado para aí – eu não, desde o GP em 2019, a Mari sim, no Natal do ano passado – e ficou muito preocupado quando dissemos que nosso Facebook é um misto de despedidas e gente que perdeu o emprego. 

Valtteri, aliás, chegou desejando um feliz aniversário à Mariana, alertado por seu treinador Antti Vierula, que estava tomando café da manhã do nosso lado quando chegamos de surpresa com os balões de 50 (o zero um pouco caidinho depois que rasguei uma parte…). Como foi o único que veio falar parabéns (para vocês verem com o pessoal da F1 é simpático), ganhou bolo e foi apresentado ao brigadeiro! Fiquei com a impressão de que ele achou muito doce e não vai entrar no fã clube do brigadeiro, cujo presidente é Ricciardo.

Essa dupla batendo papo pelo segundo fim de semana seguido… Foto: Julianne Cerasoli

No paddock, Sainz tentou minar a confiança de Pierre Gasly quando ele estava prestes a fazer o desafio da TV espanhola de adivinhar as pistas pelo tato, de olhos fechados. E funcionou. Para quem não está acompanhando a história, vale dar um pulinho nos drops do GP do Bahrein. O pobre Gasly se perdeu logo no seu primeiro circuito, porque tentou adivinhar justamente a pista do Bahrein, mas foi na direção errada com a mão. Sainz segue como líder absoluto.

Sobre aquela briga dos bastidores para tentar liberar algumas mudanças para os carros com rake baixo, até mesmo a Aston Martin já está reconhecendo a derrota. Muita coisa está sendo feita para melhorar o carro. Mas dá para perceber que a equipe já está meio que entregando os pontos e focando mesmo é em começar com uma página em branco ano que vem, já que tudo o que tem sido tentado não traz um resultado significativo. Vettel, por sua vez, tem trabalhado muito para ajudar a equipe – realmente não dá para dizer que falta de interesse ali!

Uma nota triste para encerrar: o carro da Haas tinha uma homenagem ao mecânico Martin Shepherd, que morreu aos 25 anos. Ele sofreu um acidente de moto ainda em 2019, e não conseguiu se recuperar. Na quinta-feira, inclusive, todos os mecânicos do paddock se reuniram para fazer uma homenagem ao jovem colega.