Em nove anos trabalhando com automobilismo, nunca tinha tido a experiência de cobrir in loco a morte de um piloto. Na sala de imprensa, o único barulho que se ouvia era o bater das teclas dos computadores, tamanho o silêncio que tomou conta do ambiente quando foi confirmada a morte de Anthoine Hubert. Antes do comunicado oficial, tínhamos algumas escolhas difíceis a fazer: como nenhum replay do acidente foi mostrado, a corrida foi cancelada, as equipes começaram a cancelar seus compromissos de mídia, e o resgate demorou muito para conseguir retirar os pilotos, tudo apontava para a pior notícia possível. “O melhor a fazer é deixar pronto o obituário, não?”, me dizia um colega entre um suspiro e outro.
Só depois de um tempo comecei a refletir sobre quem era Anthoine. Era o garoto de sorriso fácil, tímido, querido por todos que conheci quando passei o dia com os pilotos do programa da Renault, há menos de dois meses. Aquele que Caio Collet me contou naquele dia que fora quem o recebeu no programa com os braços mais abertos. O mesmo que tinha gerado uma grande festa ao vencer em casa em Paul Ricard um pouco antes disso. Que cantou a Marselhesa do começo ao fim quando recebeu o troféu pelo título da GP3, contagiando todo mundo.
Era amigo de Esteban, Pierre e Charles. Os mesmos que perderam, não há muito tempo, sua grande referência.
Quando o acidente aconteceu, eu estava entrevistando Lewis, e estávamos ao lado de um telão. A batida logo chamou a atenção dele, que parou de falar. Todos paramos. Quando ele olhou para mim novamente, nem lembrava onde tinha parado. Só agradeci e a entrevista parou por ali. Tinha perguntado sobre a queda de temperatura que era esperada para domingo. Não importava mais.
Antes do acidente, pairava um ar de desânimo no paddock. Campeonato bem encaminhado, mercado de pilotos mais ainda, calendário definido. Não sobrou muita coisa para se comentar sobre os bastidores depois dos anúncios – todos eles mais do que esperados – e até coisa pequena virou notícia. Como o fã bêbado que tentou tirar o óculos de Kimi Raikkonen e acabou empurrado pelo piloto. Na imprensa finlandesa, disseram que Mika Salo veio ajudar o compatriota, mas ele só viu o incidente de longe. Sim, estava faltando assunto mesmo!
Tanto, que uma história vem ganhando fôlego. Sebastian Vettel teria uma cláusula no seu contrato que o liberaria no final de setembro caso a Ferrari esteja atrás da Red Bull no campeonato. E esse seria o motivo pelo qual a Red Bull mudou de opinião sobre a permanência de Gasly – que foi garantida ao piloto na Hungria – e decidiu promover Albon, confiante de que o carro deve estar no pódio daqui em diante.
Existe, de fato, interesse do lado da Red Bull, como Horner disse em Spa, mas não entendo por que um retorno valeria a pena para Vettel, cujo objetivo é ser campeão pela Ferrari. De qualquer jeito, ele já surpreendeu o paddock uma vez, quando fechou com a Scuderia em outubro. Por isso ninguém duvida que ele poderia fazer isso de novo.
Falando sobre as vagas que, de fato, estão abertas, a indefinição é total na Red Bull-Toro Rosso, embora Horner tenha dito que não está de olho em ninguém das categorias de base e não vê a Red Bull contratando alguém de fora. A briga para ver quem será companheiro de Verstappen, contudo, parece 100% aberta.
Na Williams, a vaga de Kubica deve ficar com Latifi. Na Alfa, a vaga de Giovinazzi é uma indicação da Ferrari, que tem como o próximo piloto na linha de sucessão Mick Schumacher – além de outros que não estão vingando na F-2. Mick só tem meia temporada de experiência com os pneus Pirelli e ainda seria cedo promovê-lo (ainda que pareça uma questão de tempo, sem importar os resultados que ele tiver).
Por isso, a vaga que gera mais especulação é na Haas, onde Steiner disse que a briga está entre Grosjean e Hulkenberg. Desde que a transferência de Ocon para a Renault começou a ser dada como certa no paddock, no GP da França, Steiner vem falando em off que tem interesse no alemão, mas não queria iniciar as conversas para não ter que pagar o que ele quisesse.
Grosjean já começou a jogar, relembrando uma briga entre Hulkenberg e Magnussen no passado, quando o dinamarquês falou que o alemão, se estivesse incomodado, poderia chupar as bolas dele. Na época, Steiner gostou tanto da história que até comprou a camiseta com a frase. Tomara que isso não chegue aos ouvidos de Hulk, que deixou bem claro seu “amor” por aquele que pode ser seu futuro companheiro de equipe. “Bom, você não precisa gostar do seu companheiro”, respondeu quando perguntado sobre a possibilidade.
Falando em mercado, foi no sábado antes de Spa, de manhã, que Bottas abriu seu email e viu seu contrato, prontinho para ele assinar. Foi logo às vésperas da sua festa de aniversário, que foi na terça-feira. Imagina se o tal email tivesse parado no spam…